segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012


Filosofia – Texto 10 – Filosofia da Linguagem (Parte II)



A Origem da Linguagem:


Durante muito tempo a filosofia preocupou-se em definir a origem e as causas da linguagem.

Uma primeira divergência sobre o assunto surgiu na Grécia: a linguagem é natural aos homens (existe por natureza) ou é uma convenção social? Se a linguagem for natural, as palavras possuem um sentido próprio e necessário; se for convencional, são decisões consensuais da sociedade e, nesse caso, são arbitrárias, isto é, a sociedade poderia ter escolhido outras palavras para designar as coisas. Essa discussão levou, séculos mais tarde, à seguinte conclusão: a linguagem como capacidade de expressão dos seres humanos é natural, isto é, os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica e fisiológica que lhes permite expressarem-se pela palavra; mas as línguas são convencionais, isto é, surgem de condições históricas, geográficas, econômicas e políticas determinadas, ou, em outros termos, são fatos culturais. Uma vez constituída uma língua, ela se torna um sistema dotado de necessidade interna, passando a funcionar como se fosse algo natural, isto é, como algo que possui suas leis e princípios próprios, independentes dos sujeitos falantes que a empregam.

Perguntar pela origem da linguagem levou a quatro tipos de respostas:

1.                          A linguagem nasce por imitação, isto é, os humanos imitam, pela voz, os sons da natureza (dos animais, dos rios, das cascatas e dos mares, do trovão e do vulcão, dos ventos, etc). A origem da linguagem seria, portanto, a onomatopéia ou imitação dos sons animais e naturais;

2.                          A linguagem nasce por imitação dos gestos, isto é, nasce como uma espécie de pantomima ou encenação, na qual o gesto indica um sentido. Pouco a pouco, o gesto passou a ser acompanhado de sons e estes se tornaram gradualmente palavras, substituindo os gestos;

3.                          A linguagem nasce da necessidade: a fome, a sede, a necessidade de abrigar-se e proteger-se, a necessidade de reunir-se em grupo para defender-se das intempéries, dos animais e de outros homens mais fortes levaram à criação de palavras, formando um vocabulário elementar e rudimentar, que, gradativamente, tornou-se mais complexo e transformou-se num língua;

4.                          A linguagem nasce das emoções, particularmente do grito (medo, surpresa ou alegria), do choro (dor, medo, compaixão) e do riso (prazer, bem-estar, felicidade). Citando Rousseau em seu Ensaio sobre a origem das línguas:



Não é a fome ou a sede, mas o amor ou o ódio, a piedade a cólera, que aos primeiros homens lhes arrancaram as primeiras vozes... Eis por que as primeiras línguas forma cantantes e apaixonantes antes de serem simples e metódicas.

Assim, para Rousseau, a linguagem, por nascer das paixões, foi primeiro linguagem figurada e por isso surgiu como poesia e canto, tornando-se prosa muito depois; e as vogais nasceram antes das consoantes. Assim como a pintura nasceu antes da escrita, também os homens primeiro cantaram seus sentimentos e só muito depois exprimiram seus pensamentos. 

Essas teorias não são excludentes. É muito possível que a linguagem tenha nascido de todas essas fontes ou modos de expressão, e os estudos de psicologia genética (isto é, da gênese da percepção, imaginação, memória, linguagem e inteligência nas crianças) mostram que uma criança se vale de todos esses meios para começar a exprimir-se. Podemos dizer que uma linguagem se constitui para a criança (e para todos os seres humanos), quando ela passa (ou todos passamos) dos meios de expressão aos meios de significação. Um gesto ou um grito exprimem, por exemplo, medo; exprimem um sentimento; palavras, frases e enunciados significam o que é medo, dizem qual é o sentido do sentimento do medo.


O que é a Linguagem?


A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a comunicação entre pessoas e para a expressão de ideias, valores e sentimentos. Embora tão simples, essa definição da linguagem esconde problemas complicados com os quais os filósofos têm-se ocupado desde há muito tempo. Essa definição afirma que:

1. A linguagem é um sistema, isto é, uma totalidade estruturada, com princípios e leis próprios, sistema esse que pode ser conhecido;

2. A linguagem é um sistema de sinais ou de signos, isto é, os elementos que formam a totalidade lingüística são um tipo especial de objetos, os signos, ou objetos que indicam outros, designam outros ou representam outros. Por exemplo, a fumaça é um signo ou sinal de fogo, a cicatriz é signo ou sinal de uma ferida, manchas na pele de um determinado formato, tamanho e corsão signos de sarampo ou de catapora, etc. No caso da linguagem, os signos são palavras e os componentes das palavras (sons ou letras);

3. A linguagem indica coisas, isto é, os signos lingüísticos (as palavras) possuem uma função indicativa ou denotativa, pois como que apontam para as coisas que significam;

4. A linguagem estabelece a comunicação entre os seres humanos, isto é, tem uma função comunicativa: por meio das palavras entramos em relação com os outros, dialogamos, argumentamos, persuadimos, relatamos, discutimos, amamos e odiamos, ensinamos e aprendemos, etc.;

5. A linguagem exprime pensamentos, sentimentos e valores, isto é, possui uma função de conhecimento e de expressão, ou função conotativa: uma mesma palavra pode exprimir sentidos ou significados diferentes, dependendo do sujeito que a emprega, do sujeito que a ouve e lê, das condições ou circunstâncias em que foi empregada ou do contexto em que é usada. Assim, por exemplo, a palavra água, se for usado por um professor numa aula de química, conotará o elemento químico que corresponde à fórmula H²O; se for empregada por um poeta, pode conotar rios, chuvas, lágrimas, mar, líquido, pureza, etc.; se for empregada por um criança que chora pode estar indicando uma carência ou necessidade como a sede.


A definição nos diz, portanto, que a linguagem é um sistema de sinais com função indicativa, comunicativa, expressiva e conotativa.

No entanto, essa definição não nos diz várias coisas. Por exemplo, como a fala se forma em nós? Por que a linguagem pode indicar coisas externas e também exprimir ideias (internas ao pensamento)? Por que a linguagem pode ser diferente quando falada pelo cientista, pelo filósofo, pelo poeta ou pelo político? Como a linguagem pode ser fonte de engano, de mal-entendido, de controvérsia ou de mentira? O que se passa exatamente quando dialogamos com alguém? O que é escrever? E ler? Como podemos aprender uma outra língua?



Obs. Texto retirado na íntegra do Livro – Convite à Filosofia de autoria de Marilena Chauí.



Dicas de Leitura:


- O Mundo precisa de Filosofia – Eduardo Prado de Mendonça
- A Peste – Albert Camus

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Filosofia – Texto 9 - Aristóteles 



Parte 1:



Aristóteles foi o grande representante do período filosófico denominado Período Sistemático. O estagirita foi responsável pela organização dos estudos filosóficos desde do período Cosmológico, representado pelos pré-socráticos e que a filosofia buscava responder as questões da origem da realidade e da Physis, até o seu tempo, em que se discutiam questões referentes ao homem, sua conduta e seu conhecimento.

