Texto 2. Consciência e Julgamento Moral.
Freqüentemente, em nosso cotidiano, nos encontramos
diante de situações as quais nossa decisão depende daquilo que consideramos
bom, justo ou moralmente correto. Em outras palavras, nos deparamos com
situações que exigem posicionamento entre o que consideramos certo ou errado.
Há coisas que convém que costumamos dizer que é “bom”,
outras que não nos convém, que dizemos que é “mau”. Saber o que nos convém, ou
seja, distinguir entre o bom e o mau, é um conhecimento que todos nós tentamos
adquirir. E toda vez que isso ocorre, estamos diante de uma decisão que envolve
um julgamento moral da realidade que nos cerca, a partir da qual vamos nos
orientar.
Observando a natureza podemos perceber Castores
construindo diques nos rios e abelhas em colméias fabricando o mel. Por que
abelhas não constroem diques? Por que castores não fabricam o mel? Tanto os
castores como as abelhas são determinadas a agir dessa ou daquela forma. Eles
são animais que seguem determinados instintos. A abelha não se pergunta se está
ou não com vontade de fazer o mel, ela simplesmente faz. Trabalhar várias horas
por dia sem descanso pode nos causar mal, mas as abelhas e as formigas
operárias não se importam com isso, porque faz parte de seu instinto, da sua
essência. Já o homem pode chegar ao bom senso e dar uma pausa para o descanso.
O homem é um animal diferente, é o único que pode dizer SIM ou NÃO para
determinadas situações que vivencia. O homem tem escolhas. Pode escolher o que
fazer e o que não quer fazer. Por essa razão dizemos que o homem é livre. E é
também por essa razão que dizemos que o homem tem responsabilidade.
Escreve Aristóteles na sua obra A Política:
“A característica específica do homem em comparação
com os outros animais é que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do
justo e do injusto e de outras qualidades morais.”
O homem age no mundo de acordo com suas escolhas. Essas
escolhas são feitas por se considerar determinados valores, que são, por sua
vez, determinados de acordo com as noções de “Bom” e de “Justo” que os homens
compartilham em um determinado momento.
Em outras palavras, o homem é um ser moral, um ser que
avalia sua ação a partir de valores. Nossa ação, a nossa maneira de agira, são
baseados em regras; em leis que refletem esses valores (benignidade, amor,
justiça etc...).
Dessa forma, nossas ações refletem os valores éticos e
morais de uma sociedade, mas sempre gerando um senso de RESPONSABILIDADE.
A palavra Ética tem sua origem em dois termos gregos:
Éthos (etos) = Hábitos, usos
e costumes.
Ethikós ou êthos (ethikos) = Que traduz
a idéia de índole pessoal, de caráter.
A Moral tem sua origem no termo latino More, Morus, que assim como o termo
grego etos, significa hábito, usos e costumes.
Embora parecidos, Moral e Ética não são a mesma coisa.
A moral é conjunto de normas que orientam o comportamento humano tendo como
base os valores próprios a uma dada sociedade, quase sempre difundidas pela
cultura.
Como comunidades humanas são distintas entre si, os
valores também podem ser distintos de uma comunidade para outro, conforma a
cultura, o que por sua vez, origina códigos morais diferentes.
A Ética, por sua vez, é a disciplina filosófica que
busca refletir sobre os sistemas morais elaborados pelo homem, buscando
compreender a fundamentação das normas e interdições próprias a cada sistema
moral.
Assim, podemos dizer que a Moral ocorre no âmbito
coletivo, enquanto a ética ocorre no âmbito individual, sendo ela singular a
cada sujeito.
Para entender melhor as terminologias:
Moral: Mantém a ideia grega de Costumes e hábitos (etos) e traz consigo os valores construídos por esses costumes.
Ética: Além da reflexão acerca da moral, ela mantém o
significado grego de Ethikós ((ethikos), como caráter, índole pessoal. Dessa forma, uma
pessoa ética é aquela que reflete sobre os valores morais e segue seus
preceitos procurando agir da melhor forma na sociedade.
Consciência
Lógica e Consciência Moral:
Dentre as diferenças existentes entre os homens e os
animais, a Consciência é o que mais
se caracteriza. É a consciência que
permite o desenvolvimento do saber e de toda essa racionalidade que se empenha
em distinguir o verdadeiro do falso. A esta, chamamos de consciência lógica, ou
seja, aquela que nos permite raciocinar por intermédio de critérios válidos
nossa realidade.
Além
dessa consciência lógica, o ser humano possui também uma consciência moral. A
consciência moral é a faculdade de observar a sua própria conduta e formular
juízos sobre os seus atos. Dessa forma, depois de julgar, o homem tem condições
de escolher dentre as circunstancias possíveis e realizar o próprio caminho na
vida. Nós escolhemos sermos éticos, nós é que possuímos a possibilidade
avaliativa de discernir sobre o certo e o errado e, portanto, responsabilidade
acerca de nossas escolhas.
Saber arcar com as conseqüências de nossos atos
demonstra caráter e determinação. Saber agir conforme o que é certo é ser
virtuoso, correto, e não importa a realidade que vivenciamos, agir corretamente
visando o bem nunca estará fora de moda.
Se partirmos da premissa que somos livres para
escolher tornamo-nos responsáveis pelo que praticamos. É essa liberdade que pode ser julgada pela
Consciência Moral.
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