Consciência Ambiental e Consciência Moral
Prof. Maicon
Martta
Muitas
vezes pensamos em coisas que nos deixam tristes, preocupados e até mesmo sem
esperanças em relação ao próprio destino da humanidade. Não é ser dramático e
muito menos trágico. Quisera eu que as pessoas trouxessem de volta a
tragicidade grega, a profundidade estética e a relevância do próprio pensar...
Mas, os tempos são outros. Vivemos uma época de consumismo, de descrédito na
política, na educação e, de certa forma, em nós mesmos. Vivemos em uma época em
que nossos heróis dominam bolas de futebol como ninguém, mas que não sabem
falar corretamente. Vivemos em uma época em que fazer o certo é motivo de
deboche, de riso, de descrédito e o errado é motivo de admiração e aceitação
pela maioria.
Nossa
política é vista de forma negativa por nós mesmos e pelos demais países do
mundo, mas, ao invés de fazer com que o brasileiro se torne mais politizado e
mais crítico, faz apenas com que ele se dê risada e aceite as coisas como elas
são. Vivemos uma democracia em que esquecemos que quem tem o poder somos nós, e
que por mais absurdo que seja, o voto é obrigatório, dando margem para a
corrupção e o afastamento do brasileiro da própria política. Possuímos o poder
nas mãos, mas parece que apenas poucos sabem que possuem e esses poucos não
consegue força para lutar e mudar tudo o que acontece.
Mas
ao pensar em tudo isso eu vejo um vilão. Não é uma pessoa, um governante ou um
líder mundial. É um velho senhor, que desde muito tempo vem assombrando e
moldando toda a nossa condição de vida: é o Sr. Mercado acompanhado da sua
Senhora Economia. Eles dominaram tudo e determinaram toda a condição social e
configuração social atual. Desde a Revolução Industrial ele chamou para si toda
a autonomia e poder. E a partir dali as nações só fizeram seu jogo sujo.
Guerras são justificadas pelo seu nome, exclusão social, violência e até mesmo
os tão preocupantes problemas ambientais. A Economia se institucionalizou como
norma moral. A partir disso ela determina a nossa ação. O que faz com que os
problemas ambientais sejam agravados exponencialmente.
O
Mercado, este vilão mascarado, que usa a ostentação a seu favor, fez com que o homem
contemporâneo criasse novas necessidades, que se pararmos para pensar, não são
tão necessárias assim. Com o auxílio da mídia e o marketing de crédito, o homem
criou uma nova sociedade: a sociedade de consumo. Essa sociedade cria estereótipos
e padrões de beleza e com isso cria uma política do Ter que sobressaí a
política do Ser.
É
por causa desse Mercado e dessa Economia que existe corrupção. É por causa da
busca do lucro que nossas ações, por vezes e na maioria das vezes, se tornam escrupulosa.
Atrás de lucro, procuramos o aumento produtivo o que só é possível através da
transformação da natureza, na exploração de novas matérias primas e novas
fontes energéticas. Tem sido assim desde a Primeira Revolução Industrial e, não
obstante os discursos sobre a sustentabilidade, não há interesse algum das
grandes corporações de deixar de ganhar (lucrar) em pró do meio ambiente.
Esse
pensamento que tem me deixado triste. Este pensamento que tem me deixado
preocupado. Consumimos sem perceber que nossa ação é prejudicial ao meio
ambiente. E fazemos isso pelo simples fato de que sempre fizemos assim. Em
outras palavras, para nós é natural consumir sem se perguntar sobre estas
questões. Nossa consciência moral não nos acusa sobre esses atos, uma vez que a
economia se tornou parte da nossa moral.
Há
inúmeras campanhas de conscientização, mas todas elas são inocentes e infantis
se pensarmos no poder das grandes corporações e das grandes empresas que monopolizam
os recursos energéticos de maior potencial, que são os fósseis. A utilização da
energia eólica ainda é pequena se comparada a utilização de outras fontes
energéticas e mesmo em grande quantidade o potencial energético é inferior e o
custo mais caro.