Dessa forma Aristóteles sistematizou os conteúdos filosóficos, separando-os por área de reflexão:

Metafísica: Ciência do Ser, ontologia. Parte da filosofia que estuda a origem e a existência do ser.

Ética: Ciência da conduta humana. Parte da filosofia que estuda o comportamento e os códigos morais do ser humano.

Lógica: Regras estabelecidas para o raciocínio claro e verdadeiro, pode ser definido timidamente como a ciência do bem pensar.

Ciências Naturais: Aristóteles foi o primeiro a fazer registros de espécies animais e vegetais, sendo, por isso, considerado o primeiro biólogo.



Aristóteles foi discípulo de Platão por vinte anos e depois da morte do mestre era o mais cogitado para assumir seu lugar na Academia de Atenas. No entanto, por ele ser estrangeiro não pode assumir esse cargo tão importante.

Saindo da Grécia por motivos similares, acabou montando sua própria escola filosófica que ficou conhecida como Liceu.

Os ensinamentos de Aristóteles eram diferentes dos ensinamentos de Platão. Não obstante o respeito e a admiração para com o mestre, Aristóteles divergia de suas opiniões. Enquanto Platão pensava a essência das coisas e sua verdade num plano inteligível, alcançado apenas pela razão, Aristóteles enfatizava a importância dos sentidos na apreensão do conhecimento e a essência da coisa na própria coisa. Dessa forma, ao contrário de Platão, o estagirita não separa a realidade em dois mundos distintos do qual um é a ideia perfeita do outro. Para Aristóteles, não existe um mundo das ideias perfeitas, o que é a realidade.

Assim, Aristóteles diz que a realidade é única e as formas são imanentes aos objetos. Dessa forma, a essência da coisa permanece na própria coisa. Para Platão, a essência de um cavalo, por exemplo, estaria na ideia cavalo, que estaria no mundo inteligível em que todas as ideias são perfeitas. No seu discípulo, a essência de um cavalo, usando o mesmo exemplo, estaria no próprio cavalo e não na sua ideia perfeita.

Essa essência presente nas coisas, Aristóteles chama de Substância. Para ele, substância não era uma ideia, era um Sínolo, isto é, um composto de Matéria e Forma. Por isso ele valoriza a sensação e a experiência como etapas do conhecimento da realidade.

Essa essência, na concepção de Aristóteles, é o objeto de Estudo da Metafísica, a qual ele considera como filosofia primeira.


·        Substância Primeira: Os indivíduos – compostos por características acidentais

·        Substância Segunda: As espécies e os gêneros a que pertencem os indivíduos – compostos pelas características essenciais.



Dicas Leitura:

- Ética e política em Aristóteles – Solange Vergières
- Metafísica – Aristóteles

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012


Geografia – Texto 6 – Fuso Horário



Fuso Horário:



O tempo é uma convenção humana, criada para situar o homem na nossa própria existência.

Essa convenção chamada Tempo foi inspirada no movimento aparente do Sol. Para o estudo do tempo é necessário considerar o posicionamento da Terra no seu eixo N/S inclinado, executando os movimentos de rotação e translação.

Para fazer um estudo mais adequado dos fusos horários, deve-se imaginar a Terra parada e o Sol fazendo os movimentos em torno dela (movimento aparente). Dessa maneira, o Sol passa assumir um movimento constante, chamado de Sol Aparente, Sol Fictício e Sol Médio.

Antigamente os relógios deviam ser ajustados todas as vezes que se chegava a uma nova cidade. Os relógios sempre eram acertados de acordo com Sol do Meio Dia, que é quando o Sol representa o seu ponto mais alto no céu.

Levando em consideração essas dificuldades, foi realizada em Roma, no ano de 1883 uma conferência em que foi decidida a criação dos Fusos Horários.

 Fuso horário é como é chamada a divisão da Terra em diferentes faixas. O objetivo dos fusos horários é estabelecer uma mesma hora para todas as localidades situadas na mesma faixa.

Convencionou-se dividir os 360º da circunferência terrestre pelas 24 horas do dia, obtendo-se assim, um resultado de 15º para cada faixa correspondente a 1 hora.

Em 1894, foi realizado a conferência Internacional do Primeiro Meridiano, em Washington D.C. Estados Unidos. A proposta era padronizar a utilização mundial da hora legal.


O Senador do Canadá, Sanford Fleming, em 1878, sugeriu um sistema internacional de fusos horários. Seu pensamento era dividir a Terra em 24 faixas verticais, em que cada uma delas era um fuso de 1 hora. O planeta possui 360º de circunferência, assim sendo, cada faixa teria 15º de largura longitudinal. Em 1879 o estudo foi publicado no Jornal do Instituto do Canadá de Toronto, com aprovação norte-americana em 18 de novembro de 1883.

Com isso, acabou sendo aceito a Teoria de Fleming. A longitude 0º passaria pelo Observatório Real de Greenwich, na Inglaterra. Os demais fusos seriam contados positivamente para o Leste e negativamente para o Oeste, até o Meridiano 180º - o Anti-Meridiano, situado no Oceano Pacífico, onde seria a Linha Internacional de Data.



W (West) Oeste “-“                                         E (Est) Leste “+"

Y   X   W   V   U  T   S   R   Q   P   O   N
A   B   C   D   E   F   G   H   I   K   L   M
12  11  10   9    8   7   6   5    4    3   2    1  
1    2    3    4   5   6    7    8    9  10  11  12



Sendo assim, existe um horário em cada meridiano, provocado pelo deslocamento aparente do Sol. A hora universal coordenada – UTC (Universal time Coordenated) é a hora adotada no meridiano de Greenwich, válida para qualquer ponto da superfície Terrestre.
 

Hora Local – HLO – é a hora adotada em um meridiano considerado, ou seja, a hora da longitude do observador.

Hora Legal – HLE – é a hora estabelecida pelas leis de um Estado. Refere-se à longitude central, ou seja, é a hora adotada para todo o fuso. Em outras palavras, a linha reta dos meridianos quase nunca coincide com os limites de cada estado ou país, por isso a definição da hora legal depende de uma decisão política.

No Brasil, cada um dos 3 fusos horários possui uma hora legal.



Relação entre hora e longitude:



Tendo a Terra 360º e um dia solar de 24 horas, torna-se fácil saber que cada 15ª de arco corresponde a 1 hora.



ARCO                       TEMPO                      ARCO                                    TEMPO 

360ª
24 Horas
60’= 1ª
4 Minutos
15º
1 Hora
15’
1 Minutos



Obs. Toda hora a esquerda de qualquer fuso é mais cedo e toda hora à direita de qualquer fuso é mais tarde.



