segunda-feira, 7 de abril de 2014

Consciência Ambiental

Consciência Ambiental e Consciência Moral
Prof. Maicon Martta

Muitas vezes pensamos em coisas que nos deixam tristes, preocupados e até mesmo sem esperanças em relação ao próprio destino da humanidade. Não é ser dramático e muito menos trágico. Quisera eu que as pessoas trouxessem de volta a tragicidade grega, a profundidade estética e a relevância do próprio pensar... Mas, os tempos são outros. Vivemos uma época de consumismo, de descrédito na política, na educação e, de certa forma, em nós mesmos. Vivemos em uma época em que nossos heróis dominam bolas de futebol como ninguém, mas que não sabem falar corretamente. Vivemos em uma época em que fazer o certo é motivo de deboche, de riso, de descrédito e o errado é motivo de admiração e aceitação pela maioria.
Nossa política é vista de forma negativa por nós mesmos e pelos demais países do mundo, mas, ao invés de fazer com que o brasileiro se torne mais politizado e mais crítico, faz apenas com que ele se dê risada e aceite as coisas como elas são. Vivemos uma democracia em que esquecemos que quem tem o poder somos nós, e que por mais absurdo que seja, o voto é obrigatório, dando margem para a corrupção e o afastamento do brasileiro da própria política. Possuímos o poder nas mãos, mas parece que apenas poucos sabem que possuem e esses poucos não consegue força para lutar e mudar tudo o que acontece.
Mas ao pensar em tudo isso eu vejo um vilão. Não é uma pessoa, um governante ou um líder mundial. É um velho senhor, que desde muito tempo vem assombrando e moldando toda a nossa condição de vida: é o Sr. Mercado acompanhado da sua Senhora Economia. Eles dominaram tudo e determinaram toda a condição social e configuração social atual. Desde a Revolução Industrial ele chamou para si toda a autonomia e poder. E a partir dali as nações só fizeram seu jogo sujo. Guerras são justificadas pelo seu nome, exclusão social, violência e até mesmo os tão preocupantes problemas ambientais. A Economia se institucionalizou como norma moral. A partir disso ela determina a nossa ação. O que faz com que os problemas ambientais sejam agravados exponencialmente.
O Mercado, este vilão mascarado, que usa a ostentação a seu favor, fez com que o homem contemporâneo criasse novas necessidades, que se pararmos para pensar, não são tão necessárias assim. Com o auxílio da mídia e o marketing de crédito, o homem criou uma nova sociedade: a sociedade de consumo. Essa sociedade cria estereótipos e padrões de beleza e com isso cria uma política do Ter que sobressaí a política do Ser.
É por causa desse Mercado e dessa Economia que existe corrupção. É por causa da busca do lucro que nossas ações, por vezes e na maioria das vezes, se tornam escrupulosa. Atrás de lucro, procuramos o aumento produtivo o que só é possível através da transformação da natureza, na exploração de novas matérias primas e novas fontes energéticas. Tem sido assim desde a Primeira Revolução Industrial e, não obstante os discursos sobre a sustentabilidade, não há interesse algum das grandes corporações de deixar de ganhar (lucrar) em pró do meio ambiente.
Esse pensamento que tem me deixado triste. Este pensamento que tem me deixado preocupado. Consumimos sem perceber que nossa ação é prejudicial ao meio ambiente. E fazemos isso pelo simples fato de que sempre fizemos assim. Em outras palavras, para nós é natural consumir sem se perguntar sobre estas questões. Nossa consciência moral não nos acusa sobre esses atos, uma vez que a economia se tornou parte da nossa moral.