Ouvimos
falar de reutilização, reciclagem e redução de consumo, aprovamos essa ideia,
mas nós mesmos não fazemos. Isso implica uma questão ética se levarmos em conta
o conhecimento do problema que enfrentamos atualmente. Vivemos uma época em que
o Planeta Terra pede socorro, mas esse grito de socorro é abafado pela
propaganda e pela tagarelice dos interesses políticos que sobressaem a esse
problema tão sério, porque representa também um interesse econômico. Atitudes
simples como a economia no uso da energia elétrica, jogar o lixo no lixo,
reciclagem, reutilização de certos produtos para que não se utilize novas
matérias primas parecem ser tão fáceis de fazer, mas parece que a maioria das
pessoas ainda encontra resistência ao praticar essas medidas. Seria um problema
cultural? Um problema ético? Um problema moral? É tudo isso junto.
É
um problema cultural porque existem ainda culturas e sociedades que tem a
mentalidade presa apenas no local que não consegue perceber a realidade de um
ponto de vista cosmopolita, fazendo de suas atitudes verdades incontestáveis,
mesmo quando são abomináveis. É o exemplo das práticas tradicionais agrícolas,
como a agricultura itinerante. Também é o caso das pessoas menos escolarizadas
que não conseguem perceber que simples atitudes podem representar muito no
final. É um problema ético, porque aqueles poucos esclarecidos que conhecem a
situação e sabem o que devem fazer escolhem, deliberadamente, não fazer nada a
respeito. Isso pode ser por causa de hábitos e costumes, mas, na maioria das
vezes, é simplesmente por preguiça. As pessoas tem preguiça de fazer o certo,
de jogar o lixo no lixo, de economizar água, luz, de separar seu lixo. Tem
preguiça de sair da sua zona de conforto e mudar seus hábitos de consumo. Mas é
natural, afinal quem tem mais quer sempre mais e quem tem menos quer pelo menos
alguma coisa. E, finalmente é um problema moral, porque a economia se
institucionalizou como valor moral. Ela acaba determinando as nossas ações em
pró desse mecanismo de consumo. Ela cria hábitos novos, novas necessidades e,
com isso, faz com que o homem considere tudo isso normal.
As
novas gerações se deparam com essa sociedade já formada. Elas apenas interagem
no mesmo ritmo. E tudo o que é adverso a esse modus vivendi é duvidoso, ruim e até mesmo perigoso. As pessoas
trocam de celular a cada novo modelo que sai da mesma forma, trocam de carro e
tudo isso é feito sem pensar. E o mundo continua pedindo socorro, mas nós só
ouvimos a propaganda, não escutamos mais os gritos estrangulados do nosso
planeta. A consciência ambiental existe, assim como a consciência moral, no
entanto, a nossa ética não permite a efetivação de uma política para esse
sentido. A economia não deixa, infelizmente.
Fica
a reflexão que o poder está ainda em nossas mãos, tanto para os problemas
políticos do Brasil, quanto para os problemas ambientais. Nossa democracia
representativa permite que escolhamos pessoas através do voto para nos
representar, o que nos torna patrões, se acompanharmos devidamente os eventos
políticos. Junto com a reflexão, fica também o apelo. Vamos nos politizar, e
vamos acabar com a vergonha da corrupção e vamos pensar no meio ambiente como
seres que fazem parte da natureza e não que estão fora dela. Este é meu apelo.
Em
anexo, tirado do site do Greenpeace Brasil,
posto 30 motivos para preservar as florestas do Brasil, e com isso, mais um
apelo, assine a petição e torna-se também parte da Liga das Florestas.
Abraço a todos !
30
Motivos para preservar as flores do Brasil:
- O Brasil abriga 20% de todas as espécies do
planeta.
- O mundo perde 27.000 espécies por ano.
- A Amazônia ocupa metade do Brasil e abriga 2/3
de todo o remanescente florestal brasileiro atual.
- O Brasil detém 12% das reservas hídricas do
planeta.
- Já perdemos cerca de 20% da Amazônia, o limite
estabelecido pela lei.