Hora Verdadeira: É a hora real com referência ao Sol verdadeiro.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


Filosofia – Texto 8 – Ética Aristotélica



Para Sócrates e Platão, a virtude não poderia ser ensinada, mas sim despertada no homem pelo conhecimento.

Dessa forma, no pensamento socrático-platônico, para agir bem deveria se conhecer o bem. O simples fato de conhecer racionalmente o que era certo era garantia mais do que suficiente para se agir corretamente. Nesse sentido, a teoria do conhecimento estava diretamente ligada às questões éticas e morais, porque o conhecimento da virtude era necessário para se agir corretamente e ser virtuoso.

Aristóteles, discípulo de Platão, no entanto, não julgava que conhecer bem fosse suficiente para praticar o bem. Para Aristóteles a virtude era alcançada por meio da prática, do hábito e transmitida através do exemplo. Quanto mais se pratica ações virtuosas mais virtuosos nos tornamos.

 Mas como identificar quais ações são virtuosas?

Aristóteles irá responder que é por intermédio da justa medida, ou o meio termo entre duas atitudes extremas. Com isso, Aristóteles quer nos dizer que devemos buscar o equilíbrio entre nossas ações, ou em outras palavras, um melhor controle sobre nossas paixões.

Ex. Virtude – coragem. A coragem seria o meio termo entre o excesso de confiança e a covardia.

Toda ação busca um fim, uma finalidade, e esse fim se constitui em um Bem. Para Aristóteles, o Bem Supremo, o fim último da aspiração humana é a Felicidade, a eudaimonia (Eudaimonia), e é por ela que o homem busca os demais bens.

A Eudaimonia (eudaimonia) representa a felicidade alcançada com a realização das potencialidades da vida racional, a qual, por sua vez, corresponderia à máxima realização da essência humana. A eudaimonia, portanto, é um tipo específico de felicidade, entendida como atividade.

Sendo assim, esse tipo de felicidade é possível somente para os seres humanos constituindo-se essa atividade como aperfeiçoamento do homem. Em outras palavras, para Aristóteles, felicidade era a realização do potencial racional do homem. Alcançada nem pelo exagero e nem pela falta, mas pela justa medida, o meio termo entre esses extremos.



Dicas de Leituras:

- Pequeno Tratado das Grandes Virtudes – André Comte-Sponville

- Ética a Nicômaco - Aristóteles

- Ética a Eudemo - Aristóteles

Filosofia – Texto 7 – Sofistas – Sócrates – Platão



Relativismo Moral:



Na época de Sócrates Atenas representava o centro Cultural do mundo grego. Em Atenas desenvolvia-se, pouco a pouco, uma democracia com assembléias populares e tribunais. Um pressuposto para a democracia era o fato de que as pessoas recebiam educação suficiente para poder participar dos processos democráticos. Entre os atenienses era particularmente importante dominar a arte de Bem Falar: A Retórica.

Com todo o progresso cultural, não demorou para que um grupo de mestres e filósofos itinerantes, vindo das colônias gregas ao redor, se concentrasse em Atenas. Eles se denominavam Sofistas. Os sofistas eram pessoas estudadas, versados em determinados assuntos e ganhavam a vida em Atenas ensinando os cidadãos.

No entanto, os Sofistas não estavam interessados diretamente com a Verdade; mas sim em ensinar bem – principalmente a Falar Bem, não importava o que fosse, mas tinha que ser Bem.

“O homem é a medida de todas as coisas”, disse o mais importante dos sofistas, Protágoras. Com isso ele queria dizer que o certo e o errado, o bem e o mal sempre tinham de ser avaliados em relação às necessidades dos homens. Assim, negava a existência de um critério absoluto para distinguir o verdadeiro do falso, ou o bom do mau. Em outras palavras, o que é bom ou ruim, o que convém ou não convém, depende do julgamento pessoal de cada um de nós.

Dessa forma tudo o que acontece se apresenta para os homens e é ele que deve julgar. Com isso deu-se origem ao Relativismo, que no campo da Moral foi chamado de Relativismo Moral.

Sócrates não aceitou essa proposição dos sofistas que, levada ao extremo, conduziria a um total desregramento social, já que ficaria ao encargo de cada individuo decidir o que é melhor em cada ocasião.

Sócrates considerava a verdade acima de tudo e, ao contrário dos sofistas, sustentou que existe um saber universalmente válido que decorre do conhecimento da essência humana, a partir da qual se pode conceber a fundamentação de uma moral universal, e um agir ético racional.

Essa fundamentação era a Razão. Assim sabendo-se o que é certo o homem agiria certo guiando-se pelas virtudes. Platão, principal discípulo de Sócrates, segue o mesmo principio do mestre, aprofundando esse racionalismo.



Bibliografia Consultada:


- História da Filosofia. Organização e Texto Final: Bernadette Siqueira Abrão. São Paulo: Nova Cultural, 2004.


Dicas de Leitura:

- Apologia à Sócrates – Platão

- Sofista – Platão

- Elogio da Loucura – Erasmo de Roterdã

Sociologia – Texto 8 – Controle Social

Parte 2:


Escola de Chicago:


A escola de Chicago nasceu de um conjunto de investigações realizados entre 1915 e 1940 por professores e estudantes de Sociologia da Universidade de Chicago.

Nas reflexões feitas por essa escola de pensamento sociológico a ideia de controle social assume um sentido diferente do que o proposto por Durkhéim.

Os Estudos realizados pela Escola de Chicago se caracterizaram pela pesquisa empírica em escala mais reduzida, o que é chamado em sociologia de Microssociologia. Nesse caso, tratavam de temas como a Imigração e a assimilação dos imigrantes pela sociedade, as relações étnicas, a criminalidade etc.

Esses estudos eram de caráter mais objetivos e visavam uma aplicação prática das medidas encontradas, por isso essa escola era conhecida também como Escola Intervencionista, uma vez que os resultados de suas pesquisas serviam para direcionar políticas de governo a fim de prevenir, corrigir, ou mesmo agir sobre os efeitos perversos dos fenômenos sociais.

Sendo assim, para a Escola de Chicago, Controle Social, era as intervenções públicas em áreas pobres que, segundo aqueles estudiosos, eram áreas “naturais da delinqüência e da criminalidade”.



Sociedade Disciplinar:


Uma nova proposta sobre Controle Social surge após a Segunda Guerra Mundial. Essa nova abordagem visava a Macrossociologia, isto é, a sociedade como um todo. Nesta perspectiva, a ideia de Controle Social adquiriu um caráter bastante negativo, sendo definida como uma prática de dominação organizada pelo Estado.

Michel Foucault é um dos grandes representantes dessa nova perspectiva. Suas pesquisas ressaltam o poder disciplinar como mecanismo de controle social do nosso tempo.

Sendo assim a Sociedade se apresenta como uma Sociedade Disciplinar responsável pela ordem e pela punição como coesão do ordenamento social.