Há inúmeras campanhas de conscientização, mas todas elas são inocentes e infantis se pensarmos no poder das grandes corporações e das grandes empresas que monopolizam os recursos energéticos de maior potencial, que são os fósseis. A utilização da energia eólica ainda é pequena se comparada a utilização de outras fontes energéticas e mesmo em grande quantidade o potencial energético é inferior e o custo mais caro.
Ouvimos falar de reutilização, reciclagem e redução de consumo, aprovamos essa ideia, mas nós mesmos não fazemos. Isso implica uma questão ética se levarmos em conta o conhecimento do problema que enfrentamos atualmente. Vivemos uma época em que o Planeta Terra pede socorro, mas esse grito de socorro é abafado pela propaganda e pela tagarelice dos interesses políticos que sobressaem a esse problema tão sério, porque representa também um interesse econômico. Atitudes simples como a economia no uso da energia elétrica, jogar o lixo no lixo, reciclagem, reutilização de certos produtos para que não se utilize novas matérias primas parecem ser tão fáceis de fazer, mas parece que a maioria das pessoas ainda encontra resistência ao praticar essas medidas. Seria um problema cultural? Um problema ético? Um problema moral? É tudo isso junto.
É um problema cultural porque existem ainda culturas e sociedades que tem a mentalidade presa apenas no local que não consegue perceber a realidade de um ponto de vista cosmopolita, fazendo de suas atitudes verdades incontestáveis, mesmo quando são abomináveis. É o exemplo das práticas tradicionais agrícolas, como a agricultura itinerante. Também é o caso das pessoas menos escolarizadas que não conseguem perceber que simples atitudes podem representar muito no final. É um problema ético, porque aqueles poucos esclarecidos que conhecem a situação e sabem o que devem fazer escolhem, deliberadamente, não fazer nada a respeito. Isso pode ser por causa de hábitos e costumes, mas, na maioria das vezes, é simplesmente por preguiça. As pessoas tem preguiça de fazer o certo, de jogar o lixo no lixo, de economizar água, luz, de separar seu lixo. Tem preguiça de sair da sua zona de conforto e mudar seus hábitos de consumo. Mas é natural, afinal quem tem mais quer sempre mais e quem tem menos quer pelo menos alguma coisa. E, finalmente é um problema moral, porque a economia se institucionalizou como valor moral. Ela acaba determinando as nossas ações em pró desse mecanismo de consumo. Ela cria hábitos novos, novas necessidades e, com isso, faz com que o homem considere tudo isso normal.
As novas gerações se deparam com essa sociedade já formada. Elas apenas interagem no mesmo ritmo. E tudo o que é adverso a esse modus vivendi é duvidoso, ruim e até mesmo perigoso. As pessoas trocam de celular a cada novo modelo que sai da mesma forma, trocam de carro e tudo isso é feito sem pensar. E o mundo continua pedindo socorro, mas nós só ouvimos a propaganda, não escutamos mais os gritos estrangulados do nosso planeta. A consciência ambiental existe, assim como a consciência moral, no entanto, a nossa ética não permite a efetivação de uma política para esse sentido. A economia não deixa, infelizmente.
Fica a reflexão que o poder está ainda em nossas mãos, tanto para os problemas políticos do Brasil, quanto para os problemas ambientais. Nossa democracia representativa permite que escolhamos pessoas através do voto para nos representar, o que nos torna patrões, se acompanharmos devidamente os eventos políticos. Junto com a reflexão, fica também o apelo. Vamos nos politizar, e vamos acabar com a vergonha da corrupção e vamos pensar no meio ambiente como seres que fazem parte da natureza e não que estão fora dela. Este é meu apelo.

