FILOSOFIA: UMA ETERNA COMPANHEIRA
Maicon Martta
Quando pensamos em filosofia, muitas vezes não nos damos conta de que ela
é uma antiga companheira do homem. Nos acompanha desde a antiguidade, onde os
gregos elaboravam princípios universais baseados na natureza, até a
contemporaneidade. A filosofia está presente, quer nas formas místicas das
religiões ou nas indagações da reflexão crítica, sempre acompanhando o
desenvolvimento do homem. Segundo o professor da Universidade de São Paulo,
Luis Washington Vita, a filosofia é “germinada no silencioso universo da
reflexão, projetando-se para o mundo exterior, transformando a História,
reformulando contextos sociais e ofertando à ciência métodos indispensáveis ao
domínio da natureza”.
Podemos dizer, então, num primeiro momento, que a filosofia é tão antiga
quanto a própria humanidade, sendo ela um modo de designar a força
interrogativa e intelectiva do homem e das suas relações num sentido de
profunda compreensão de tudo quanto existe como um todo. Num Segundo momento,
porém, podemos dizer que a filosofia é também uma reflexão crítica sobre todos
esses problemas e paradigmas, uma reflexão sobre as soluções que foram dadas e
sobre o pensamento que as exprimiu.
A palavra filosofia, etimologicamente, se compõe de dois vocábulos
gregos: philein e Sophia significando “amor à sabedoria”.
Mas o que significa “Amor à Sabedoria”? Podemos dizer que esse termo foi usado
como sinônimo de curiosidade ou desejo de saber, o que diz respeito às coisas
humanas, tendo, pois, desde as suas origens, uma significação
preponderantemente humanística. Mas o que significa amor para os gregos e o que
significa sabedoria? Podemos ter uma pequena ideia do que seria o “amor”
voltando à obra platônica denominada O
Banquete. Na voz de Sócrates, com bastante precisão, é fixado o que é o
amor para os pensadores gregos: um intermediário entre o imperfeito e o
perfeito, entre a carência e a plenitude, em outras palavras, podemos dizer que
o amor é um desejo de perfeição, de contemplação à perfeição. Por isso
Aristóteles nos diz que “o amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que
a função do amor é levar o ser humano à perfeição”.
No que se refere à “Sabedoria”, sabe-se que se distinguiam, entre os
gregos, duas espécies: uma era referida à vida, à existência vivida, e a outra
referia ao conhecimento perfeito, a posse do inteligível. A primeira conhecida
como helikía, e era atribuída aos
anciões e a sabedoria de vida dos homens mais velhos. A segunda era a Sophia, e esta espécie de sabedoria, era
considerada como um ideal a ser atingido: o conhecimento absoluto.
Dessa forma, podemos tranquilamente dizer que a filosofia é o desejo de
perfeição do conhecimento absoluto, a busca da resposta da inteligência a todas
as interrogações do homem. Como definiu Aristóteles, “ela é o saber que se
busca”. Mas engana-se quem acredita que a filosofia se mantém apenas no nível
acadêmico. Está no alcance de todos, uma vez que é companheira do homem, na
medida em que ele possui um desejo natural pelo conhecer e, esse desejo natural
pelo conhecer, esse “amor”, no sentido grego da palavra, pela sabedoria, pelo
conhecimento, é a própria filosofia.
Se tivermos a tolerância, que nos falta, para ouvir as crianças,
encontraremos muitas questões filosóficas. Quantos significados se escondem
atrás de uma pergunta inocente que muitas vezes consideramos tola? Quem sou eu?
Quem é o homem? Será que somos apenas aquilo que o espelho nos apresenta? Com
certeza não. E mais uma vez seja abençoada a inocência das crianças, que pode
vencer os preconceitos da ignorância e do medo e ainda perguntar. Não há prova
maior que as indagações das crianças para afirmar que a filosofia nos acompanha
desde sempre. Agora a questão é fazer uso dessa nossa companheira eterna e a
partir dela refletir acerca do que nos é apresentado.
Dica de Leitura:
- Memórias Póstumas de Bras Cubas - Machado de Assis