A sociedade disciplinar, segundo Foucault, seria aquela que é “atravessada, constituída pela hierarquia, pela vigilância, pelo olhar que tudo vê, pelos regulamentos, pela documentação e pela proibição”. Em suma, essa ideia apresenta como as entrelinhas do contrato social e dos limites da liberdade do homem que vive na sociedade. Seria a ideia de uma liberdade vigiada, causando a ilusão de segurança e disfarçando uma medida controladora do Estado que pode ter intenções positivas, como, por exemplo, evitar a criminalidade; assim como intenções negativas, como por exemplo, o controle total do individuo como cidadão.



Sociologia do Crime e da violência:


Seguindo o pensamento de Foucault, nossa sociedade compreende uma vigilância constante não só pelas autoridades no Conceito de Controle Social, mas também pelos membros da Sociedade em geral. É o conceito do panóptico fora dos muros e das grades das prisões. Nós observamos e reparamos nas pessoas, formamos nossos próprios conceitos e juízos, estando sempre pronto para apontar quando alguém faz algo de errado.

Por essa razão podemos identificar desvios de comportamentos daquilo que consideramos normais e também sinais de violência.  Conhecemos as leis que regem nossa sociedade e observamos essas leis. Cobramos de nós mesmos e também do nosso próximo o cumprimento das regras sociais. Estamos sempre prontos para apontar qualquer desvio que foge a essas regras.

Em suma, fazemos parte dessa sociedade disciplinar, não só como “observados”, mas principalmente como “observadores”, que ajudam a manter o controle social e ao mesmo tempo sendo vítimas desse mesmo sistema de controle.



Crime e Desvio:



Crime e desvio diferem entre si. Podemos dizer que nem todo desvio de comportamento é crime, mas que todo crime apresenta um desvio de comportamento. Tanto é, que quando uma pessoa é presa ela fica retida para reaprender a se socializar numa sociedade “normal”.

Sendo assim, Desvio, é tudo aquilo que é considerado fora do padrão “normal”. Ora, normal é o que é comum à maioria das pessoas, ou seja, é um termo sociológico que aponta para o que a maioria das pessoas considera ou acham que seja normal É um conceito socialmente construído, portanto.

Como é a sociedade quem define o que é “normal” e o que é desviante, quando se classifica um grupo ou um individuo como desviante, estamos dando inicio a um processo de estigmatização.

O Crime, por sua vez, viola direitos constitucionais de outras pessoas. Quando pratico um ato de violência, acabo violando os direitos de meus semelhantes com meus atos, dessa forma estou desviando das regras gerais da sociedade. Ao desviar e infringir a lei devo ser punido.



 O que Durkhéim diz sobre o crime:



Durkhéim revolucionou o pensamento da criminologia do século XIX. Ele dizia que as causas do crime deveriam ser procuradas na Sociedade e não no individuo, contrariando assim, o pensamento psicológico da época, que via a causa do crime no infrator, ou seja, no individuo.

O crime para Durkhéim era um fenômeno social normal que se encontrava em todas as sociedades. Como qualquer outro fato social era passível de estudo, mas não de espanto. Somente quando a taxa de criminalidade era muito elevada que se deveria tomar como espanto e preocupação. Porque uma taxa de criminalidade elevada é sinal que a sociedade está passando por dificuldades em sua Integração Social, ou seja, algo no ordenamento não está certo, em outras palavras, algo na coesão não está afetando o Controle Social.

Site Consultado.





Dica de Leitura:

- Idéias sobre uma teoria crítica da Sociedade – Herbert Marcuse.

- Vigiar e Punir – Michel Foucault

Sociologia- Texto 7 – Bases da Sociologia Política

O termo Sociologia foi criado no Séc. XIX pelo pensador francês Auguste Comte. Comte, influenciado pela Revolução Científica do século XVII se esforçou para empreender um estudo científico da sociedade. Isso não que dizer, no entanto, que antes do século XIX a Sociedade não era estudada, bem pelo contrário. Todo o esforço da filosofia clássica se debruça sobre a vida em sociedade. Mas somente no século XIX que a sociologia surgiu como uma ciência independente.

Auguste Comte uniu o radical latino Sócios que significa Sociedade, com o radical grego Logos, que significa Razão, Discurso ou Estudo. Assim, na etimologia da palavra, Sociologia quer dizer Estudo científico da Sociedade.

Levando isso em consideração podemos definir a sociologia com o conhecimento científico dos fenômenos sociológicos que ocorrem dentro de uma sociedade.

Podemos enumerar três grandes momentos históricos de grande repercussão para o surgimento da sociologia: a) Revolução Científica, séc. XVII; b) Revolução Francesa, séc. XVIII e c) Revolução Industrial, séc. XVIII.

Revolução Cientifica: Foi importante por causa do método adotado pelas ciências a partir do Séc. XVII – o chamado método cientifico.

Mais importante, no entanto, foram as duas grandes revoluções que o Séc. XVIII testemunhou: A Revolução Francesa e a Revolução Industrial.

Revolução Francesa: Devido a ação dos filósofos e escritores iluministas, se repensaram o conjunto dos princípios que organizavam a sociedade francesa, como por exemplo, os privilégios senhoriais, a sociedade dividida em “ordens hereditárias”, o poder exclusivo do clero e o absolutismo do rei. Ao repensarem essa política, perceberam que não havia justiça entre o povo e nem na manutenção daquela sociedade. Assim o povo derrubou a legitimidade daquele sistema e exigiu que se cumprisse o ideal de sua revolução, ou seja, uma nova sociedade mais livre, igualitária e mais fraterna, conceitos necessários para o desenvolvimento de qualquer sociedade.

Revolução Industrial: Teve grande importância para o surgimento da sociologia devido as grandes mudanças nas estruturas das cidades.

Pode-se dizer que a industrialização gerada por essa revolução é a potencialização da burguesia. Além da melhoria da tecnologia e racionalização da divisão do trabalho, foi determinante para o aumento da produção econômica, gerando um padrão que se difundiu inicialmente pela Inglaterra, França e depois o resto da Europa.

O campesinato virou  operariado e passou a viver ao redor das fábricas o que ocasionou um considerável aumento populacional. Crescendo a Densidade Demográfica, conseqüentemente os problemas sociais também passaram a crescer, problemas que se tornaram objetos de estudo da Sociologia.

Não podemos esquecer que essa revolução foi responsável pela consolidação do capitalismo, fator responsável por todas as mudanças que configuraram o mundo de hoje.