Em anexo, tirado do site do Greenpeace Brasil, posto 30 motivos para preservar as florestas do Brasil, e com isso, mais um apelo, assine a petição e torna-se também parte da Liga das Florestas.
Abraço a todos !
30 Motivos para preservar as flores do Brasil:
  1. O Brasil abriga 20% de todas as espécies do planeta.
  2. O mundo perde 27.000 espécies por ano.
  3. A Amazônia ocupa metade do Brasil e abriga 2/3 de todo o remanescente florestal brasileiro atual.
  4. O Brasil detém 12% das reservas hídricas do planeta.
  5. Já perdemos cerca de 20% da Amazônia, o limite estabelecido pela lei.
  6. Na mata atlântica, bioma de mais longa ocupação no Brasil, 93% já foi perdido.
  7. Mesmo quase totalmente desmatado, ainda tem gente que ataca a mata atlântica: a taxa média de desmatamento de 2002 a 2008 foi equivalente a 45 mil campos de futebol por ano.
  8. Perdemos 48% do cerrado.
  9. Perdemos 45% da caatinga.
  10. Entre 2002 e 2008, a área destruída no cerrado foi equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol por ano. Na caatinga, a 300 mil campos.
  11. Perdemos 53% dos pampas.
  12. Entre 2002 a 2008 é equivalente a 4 mil campos de futebol por ano nos pampas.
  13. Perdemos 15% do Pantanal.
  14. Por ano, perde-se 713 km2 de Pantanal.
  15. Se mantivermos as taxas de desmatamento registradas até 2008 em todos os biomas, perderemos o equivalente a três Estados de São Paulo até 2030.
  16. O Brasil é o 4º maior emissor de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global, principalmente porque desmatamos muito.
  17. 61% das nossas emissões vêm do desmatamento e queima de florestas nativas.
  18. A expansão pecuária na Amazônia é, sozinha, responsável por 5% das emissões de gases-estufa em todo o mundo.
  19. Mudanças climáticas impactam diretamente as cidades brasileiras. Catástrofes como os que vimos no Rio no início do ano serão comuns. Preservar as florestas ajuda a regular o clima e proteger as populações.
  20. Mudanças climáticas impactam diretamente a agricultura. A Embrapa, por exemplo, prevê desertificação do sertão nordestino e impacto nas principais commodities brasileiras, como soja e café; os mais pobres sofrem mais.
  21. Saltamos de uma taxa de 27 mil km2 de desmatamento na Amazônia em 2004 para menos de 7 mil em 2010. É possível zerar essa conta!
  22. Empresas que comercializam soja no Brasil são comprometidas, desde 2006, a não comprar de quem desmata na Amazônia. A produção não foi afetada e o mercado pede por produtos desvinculados da destruição da floresta.
  23. Os maiores frigoríficos brasileiros anunciaram em 2009 que não compram de quem desmata na Amazônia. O mercado não quer mais desmatamento.
  24. O Brasil pode dobrar sua área agrícola sem desmatar, ocupando áreas de pasto ou abandonadas.
  25. 60% da vegetação nativa do Brasil está contida nas reservas legais – instrumento de preservação do Código Florestal que os ruralistas tentam acabar.
  26. A pecuária ocupa cerca de 200 milhões de hectares, quase ¼ de todo o Brasil. Boi ocupa mais espaço que gente. E isso porque a produtividade da pecuária no Brasil é muito baixa: 1 boi por hectare. Dá para triplicar o rebanho sem desmatar.
  27. Um terço de todo o rebanho bovino brasileiro está na Amazônia, onde 80% da área desmatada é ocupada com bois. Ali há 22,4 milhões de hectares de pastagens abandonadas e degradadas, ou uma Grã-Bretanha, que poderiam ser reaproveitadas. Só não são porque derrubar é mais barato.
  28. Mais de 70% das espécies agrícolas cultivadas dependem de polinizadores, que por sua vez dependem da natureza em equilíbrio. A FAO calcula que esse serviço prestado pelos insetos é equivalente a € 150 bilhões (R$ 345 bilhões), ou 10% produto agrícola mundial.
  29. O Código Florestal surgiu em 1934 e foi renovado em 1965, por técnicos e engenheiros ligados ao Ministério da Agricultura. É uma lei nacional, feita para proteger os recursos naturais em benefício de todos. Ele precisa ser fortalecido em sua missão.
  30. Num cenário de desmatamento zero, a agricultura familiar teria tratamento diferenciado. Isso porque, a despeito de ocupar apenas 25% da área agrícola brasileira, é o real responsável por produzir a comida (70% do feijão, 58% do leite e metade do milho brasileiro vem da agricultura familiar) e por gerar emprego no campo (74% da mão de obra).