- Na mata atlântica, bioma de mais longa
ocupação no Brasil, 93% já foi perdido.
- Mesmo quase totalmente desmatado, ainda tem
gente que ataca a mata atlântica: a taxa média de desmatamento de 2002 a
2008 foi equivalente a 45 mil campos de futebol por ano.
- Perdemos 48% do cerrado.
- Perdemos 45% da caatinga.
- Entre 2002 e 2008, a área destruída no cerrado
foi equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol por ano. Na caatinga, a
300 mil campos.
- Perdemos 53% dos pampas.
- Entre 2002 a 2008 é equivalente a 4 mil campos
de futebol por ano nos pampas.
- Perdemos 15% do Pantanal.
- Por ano, perde-se 713 km2 de Pantanal.
- Se mantivermos as taxas de desmatamento
registradas até 2008 em todos os biomas, perderemos o equivalente a três
Estados de São Paulo até 2030.
- O Brasil é o 4º maior emissor de gases de
efeito estufa, que provocam o aquecimento global, principalmente porque
desmatamos muito.
- 61% das nossas emissões vêm do desmatamento e
queima de florestas nativas.
- A expansão pecuária na Amazônia é, sozinha,
responsável por 5% das emissões de gases-estufa em todo o mundo.
- Mudanças climáticas impactam diretamente as
cidades brasileiras. Catástrofes como os que vimos no Rio no início do ano
serão comuns. Preservar as florestas ajuda a regular o clima e proteger as
populações.
- Mudanças climáticas impactam diretamente a
agricultura. A Embrapa, por exemplo, prevê desertificação do sertão
nordestino e impacto nas principais commodities brasileiras, como soja e
café; os mais pobres sofrem mais.
- Saltamos de uma taxa de 27 mil km2 de
desmatamento na Amazônia em 2004 para menos de 7 mil em 2010. É possível
zerar essa conta!
- Empresas que comercializam soja no Brasil são
comprometidas, desde 2006, a não comprar de quem desmata na Amazônia. A
produção não foi afetada e o mercado pede por produtos desvinculados da
destruição da floresta.
- Os maiores frigoríficos brasileiros anunciaram
em 2009 que não compram de quem desmata na Amazônia. O mercado não quer
mais desmatamento.
- O Brasil pode dobrar sua área agrícola sem
desmatar, ocupando áreas de pasto ou abandonadas.
- 60% da vegetação nativa do Brasil está contida
nas reservas legais – instrumento de preservação do Código Florestal que
os ruralistas tentam acabar.
- A pecuária ocupa cerca de 200 milhões de
hectares, quase ¼ de todo o Brasil. Boi ocupa mais espaço que gente. E
isso porque a produtividade da pecuária no Brasil é muito baixa: 1 boi por
hectare. Dá para triplicar o rebanho sem desmatar.
- Um terço de todo o rebanho bovino brasileiro
está na Amazônia, onde 80% da área desmatada é ocupada com bois. Ali há
22,4 milhões de hectares de pastagens abandonadas e degradadas, ou uma
Grã-Bretanha, que poderiam ser reaproveitadas. Só não são porque derrubar
é mais barato.
- Mais de 70% das espécies agrícolas cultivadas
dependem de polinizadores, que por sua vez dependem da natureza em
equilíbrio. A FAO calcula que esse serviço prestado pelos insetos é equivalente
a € 150 bilhões (R$ 345 bilhões), ou 10% produto agrícola mundial.
- O Código Florestal surgiu em 1934 e foi
renovado em 1965, por técnicos e engenheiros ligados ao Ministério da
Agricultura. É uma lei nacional, feita para proteger os recursos naturais
em benefício de todos. Ele precisa ser fortalecido em sua missão.
- Num cenário de desmatamento zero, a
agricultura familiar teria tratamento diferenciado. Isso porque, a
despeito de ocupar apenas 25% da área agrícola brasileira, é o real
responsável por produzir a comida (70% do feijão, 58% do leite e metade do
milho brasileiro vem da agricultura familiar) e por gerar emprego no campo
(74% da mão de obra).
http://ligadasflorestas.com.br/