Dicas de Leitura:

- O Capital – Karl Marx

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Coordenadas Geográficas

As coordenadas geográficas são um sistema de linhas sobre o globo ou o mapa. As coordenadas geográficas são os paralelos e os meridianos.
Coordenadas Geográficas
As coordenadas geográficas são como imensas ruas ou caminhos que se cruzam sob toda a superfície terrestre, mas diferentes das ruas e avenidas de nossa cidade, as coordenadas não são visíveis.
Por isso, os paralelos e os meridianos são linhas imaginárias, traçadas apenas sobre os mapas e o globo terrestre.
Os paralelos e os meridianos são indicados por graus de circunferências. Um grau (1°) corresponde a uma das 360 parte iguais em que a circunferência pode ser dividida.
Um grau por sua vez dividi-se em 60 minutos (60') e cada minuto pode ser divido em 60 segundos (60"). Assim um grau é igual a 59 minutos e 60 segundos.
Fonte: www.maristas.org.br
Coordenadas Geográficas
Sistema referencial de localização terrestre baseado em valores angulares expressos em graus, minutos e segundos de latitude (paralelos) e em graus, minutos e segundos de longitude (meridianos), sendo que os paralelos correspondem a linhas imaginárias E-W paralelas ao Equador e os meridianos a linhas imaginárias N-S, passando pelos polos, correspondentes a interseção da superfície terrestre com planos hipotéticos contendo o eixo de rotação terrestre.
O sistema de paralelos usa o Equador como referencial 0 (zero) e os valores angulares crescem para o N e para o S até 90 graus, cada grau subdividido em 60 minutos e cada minuto em 60 segundos; para distinguir as coordenadas ao norte e ao sul devem ser usadas as indicações N e S respectivamente.
O sistema de meridianos usa um meridiano arbitrário que passa em Greenwich, na Grã Bretanha, como origem referencial 0 (zero) e os valores angulares crescendo para o oeste e para o leste até 180 graus, cada grau subdividido em 60 minutos e cada minuto em 60 segundos; para distinguir as coordenadas dos hemisférios terrestres ocidental e oriental devem ser usadas as notações internacionais W e E, respectivamente.
Assim, a localização de um ponto terrestre pode ser expressa pela interseção de latitude com longitude; exemplos: 20o35'45"N-45o25'00"W; 20o35'45"S-45o25'00"E..
Deve ser observado que 1 grau de intervalo de longitude no Equador corresponde, aproximadamente, a 112 km e que vai se estreitando para os polos onde viram um ponto (à semelhança de um gomo de laranja).
Fonte: www.unb.br




Geografia – Texto 5 – Agrossistemas



Agrossistemas: É a interação entre as técnicas implantadas na agricultura e na pecuária, considerando os impactos gerados com essa prática. Devem-se considerar três elementos básicos, que irão determinar a forma de produção. São eles: O Capital empregado, o trabalho e a terra.

Os agrossistemas são classificados em:

Tradicionais: Que não requer recursos sofisticados, como tecnologias e especialização. A produção geralmente é baixa e destinada apenas para o consumo próprio ou para baixa comercialização. O trabalho é feito manualmente envolvendo pequenas propriedades e com pouco investimento financeiro. Caracterizado pela prática Extensiva. Ex. Agricultura Intinerante.

Modernos: Os agrossistemas modernos, ao contrário dos tradicionais, visam uma produção em grande escala, na perspectiva de gerar grandes lucros. Para isso, utilizam vários recursos tecnológicos que vão desde o uso de fertilizantes e adubos químicos, maquinários e monitoramento especializado. Envolve grandes propriedades e um alto investimento financeiro. É caracterizado pela prática intensiva. Ex. Agricultura de precisão.

Alternativas: Tem como principal objetivo a redução dos impactos ambientais. Por essa razão, não se utiliza fertilizantes, pesticidas ou adubos químicos e nem qualquer outro elemento que possa prejudicar o meio ambiente. Com essas práticas recolhe-se produtos mais saudáveis e de boa qualidade. Suas técnicas exigem um bom investimento capital e também de um espaço privilegiado com estufas e outras estruturas. Necessita-se também de algum nível tecnológico e especialização, monitoramento e um clima favorável de acordo com o produto a ser produzido. Essa prática pode ser extensiva ou intensiva, dependendo de quem produz e o destino da sua produção. Ex. Agricultura Orgânica e Agricultura sem solo.


Pecuária: É a atividade que envolve a criação, a domesticação e a reprodução de animais. Integra junto com a agricultura os agrossistemas e representa um forte fator econômico, pertencendo primeiramente ao Setor Primário e num segundo momento, dependendo dos seus produtos, ao setor Secundário.

Pecuária Intensiva: Visa a obtenção de carne e leite em grande escala, para exportação. Exige recursos financeiros alto e o uso de tecnologia, assim como assistência veterinária. O gado fica confinado, ou seja, não vive solto nas pastagens, permanecendo parte do tempo preso em currais ou estábulos onde recebem alimentação e cuidados.

Pecuária Extensiva: Visa a obtenção de carne e leite, mas em baixa escala, sem muitos recursos financeiros e com pouco ou sem nenhum recurso tecnológico. O gado fica solto no pasto e a pastagem geralmente é natural.

A pecuária também trabalha com produtos secundários como lã, seda, couro entre outros, que depois de processados e industrializados passam a compor o Setor Secundário da economia.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

BÚSSOLA MAGNÉTICA

Uma bússola pode ser descrita, em poucas palavras, como um pequeno imã em forma de agulha que gira sobre uma rosa-dos-ventos.
Afastada de qualquer imã, é um eficiente instrumento de orientação, uma vez que aponta sempre para o pólo norte terrestre.
Quando sob a ação de um imã colocado em suas proximidades, aponta para a resultante da composição dos dois campos, o terrestre e o do imã.
Se o último está muito perto, então passa a predominar sobre o campo terrestre e a bússola praticamente "sente" somente a presença do campo criado pelo magneto.
Bússola

A primeira referência clara à bússola encontra-se numa enciclopédia chinesa elaborada em 1040 da era cristã, em que se descreve a fabricação de agulhas magnéticas. É provável que o aparelho tenha sido usado inicialmente não como auxiliar de navegação, mas como recurso mágico para prever acontecimentos futuros.
Originalmente a bússola chinesa compunha-se de um pedaço de magnetita (óxido de ferro magnético), escavado em forma de colher e colocado a flutuar na água. Influenciada pelo campo magnético terrestre, a magnetita flutuante tomava sempre a mesma direção ao longo do eixo norte-sul.
Como o tempo, os chineses aprenderam a magnetizar o ferro, friccionando-o com magnetita ou aquecendo-o e deixando-o imóvel até esfriar.
Bússola