http://ligadasflorestas.com.br/

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

INDÚSTRIA CULTURAL:
A comercialização da arte e seu reflexo[1]
(continuação)
Prof. Maicon Martta
Parte 2:

  1. A indústria cultural como fator alienador na sociedade e suas conseqüências:

A indústria cultural é uma conseqüência da nova sociedade de consumo nascida da consolidação do capitalismo como herança das revoluções do séc. XVIII, ou seja, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.
Com o advento do capitalismo e as novas facilitações de créditos e a grande demanda dos mais variados produtos oferecidos no mercado, o homem, como “ser no mundo”, fascinado pelas novas possibilidades, acabou por criar novas necessidades, que por sua vez, caracterizaram a Sociedade de Consumo. Podemos fazer uma analogia entre a Sociedade de Consumo e a relação do não-ser expresso na obra Filosofia da Libertação, de Enrique Dussel. Escreve Dussel:
“O pensamento crítico que surge na periferia – à qual se deveria acrescentar a periferia social, as classes oprimidas, os lupem – termina sempre por dirigir-se ao centro. É sua morte como filosofia; é seu nascimento como ontologia acabada e como ideologia. O pensamento que se refugia no centro termina por ser pensado como a única realidade. Fora de suas fronteiras está o não-ser, o nada, a barbárie, o sem sentido. O ser é o próprio fundamento do sistema ou a totalidade de sentido da cultura e do mundo do homem do centro.” [2]

Dussel escreveu essas linhas visando uma filosofia própria da América Latina, uma filosofia libertadora, uma filosofia para a periferia não só concentrada nos grandes centros representados pelos países europeus. O não-ser, no exemplo de Dussel, é o homem da periferia, é aquele que não participa do centro, é o oprimido. No contexto atual de uma Sociedade de Consumo, o não-ser pode muito bem ser representado por aquele que não pode comprar. No nosso mundo mecânico, em que a economia domina por causa da sua relação de poder, quem não pode comprar “não é”, quem não pode adquirir está fora do sistema, é o nada e o sem sentido. O “ser”, na Sociedade de Consumo, está anexado ao conceito de “Ter”, de “adquirir”. E numa sociedade em que o Consumo se torna sinônimo de existência, é natural pensar na “Indústria” que a sustenta.
É partindo desta contextualização que a crítica da Escola de Frankfurt, mais precisamente com Adorno e Horkheimer, se endereça à arte e sua comercialização, criando o termo Indústria Cultural. Porque como qualquer outro produto, a arte acabou por se anexar nesse mesmo processo de industrialização e comercialização. E com o desenvolvimento do Cinema e das rádios, a arte passou a ser um simples produto e, por conseqüência, um problema a ser pensado pela filosofia e também pela sociologia.
Por que essa comercialização da arte representa um problema a ser pensado? Primeiramente por causa do próprio processo de composição dessas obras. Anteriormente, a arte era composta visando a transcendência da própria obra caracterizado pelo talento do artista, que por sua vez, buscava se eternizar pela grandeza e clareza da sua arte. Com o mercado, o artista deixou de se preocupar com esse aspecto transcendente da sua obra e passou a se preocupar com o aspecto lucrativo que ela pode gerar. Não importa mais se a sua obra vai transcender a si mesma e perpetuar, o que importa é que ela esteja no mercado, que ela seja ouvida ou vista pelo maior número de pessoas possíveis, não importando se dentro de curto espaço de tempo ela caia no esquecimento. Podemos perceber este fenômeno com maior clareza nos dias de hoje no que concerne à música. Notoriamente percebemos no cenário musical, obras que não duram mais do que um ano ou dois e depois ninguém mais ouve falar. São produtos tipicamente comerciais, produzido para grande massa, produtos da indústria cultural. O artista deixou de transcender seu espírito, e em troca disso, passou a se preocupar com o aspecto lucrativo de sua arte, em contrapartida a própria composição se torna bem aquém do esperado, é o que Mukarovský chama de “obra-coisa”[3].  
Um outro elemento que faz com que esse problema da comercialização explorada por uma indústria cultural deva ser pensado, é a própria aceitação por parte da massa. Aqui, Adorno aprofunda sua crítica. Segundo ele, o próprio conceito de gosto acaba sendo afetado. Toda vez que a paz musical, escreve Adorno, se apresenta perturbada por excitações bacânticas, pode se falar da decadência do gosto[4]. Segundo o autor da Dialética do Esclarecimento, o conceito de gosto está decaído. O gosto deixou de ser um critério subjetivo de avaliação de acordo com a razão e o senso estético em bom ou ruim. O gosto passou a ser reconhecimento.
[...] Em vez do valor da própria coisa, o critério de julgamento é o fato de a canção de sucesso ser conhecida de todos; gostar de um disco de sucesso é quase exatamente o mesmo que reconhecê-lo. O comportamento valorativo tornou-se uma ficção para quem se vê cercado de mercadorias musicais padronizadas. Tal individuo já não consegue subtrair-se ao jugo da opinião pública, nem tampouco pode decidir com liberdade quanto ao que lhe é apresentado, uma vez que tudo o que se lhe oferece é tão semelhante ou idêntico que a predileção, na realidade, se prende apenas ao detalhe biográfico, ou mesmo à situação concreta em que a música é ouvida[5].

