terça-feira, 14 de fevereiro de 2012


Filosofia – Texto 1. Introdução a Filosofia


Ao nascermos encontramos uma realidade social já pronta e acabada, recebendo-a como herança. Chamamos isso de herança cultural, uma vez que encontramos inseridos nela, valores, crenças, usos e costumes da sociedade em que iremos viver. A sociedade, por sua vez, nunca é estática, ela se configura de maneira diferente conforme o tempo vivido e conforme os valores cultivados, apresentando dessa forma, um dinamismo, não permanecendo a mesma por muito tempo.

Na configuração atual, vivenciamos uma sociedade técnica, em que as redes virtuais de relacionamento imperam num mar de novas tecnologias que se renovam numa velocidade sem precedentes da história. Dentro dessa nova realidade, surgem questionamentos, dúvidas que devem ser sanadas a respeito de diferentes temas comuns, como por exemplo, o consumismo exacerbado, inversão de valores e comportamentos, uso e apropriação dos bens naturais entre tantos outros.

Num contexto parecido, no século VII a.C. surgia na Grécia questionamentos similares, focando evidentemente, os problemas daquele tempo específico e à maneira de se ver o mundo. Nascia assim a filosofia. Uma proposta crítica e racional de se ver o mundo, pensando o próprio pensamento e colocando em cheque o que se considerava certo e indiscutível. O filósofo francês Gilles Deleuze, escreve em algures, que a filosofia sempre surge num momento de crise, não para resolver os problemas suscitados por ela, mas para pensar alternativas e indicar o caminho para sua elucidação.

Mas o que vem a ser de fato a filosofia? Podemos dizer que a filosofia não é, estritamente falando, nem uma ciência, nem uma arte, não obstante ela transitar por ambas. Se fossemos ilustrar estas formas de conhecimento utilizando símbolos, poderíamos dizer que a ciência é como um Ponto Final, uma vez que oferece um conhecimento objetivo. A arte, por ser uma manifestação interior do indivíduo envolvendo percepção e sentimento, dizemos que é Subjetiva, dessa forma podemos ilustrá-la com um Ponto de Exclamação, já que denota a expressão emotiva do ser humano. A filosofia, por sua vez, seria representada por um Ponto de Interrogação. Por quê? Exatamente por isso; por ela ser um eterno questionar pela realidade, pela verdade e pelo conhecimento. A dúvida filosófica é aquela que nos assalta naqueles momentos intimistas de reflexão, fazendo-nos perguntar o porquê das coisas.

A palavra filosofia é de origem grega e é composta por outras duas: philo (fhilo) que quer dizer “aquele que tem um sentimento amigável”, uma vez que é uma variação de philía (fhilia) que significa “amizade e amor fraterno” e; Sophia (sophia) que quer dizer “sabedoria”, palavra que inspirou outra Sophós (sophos), ou seja, sábio.

Dessa forma filosofia (filosofia) significa “amizade pela sabedoria” ou, “amor pela sabedoria”, e filósofo “aquele que tem amizade, amor ou respeito pelo saber”, “aquele que ama ser sábio”. Destarte, filosofia indica a disposição interior de quem estima o saber, ou o estado de espírito de quem deseja o conhecimento. Atribuí-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos a invenção da palavra “Filosofia”. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria pertencia aos deuses, mas que os homens, na sua condição, poderiam desejá-la ou amá-la, tornando-se assim “Filósofos”.

Por suas raízes, costumamos dizer que a filosofia é essencialmente grega, e com ela pode-se mudar e influenciar todo o pensamento ocidental, não obstante existir uma tradição oriental que não se pode negligenciar. Na antiguidade costumamos dividi-la em quatro períodos: Período pré-socrático ou cosmológico – do século VII a.C. ao século V a.C.; Período Socrático ou antropológico – Final do Século Va.C e século IV a.C.; Período sistemático – Final do Século IV a.C e século III a.C; e o Período Helenístico ou greco-romano – Final do século III a.C ao século VI d.C.

  O Período pré-socrático representa os primórdios do pensamento ocidental, com questões referentes ao Cosmos, à Natureza e a Physis (a substância física do mundo, natureza). O Período socrático ou antropológico, representa o período mais famoso da antiguidade, no qual as reflexões passaram a enfatizar, não mais o mundo e sua constituição, mas a psyché (alma, consciência, ou razão humana). O maior representante desse período foi Sócrates, responsável por mudar o foco do raciocínio filosófico enfatizando o homem e suas relações, atributo que lhe transformou em um divisor de águas. Neste período também aparece as reflexões de Platão, principal discípulo de Sócrates e responsável pela maioria das informações sobre o ‘Homem que perguntava”.

O período sistemático teve como principal representante Aristóteles, discípulo de Platão. Aristóteles realizou uma rigorosa classificação dos seres, objetos e conhecimentos de sua época. Uma das mais relevantes contribuições desse pensador foi a criação da Lógica como instrumento para avaliar raciocínios, por meio da observação da forma como eles encadeavam afirmações e conclusões. E, por sua vez, o Período helenístico, representa o período em que o pensamento grego sofreu importantes modificações. Nasceram comunidades filosóficas em que se partilhava idéias e condutas pessoais. A ética, voltada à maneira correta de se viver, e o ser humano forma as maiores preocupações dos filósofos e das correntes filosóficas estabelecidas neste período. Os principais representantes desse período são os Estóicos, os Epicuristas e os Neo-platônicos.


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