O primeiro registro de uso de bússola no mar encontra-se num relatório chin6es de 1115 d.C.
A primeira bússola de navegação possuía um ponteiro em formato de peixe, equilibrado sobre um eixo vertical. Tratava-se, contudo, de um instrumento bastante inadequado, útil apenas para navegação em mares muito calmos.
É difícil determinar como a bússola foi introduzida na Europa e nos países islâmicos. No final do século XIII, o instrumento era amplamente utilizado em todo o continente europeu.
Por volta de 1300, introduziram-se dois aperfeiçoamentos importantes na forma original do instrumento. O primeiro consistiu na colocação da bússola em argolas de sustentação. Estas eram compostas de anéis concêntricos de latão, articulados de tal modo que, quando o navio balançava, a bússola permanecia na posição vertical.
A segunda inovação foi a introdução da rosa-dos-ventos, assinalada com quatro pontos cardeais e suas subdivisões. Antes da adoção desse equipamento, a agulha só podia ser utilizada como simples controle da direção tomada pelo navio.
A rosa-dos-ventos permitia ao navegante demarcar com precisão e controlar continuamente o curso do timoneiro.
Durante o século XIX, à medida que os armadores navais passavam a usar mais ferro na construção, as embarcações se perdiam devido à interferência magnética da estrutura na agulha.
A solução para esse problema consistiu em instalar no suporte da bússola um sistema de compensação por conjuntos separados de ímãs e blocos de ferro doce.
As bússolas montadas em base fixa, como as utilizadas em agrimensura, são muito simples embora de alta precisão. Um imã suspenso num pivô com visor pode ser incorporado a um teodolito para medir os ângulos horizontal e vertical.
Bússola

A bússola giroscópica depende da propriedade de um giroscópio para funcionar. Nesse tipo de bússola, o giroscópio é alinhado ao longo do eixo norte-sul e mantém este alinhamento à medida que o navio ou avião muda a sua direção devido à sua inércia rotacional. A bússola giroscópia não é afetada pelos componentes metálicos do veículo e aponta na direção do norte verdadeiro e não na direção do norte magnético. Na maioria dos navios a bússola giroscópia substituiu a bússola magnética na navegação e é um equipamento padrão virtualmente em todos os aviões.
Fonte: br.geocities.com
BÚSSOLA:

A bússola, mais conhecida pelos marinheiros como agulha, é sem dúvida o instrumento de navegação mais importante a bordo. Ela teve sua origem na China do século IV a.C. Sua adaptação e reconhecimento no Ocidente aconteceu cerca de 1.500 anos depois.
A primeira referência deste instrumento na Europa aparece em um documento de 1190, chamado "De Naturis Rerum". As primeiras bússolas chinesas não utilizavam agulhas.
Eram compostas por um prato quadrangular representando a Terra. O "indicador"(objeto que indica a direção), com forma de concha, era de pedra imantada e a base (prato), de bronze. Um círculo no centro do prato representava o céu e a base quadrada, a terra.
Bússola

Foi Flávio Gioia que em 1302 alterou a bússola para ser usada a bordo, usando a agulha sobre um cartão com o desenho de uma rosa-dos-ventos. Os rumos ou as direções dos ventos têm origem na antigüidade.
Na Grécia começaram com dois, quatro, oito e doze rumos. No início do século XVI surgem já 16 e na época do Infante D. Henrique já se usavam rosas-dos-ventos com 32 rumos. Primeiramente o rumo era associado à direção dos ventos e só mais tarde aos pontos cardeais.
Em certas rosas-dos-ventos, no local que indicava o Leste, aparecia desenhada uma cruz que mostrava a direção da Terra Santa. A declinação de uma agulha é a diferença que uma bússola marca entre o norte geográfico e o norte magnético.
Bússola

O cabo da concha indicava o sul. A concha é uma representação simbólica da Ursa Maior. A base continha caracteres chineses que assinalavam os oito pontos principais: norte, sul, leste, oeste, nordeste, noroeste, sudeste e sudoeste. A introdução da agulha aumentou a precisão da leitura.
Foi nessa época que os chineses introduziram os primeiros marcadores e indicadores, elementos fundamentais da ciência moderna.
A Lo Pan é um instrumento complexo, desenvolvido através dos séculos, pelos chineses, para que os praticantes pudessem fazer precisos cálculos de tempo e espaço em sua ciência.
O cálculo da direção pode ser efetuado com uma Lo Pan ou com uma bússola normal. Não existe diferença. A Lo Pan apenas nos indica um cálculo mais preciso, e algumas facilidades em relação às direções e as características do local.
Ao longo do tempo veio a verificar-se que a declinação variava com o tempo e o lugar. Também foi D. João de Castro o primeiro a descobrir o desvio de uma agulha, ou seja, o efeito que massas de ferro próximas tem sobre uma bússola.
Este efeito obrigou a cuidados com o posicionamento da bússola perto de peças da artilharia, âncoras e outros ferros. Esta foi uma das razões para que os morteiros, as caixas que protegem as bússolas, fossem, no início, de madeira.
Durante o século XVI as bússolas portuguesas tinham, pelo menos desde 1537, um sistema de balança para manter o morteiro horizontal.
O morteiro era colocado numa coluna de madeira, mais tarde de metal, a bitácula, à frente da roda do leme. A bitácula contêm um sistema chamado cardan que permite que o morteiro se mantenha na horizontal apesar das oscilações do barco.
Texto extraído de forma integral do site http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/bussola/bussola-1.php

SISTEMATIZAÇÃO DA GEOGRAFIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA

O estudo da geografia abrange, hoje, grande complexidade de aspectos. O desenvolvimento dos meios de comunicação, o crescimento demográfico, descoberta de novos meios de explorar a superfície terrestre, a evolução da técnica em geral, e a entrada do capitalismo trará profundas transformações na geografia, no plano da realidade e no plano do saber.

A geografia começa a ser observada a partir do momento em que se necessita orientação com a ajuda da ciência às expedições que abrirão as portas das civilizações. A articulação entre cientistas e exploradores compõe a espinha dorsal dos trabalhos.

Há uma intensa controvérsia sobre a matéria tratada pela geografia, sendo atribuídas múltiplas definições a esta ciência. Algumas delas são:
§ Estudo da superfície terrestre: esta definição apóia-se no significado etimológico do termo Geografia - descrição da terra, por descrever todos os fenômenos manifestados na superfície do planeta, sendo uma espécie de síntese de todas as ciências.
§ Estudo da paisagem: mantendo concepção da ciência de síntese, pois associa múltiplos fenômenos estando visíveis a aspectos visíveis do real. Possui duas variantes: a morfológica que é descritiva, sendo objeto de estudo elementos e formas; e a fisiológica que relaciona elementos e dinâmicas observando o funcionamento da paisagem, nessa perspectiva seria a idéia de organismo com funções vitais e elementos que interagem;
§ Estudo da individualidade dos lugares: compreendendo o caráter singular de cada porção do planeta, através da descrição, podendo ter uma visão ecológica. Propõe-se o estudo de uma unidade espacial passível de ser individualizada;
§ Estudo da diferenciação de áreas: através da individualização e comparação, propondo uma perspectiva mais generalizada e explicativa. São buscadas as regularidades da distribuição e das inter-relações dos fenômenos;
§ Estudo das relações entre o homem e a natureza: que podem ser as influências da natureza sobre o desenvolvimento da humanidade, estudo das relações entre homem e natureza e com os dois tendo o mesmo peso, trabalhando com os fenômenos naturais e humanos.
§ Estudo do espaço: que só seria aceito se fosse concebido como um ser específico do real, com características e com uma dinâmica própria somente depois de demonstrar a afirmação efetuada. A expressão espaço aparece como vaga, ora estando associada a uma porção específica da
superfície da Terra identificada seja pela natureza, seja por um modo particular como o homem ali imprimiu suas marcas, seja com referência a simples localização.

