Filosofia – Texto 1. Introdução a Filosofia
Ao nascermos encontramos uma realidade social já
pronta e acabada, recebendo-a como herança. Chamamos isso de herança cultural,
uma vez que encontramos inseridos nela, valores, crenças, usos e costumes da
sociedade em que iremos viver. A sociedade, por sua vez, nunca é estática, ela
se configura de maneira diferente conforme o tempo vivido e conforme os valores
cultivados, apresentando dessa forma, um dinamismo, não permanecendo a mesma
por muito tempo.
Na configuração atual, vivenciamos uma sociedade técnica,
em que as redes virtuais de relacionamento imperam num mar de novas tecnologias
que se renovam numa velocidade sem precedentes da história. Dentro dessa nova
realidade, surgem questionamentos, dúvidas que devem ser sanadas a respeito de
diferentes temas comuns, como por exemplo, o consumismo exacerbado, inversão de
valores e comportamentos, uso e apropriação dos bens naturais entre tantos
outros.
Num contexto parecido, no século VII a.C. surgia na
Grécia questionamentos similares, focando evidentemente, os problemas daquele
tempo específico e à maneira de se ver o mundo. Nascia assim a filosofia. Uma
proposta crítica e racional de se ver o mundo, pensando o próprio pensamento e
colocando em cheque o que se considerava certo e indiscutível. O filósofo
francês Gilles Deleuze, escreve em algures, que a filosofia sempre surge num
momento de crise, não para resolver os problemas suscitados por ela, mas para
pensar alternativas e indicar o caminho para sua elucidação.
Mas o que vem a ser de fato a filosofia? Podemos dizer
que a filosofia não é, estritamente falando, nem uma ciência, nem uma arte, não
obstante ela transitar por ambas. Se fossemos ilustrar estas formas de
conhecimento utilizando símbolos, poderíamos dizer que a ciência é como um
Ponto Final, uma vez que oferece um conhecimento objetivo. A arte, por ser uma
manifestação interior do indivíduo envolvendo percepção e sentimento, dizemos
que é Subjetiva, dessa forma podemos ilustrá-la com um Ponto de Exclamação, já
que denota a expressão emotiva do ser humano. A filosofia, por sua vez, seria
representada por um Ponto de Interrogação. Por quê? Exatamente por isso; por ela
ser um eterno questionar pela realidade, pela verdade e pelo conhecimento. A
dúvida filosófica é aquela que nos assalta naqueles momentos intimistas de
reflexão, fazendo-nos perguntar o porquê das coisas.
A palavra filosofia é de origem grega e é composta por
outras duas: philo (fhilo) que quer dizer “aquele que tem
um sentimento amigável”, uma vez que é uma variação de philía (fhilia) que significa “amizade e amor fraterno” e; Sophia (sophia) que
quer dizer “sabedoria”, palavra que
inspirou outra Sophós (sophos), ou seja, sábio.
Dessa forma filosofia (filosofia)
significa “amizade pela sabedoria”
ou, “amor pela sabedoria”, e filósofo
“aquele que tem amizade, amor ou respeito
pelo saber”, “aquele que ama ser
sábio”. Destarte, filosofia indica a disposição interior de quem estima o
saber, ou o estado de espírito de quem deseja o conhecimento. Atribuí-se ao
filósofo grego Pitágoras de Samos a invenção da palavra “Filosofia”. Pitágoras
teria afirmado que a sabedoria pertencia aos deuses, mas que os homens, na sua
condição, poderiam desejá-la ou amá-la, tornando-se assim “Filósofos”.
Por suas raízes, costumamos dizer que a filosofia é
essencialmente grega, e com ela pode-se mudar e influenciar todo o pensamento
ocidental, não obstante existir uma tradição oriental que não se pode
negligenciar. Na antiguidade costumamos dividi-la em quatro períodos: Período
pré-socrático ou cosmológico – do século VII a.C. ao século V a.C.; Período
Socrático ou antropológico – Final do Século Va.C e século IV a.C.; Período
sistemático – Final do Século IV a.C e século III a.C; e o Período Helenístico
ou greco-romano – Final do século III a.C ao século VI d.C.
O Período pré-socrático representa os
primórdios do pensamento ocidental, com questões referentes ao Cosmos, à
Natureza e a Physis (a substância
física do mundo, natureza). O Período socrático ou antropológico, representa o
período mais famoso da antiguidade, no qual as reflexões passaram a enfatizar,
não mais o mundo e sua constituição, mas a psyché
(alma, consciência, ou razão humana). O maior representante desse período foi
Sócrates, responsável por mudar o foco do raciocínio filosófico enfatizando o
homem e suas relações, atributo que lhe transformou em um divisor de águas.
Neste período também aparece as reflexões de Platão, principal discípulo de
Sócrates e responsável pela maioria das informações sobre o ‘Homem que
perguntava”.
O período sistemático teve como principal
representante Aristóteles, discípulo de Platão. Aristóteles realizou uma
rigorosa classificação dos seres, objetos e conhecimentos de sua época. Uma das
mais relevantes contribuições desse pensador foi a criação da Lógica como
instrumento para avaliar raciocínios, por meio da observação da forma como eles
encadeavam afirmações e conclusões. E, por sua vez, o Período helenístico,
representa o período em que o pensamento grego sofreu importantes modificações.
Nasceram comunidades filosóficas em que se partilhava idéias e condutas
pessoais. A ética, voltada à maneira correta de se viver, e o ser humano forma
as maiores preocupações dos filósofos e das correntes filosóficas estabelecidas
neste período. Os principais representantes desse período são os Estóicos, os
Epicuristas e os Neo-platônicos.
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