O que Adorno está dizendo, é que as pessoas não gostam mais da música por seus próprios critérios de avaliação, mas gostam porque reconhece o que está tocando. De tanto ouvirem o que está na rádio, acaba gostando do que se toca. As categorias de arte autônoma, procurada e cultivada em virtude do seu próprio valor intrínseco, já não têm valor para a apreciação musical de hoje.
Adorno é categórico ao reafirmar sua crítica e desgosto sobre a música comercializada, dizendo que o próprio trabalho do artista está prejudicado, uma vez que não tem outro fim a não ser o próprio comércio.
“A música de entretenimento serve ainda – e apenas – como fundo. Se ninguém é capaz de falar realmente, é óbvio também que ninguém é capaz de ouvir. Um especialista americano, que utiliza com predileção em especial a música – [...] alegou que os ouvintes aprenderam a não dar atenção ao que ouvem, mesmo durante o próprio ato da audição”[6].

A teoria crítica de Adorno salienta uma perda simbólica na linguagem. Como o critério subjetivo estético, em termos de bom e ruim deixou de existir, o novo conceito de gosto traz consigo outros elementos problemáticos como, por exemplo, a falta de analise crítica acerca do produto apresentado. Ao considerarmos que “gostar” é “reconhecer”, estamos aceitando sem nenhuma análise o que a Indústria Cultural está nos oferecendo. Esta aceitação sem crítica, segundo Adorno, nos leva à alienação.
A perda da linguagem já é uma conseqüência da alienação provocada pela Indústria Cultural. Sem falar que a própria cultura de massa comercializada por essa indústria, acaba por sugerir tendências e grupos, que acaba forçando o individuo a fazer uma nova imagem de si. A falta de reflexão nos leva a sérias conseqüências neste sentido. Mudamos nossas atitudes e nosso modo de ser para participar de determinados grupos que sofreram influência da indústria cultural. Produzimos-nos e nos adequamos a certos estilos, criando estereótipos em nossas próprias famílias, às vezes gerando conflitos. E, ainda a favor desta ideia lembra-se, por exemplo, que as crianças hoje dominam muito mais cedo a linguagem graças à veículos como o rádio, TV e a internet, e recebem por intermédio deles todos os elementos que constituirão a sua personalidade.
Em vista disso, um olhar cuidadoso deve ser lançado sobre essas mídias, para que o intelecto não caia na teia mansa da mera instrumentalização e na doce preguiça gerada pelo conformismo de simplesmente dizer sim.