Como ciência social a geografia tem como objeto de estudo a sociedade que, no entanto, é objetivada via cinco conceitos-chave que guardam entre si forte grau de parentesco, pois todos referem à ação humana modelando a superfície terrestre: paisagem, região, espaço, lugar e território.

O percurso: busca de entendimento nas formas de análise


A Geografia atual é um amálgama, mistura de elementos diversos que contribuem para formar um todo.
Mesmo sendo um saber tão antigo quanto a própria história dos homens o atual discurso da geografia é o produto final dos embates que denominam as relações entre os imperialismos alemão e francês ao longo do século XIX, havendo uma luta entre concepções divergentes a respeito da forma como se dá a relação entre o homem e o meio.

A Geografia nasce colada, de um lado, às lutas democráticas que se desenrolam nas cidades gregas e atravessam praticamente toda a sua história. A Geografia que irá desenvolver será a que veremos servindo ao Estado, concebida com relatos e mapas, e assim passará para a história como a Geografia.
A relação feudalista /capitalista surge como questão do espaço, temas como domínio e organização do espaço, apropriação do território, variação regional, entre outro, estarão na ordem do dia na prática da sociedade alemã, e as primeiras colocações no sentido de uma Geografia sistematizada vão ser de Humboldt e Ritter, que criam uma linha de continuidade no pensamento geográfico.

Dos romanos à "idade da ciência" (século XVIII-XIX) a geografia terá sua imagem alinhada como um inventário sistemático de terras e povos. A história da Geografia é um salto fantástico no tempo e no espaço, durante o correr dos séculos a Geografia não tem "escolas", então a partir do século XVIII desenvolver-se-ão as "escolas".

A Escola Alemã


A "escola alemã" que surge em duas vias de discussões: a "Geografia político-estatística" que define o papel da Geografia como sendo uma montagem do painel mais amplo e sistemático possível de uma dada conjuntura e a "Geografia pura" que assenta a tônica na unidade da base regional, sendo para ela critério os limites naturais do terreno. A Geografia não podia continuar sendo um quadro descritivo de uma dada situação conjuntural. O capitalismo alemão carecia de soluções práticas.
O Kantismo foi decisivo nesta etapa, para Kant o conhecimento deve ser empírico havendo um "sentido interno" que revela o homem (Antropologia pragmática) e um "sentido externo", que revela a natureza (Geografia física). A Geografia é a localização do fenômeno no espaço.
Outros importantes teóricos foram Humboldt e Ritter, sendo os precursores da Geografia moderna, eles vêem a Geografia como sendo a totalidade das coisas naturais e humanas, na qual os homens vivem e sobrevivem. Com Ratzel que o comprometimento da Geografia com os desígnios imperialistas da burguesia alemã mostrar-se-á com maior transparência, e dirá que o homem é que determina o seu meio natural (Determinismo).

Humboldt possui conteúdos normativos explícitos, justificando a explicitação de seus próprios procedimentos de análise. O objeto geográfico é a contemplação da universalidade das coisas, de tudo que coexiste no espaço concernente a substâncias e forças, da simultaneidade dos seres materiais que coexistem na terra. O estudo reconhece a unidade na imensa variedade dos fenômenos, descobrindo pelo livre exercício dos pensamentos e combinando as observações a constância dos fenômenos em meio as suas variações aparentes. O seu método era o empirismo raciocinado (intuição a partir da observação).

A obra de Ritter é metodológica, define o conceito de sistema natural como a área delimitada dotada de uma individualidade. A Geografia deveria estudar estes arranjos individuais e compará-los. O homem seria o principal elemento, ele fazia um estudo dos lugares. Sua análise era empírica, como ele dizia era necessário caminhar de "observação em observação". Procurava chegar a uma harmonia entre a ação humana e os desígnios divinos, manifestos na variável natureza dos meios. Possuía uma proposta antropocêntrica (homem é o sujeito da natureza) e regional (estudo da individualidade), valorizando a relação homem-natureza.
A importância maior da proposta de Ratzel reside no fato de haver trazido, para o debate geográfico, os temas políticos e econômicos, colocando o homem no centro das análises. Mesmo que numa visão naturalizante, e para legitimar interesses contrários ao humanismo. Da crítica a Ratzel sairá o elemento-chave que é a teoria do possibilismo.

A Escola Francesa


A "escola francesa" propõe uma Geografia informativa e descritiva, ensinada nas universidades como disciplina auxiliar do ensino da história, tendo também uma feição informe e utilitária.
Um de seus expoentes foi La Blache que personificará a escola por espelhar em suas idéias melhor que qualquer de seus companheiros as aspirações do Estado Francês. A escola apoiar-se-á no funcionalismo por via do qual absorve o positivismo.

La Blache discute a relação homem-natureza, não abordando as relações entre os homens. É por esta razão que a carga naturalista é mantida, apesar do apelo à História, contida em sua proposta.
A geografia divide-se em Geografia Física (Humboldt) e em Geografia Humana (Ritter). Haverá a separação entre Geografia Geral (Humboldt) e Geografia Regional (Ritter). Há uma reciprocidade de influências entre o homem e o meio, no interior da qual a vontade humana dota o homem de ampla possibilidade de dominar seu meio.

A Escola Anglo-saxônia


A "escola anglo-saxônia" apresenta a "Geografia quantitativa e teorética", e o substrato que lhe dá substância é a mundialização do capital; possui base neopositivista (positivismo lógico). Seu caráter revolucionário aplica o salto para a fase explicativa. Falhando, pois era mais conhecido o "terreno" pessoalmente que computadorizado.

Nós a aprendemos e percebemos por força do próprio cotidiano, fazemos parte do espaço geográfico. A Geografia é um saber vivido e apreendido pela própria vivência. Mas nem sempre a aparência é o real. A realidade esconde-se por trás da aparência, "a ciência seria desnecessária se toda essência coincidisse com a sua aparência". Pode sim, haver semelhanças formais, da aparência fazem parte os aspectos visuais e a essência não é só o empírico, mas também a realidade causal.

Os métodos da Geografia sendo usada como geometria do espaço, não procura causas, consiste em uma sucessão de passos cujo fim é a inferência causal: coligir dados compará-los, classificá-los, estabelecer generalizações e extrair explicação causal.Estes passos podem ser resumidos a três sucessivas: observação, formulação de hipóteses e inferência de leis; pela via da comparação extraem-se as "leis" (generalizações) e pela via das correlações extraem-se os "padrões".

Temas para a análise da geografia


Pela concepção do todo Ritter diz que a Geografia deveria ser estudada em partes individualizadas, mas interligadas por finalidades, formando um todo. Humboldt diz que o todo é uma unidade de diversidade e a síntese era feita a partir da relação existente entre a vida orgânica e a inorgânica. A Geografia alemã usa sínteses sucessivas, usando uma temática dos métodos.

Na "escola francesa" a noção do todo ganha maior refinamento teórico, mas a Geografia super-ramifica-se e terá de se conformar em ser uma "síntese das ciências de análise". A síntese só se obterá ao nível da Geografia Regional que Lacoste dirá que é um todo articulado segundo uma integração que só na sua ordem escalar (escala geográfica) pode ser apreendido.

Na "escola anglo-saxônica" determinada faixa do todo será analisada através de dados estatísticos e matemáticos, sendo que o resultado seria dado através da perspectiva genérica e explicativa do pensamento geográfico.
A sociedade é o tema verdadeiro da Geografia. Ela estudá-la-á a partir daquilo que é a expressão material visível da sociedade: o espaço.

A Geografia está na forma historicamente diferenciada de existência na relação visivelmente distinta com as condições materiais de existência, na forma específica da ligação orgânica entre o homem e a natureza de posse do produto do trabalho, na articulação das relações de conjunto e nas transfigurações espaços-formais.

Do surgimento da crítica


O pensamento da Geografia tem origem na antiguidade clássica (Grécia). É um período de dispersão do conhecimento geográfico, onde é impossível falar dessa disciplina como um todo sistematizado e particularizado. Sodré denomina-o de pré-história da Geografia.

A sistematização tem início no século XIX com pressupostos históricos que se objetivam no processo do avanço e domínio das relações capitalistas de produção. Os pressupostos se baseiam na necessidade de que a terra toda fosse conhecida para que fosse pensado de forma unitária seu estudo; dados referentes aos pontos mais diversificados da superfície deveriam estar levantados e agrupados em alguns grandes arquivos.
Existem outros pressupostos relacionados à evolução do pensamento, como o movimento ideológico e a transição do feudalismo-capitalismo na valorização de temas geográficos pela reflexão da época; afirmação das possibilidades da razão humana, a aceitação pela existência de uma ordem, manifestação de todos fenômenos, passível de ser apreendida pelo entendimento e enunciada em termos sistemáticos.

A efetivação da Geografia ocorria no período de decadência ideológica do pensamento burguês, em que a prática dessa classe, então dominante, visava à manutenção da ordem social existente.]

Certamente, não se pode negar que a sistematização da Geografia, representada por suas escolas colaborou de forma decisiva para se justificar tanto o imperialismo alemão quanto o imperialismo francês.
Entretanto, a sistematização possibilitou uma melhor compreensão da sociedade da qual fazemos parte e até de nós mesmos. Conhecimento este que é aplicado até os tempos atuais.

Como podemos observar, as escolas surgidas nesse contexto de formação do pensamento geográfico estavam realizando uma análise do espaço geográfico de forma "acritica". Os movimentos de renovação da geografia e a própria geografia crítica, conforme o próprio nome já diz, vieram com o intuito de remodelar, revitalizar a forma de se fazer geografia e de se analisar o pensamento geográfico como um todo. Este trabalho ocorreu por meio de importantes geógrafos com Milton Santos e Hartshorne que fizeram pesadas críticas ao sistema decadente, mas não se limitaram apenas a criticar como também trouxeram novas teorias e formas de se trabalhar a geografia.

A geografia finalmente estava voltando a ver o mundo de forma atualizada e crítica como deveria ser. Iniciava-se uma nova forma de pensar...

Conclusão


Considerada por alguns como uma das mais antigas disciplinas acadêmicas, a Geografia surgiu na Antiga Grécia, sendo no começo chamado de história natural ou filosofia natural. A Geografia se propõe a algo mais que descrever paisagens, pois a simples descrição não nos fornece elementos suficientes para uma compreensão global daquilo que pretendemos conhecer geograficamente.

Ir além das aparências significa considerar que por trás de toda paisagem temos, necessariamente, uma dinâmica particular que a determina, que a constrói, que a mantém com determinada aparência. Estudar geograficamente o mundo, no todo ou em parte, é buscar entender como e por que as paisagens apresentam as características que observamos. A geografia deve propor-se a investigar, principalmente, o modo pelo qual a sociedade produz o espaço geográfico.O espaço geográfico não se revela apenas na aparência das coisas, mas, sobretudo na investigação das razões que determinam essa aparência. Podemos compreender que o espaço geográfico inclui a Natureza e o homem.

O positivismo foi de fundamental importância para a Geografia, pois sua sistematização ocorreu de acordo com os princípios positivistas, como o empirismo que deixou fortes influências na Geografia. Os principais autores foram Humboldt que usou o método do raciocínio através do empirismo e da observação; e Ritter que mostrou ao mundo o princípio da relação entre a superfície da terra e a natureza e dos seres humanos, era defensor constante do uso de todas as ciências para o estudo da geografia.

Já sabemos que só a partir deles a Geografia se tornou realmente uma ciência e que sua sistematização proporcionou que virasse uma ciência acadêmica que pudesse ajudar em questões atuais.
Impulsionada por um período de acúmulo de arquivos e dados geográficos referentes a novas terras, a sistematização se torna necessária, potencializando a sintetize de informações e formando-se quadros e teorias geográficas. Tal período ainda não fora totalmente racionalizado, ou seja, seu conteúdo possui alguns traços e marcas da irracionalidade característica de um processo em iniciação. O processo geográfico não se encontra parado, pelo contrário ele flui pelas correntes sucessivas a esse período buscando sua firmação e aprimoramento.

A busca da articulação entre natureza e sociedade não foi tarefa fácil para os geógrafos. Na verdade, construir uma ciência de articulação na época em que surgiu oficialmente a Geografia pareceria ser como remar contra a maré, pois nesse período a visão de ciência dominante privilegiava a divisão entre ciências da natureza e da sociedade.

A fragmentação científica é sem dúvida a força que promove o primeiro impacto na existência da Geografia.
"A geografia serve antes de mais para fazer a guerra". Esta frase de Yves Lacoste aparentemente simples resume perfeitamente este trabalho. A guerra aqui tratada, não é apenas uma guerra de armas e de dominação, mas principalmente, uma guerra de idéias, de teorias, de ciência.

A Geografia em sua busca de novos caminhos e de novas interpretações do mundo se posiciona de uma forma crítica, direcionando sua contribuição para resgatar a importância do espaço no mundo atual. Anteriormente esse papel era o de fonte de recursos, de fornecedor de condições que facilitassem o processo de desenvolvimento. Atualmente busca-se o papel ativo do espaço na sociedade, como uma das instancias sociais e não como um pano de fundo onde as relações sociais ocorreriam. (SANTOS, 1978).