Referências Bibliográficas:

ADORNO, Theodor W. O fetichismo da musica e o regresso da audição. São Paulo - SP: Nova Cultural, 2005.
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro - RJ: Jorge Zahar Editor, 1985.
____________________________________. Temas Básicos da Sociologia. São Paulo - SP: Cultrix, 1956.
TEIXEIRA, Coelho. O que é Indústria Cultural. São Paulo – SP: Editora Brasiliense, 1980.
BORNHEIM, Gerd. Páginas de Filosofia da Arte. Rio de Janeiro –RJ: UAPE, 1998.
PAVIANI, Jayme. Estética e filosofia da arte.Porto Alegre – Rs: Editora Sulina, 1973.
MUKAROUVSKÝ, Jan. Escritos sobre estética e semiótica da arte. Lisboa: Editorial Estampa, 1997.
DUSSEL, Emrique. Filosofia da Libertação. São Paulo- SP: Edições Loyola, 1977.



[1] Adaptado do artigo original intitulado “A comercialização da arte e seu reflexo na educação”, apresentado como comunicação no 1ª Congresso Internacional sobre filosofia na Universidade, promovido pelo Departamento de Filosofia do Centro de Letras e Ciências humanas da UEL (Universidade Estadual de Londrina), no Paraná no período de 10 a 12 de maio de 2006.
[2] DUSSEL, E. Filosofia da Libertação. 1977, p. 11.
[3] Cf. MUKAROVSKÝ, Jan. Escritos sobre estética e semiótica da arte, 1997.
[4] ADORNO, Theodor W. O fetichismo na música e o regresso da audição.2005, p.65.
[5] Ibid. p.66.
[6] ADORNO, Theodor W. O fetichismo na música e o regresso da audição.2005, p.67.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


INDÚSTRIA CULTURAL:
A comercialização da arte e seu reflexo[1]
Prof. Maicon Martta
Parte 1:

Com o advento da modernidade e expansão do capitalismo, um efeito causado pelas revoluções testemunhadas pelo Séc. XVIII, uma nova sociedade passou a se desenvolver: a sociedade de consumo.
Em relação ao consumo, não podemos nos abster e nos considerarmos fora do sistema. Todos nós consumimos. Consumir é satisfazer necessidades, no entanto, não podemos ser hipócritas e dizer que não extrapolamos essas necessidades. Ao extrapolarmos nossas necessidades básicas, nos tornamos consumistas e membro participativo dessa sociedade iniciada no começo do Séc. XIX e que vem crescendo de forma assustadora a cada ano. Nós, com poucas exceções, fazemos parte de uma comunidade de consumo.
Os seres humanos, diferentemente dos outros animais, possuem mais do que necessidades fisiológicas e materiais. O humano sente necessidade de se humanizar e para tal, precisa de outros bens além do que se encontram no mercado ou nas lojas de conveniências. Por ser dotado de razão e sentimento, o homem necessita de bens culturais, além de fazer perpetuar o seu lado emotivo. Sendo assim, ele necessita se relacionar com o outro, no seio de sua família, na alegria de amigos e pessoas queridas, assim como extravasar suas angústias em bens simbólicos, como a arte.
Com o crescimento das cidades, fenômeno notório após a Revolução Industrial, a necessidade de se adquirir bens simbólicos se tornou tão exigente quanto à necessidade de se adquirir bens materiais. Com os problemas sociais, que afloraram juntamente com o desenvolvimento das cidades e a mudança repentina do espaço urbano, surgiram também problemas existenciais, angústias e ressentimentos. E como fármaco para esses males modernos, a Arte ascendeu como medida renovadora.
Não obstante, o seu efeito restaurador, a Arte, ainda era restrita para poucas pessoas, geralmente as que eram consideradas mais cultas. Apesar disso, a partir do inicio do Séc. XX, com a difusão dos meios de comunicação, novos artistas começaram a surgir e com eles novas manifestações artísticas, principalmente no cenário musical. Dessa forma, com o desenvolvimento das rádios, desenvolveu-se também uma nova manifestação musical, que passou a atender as grandes massas. Diante desta respectiva, pensadores passaram a analisar este fenômeno e refletir sobre os seus efeitos. Os primeiros a analisarem os efeitos comerciais da arte, em especial da música, foram os pensadores da chamada Escola de Frankfurt.
O conceito de Indústria Cultural surgiu pela primeira vez na década de 40, mais precisamente no ano de 1947 na obra Dialética do Esclarecimento, de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. Segundo estes autores, o novo cenário que se formava, com o desenvolvimento do cinema, a disseminação da literatura em revistas, livros de bolso e da música, constituíam um novo sistema[2]. Este novo sistema, que os autores acentuam, é um sistema de consumo, em que a própria Arte se descaracterizava para se transformar num produto, ou, num negócio. Escreve Adorno e Horkheimer:

[...] O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade de que não passa de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo que propositalmente produzem. Eles definem a si mesmos como indústrias, e as cifras publicadas dos rendimentos de seus diretores gerais suprem toda dúvida quanto à necessidade social de seus produtos.[3]

Fica evidenciada, na citação a posição dos autores quanto à composição das obras que eram intituladas como arte. Uma posição que, se pararmos para refletir, não está tão desatualizado, basta meditar sobre algumas letras de músicas, vazias em conteúdo e melodia. Adorno era musicólogo e um músico excelente, por esse motivo não poupou críticas ao cenário musical de sua época e à pobreza de suas composições. Também não poupou críticas ao cenário que essas obras estavam inseridos, motivados por uma indústria que invés de servir como fármaco, levava à alienação. Alienação essa que vinha mascarada pelo lucro obtido pelas vendas. Aqui já havia ficado denotado uma crítica a razão instrumental que mediaria todo esse processo.
Ao visarem à produção em série e à homogeneização, as técnicas de reprodução sacrificam a distinção entre o caráter da própria obra de arte e do sistema social. Por conseguinte, se a técnica passa a exercer imenso poder sobre a sociedade, tal ocorre, segundo Adorno, graças, em grande parte, ao fato de que as circunstâncias que favorecem tal poder, são arquitetadas pelo poder dos economicamente mais fortes sobre a própria sociedade. Em decorrência, a racionalidade da técnica identifica-se com a racionalidade do próprio domínio. Por esse motivo, Adorno classifica a música de rádio e o cinema, como “negócios” e não como Arte; existe uma poderosa Indústria por trás de todos esses eventos.
Para Adorno e Horkheimer, a indústria cultural, ao aspirar à integração vertical de seus consumidores, não apenas adapta seus produtos ao consumo, como determina o próprio consumo. Interessada nos homens apenas enquanto consumidores ou empregados, a indústria cultural reduz a humanidade em seu conjunto, assim como cada um dos seus elementos às condições que representam seus interesses. O que acaba por determinar o próprio conceito de gosto, como se verá mais adiante.

Sugestão de Leitura:

- Dialética do Esclarecimento - Adorno e Horkheimer.



[1] Adaptado do artigo original intitulado “A comercialização da arte e seu reflexo na educação”, apresentado como comunicação no 1ª Congresso Internacional sobre filosofia na Universidade, promovido pelo Departamento de Filosofia do Centro de Letras e Ciências humanas da UEL (Universidade Estadual de Londrina), no Paraná no período de 10 a 12 de maio de 2006.
[2] Cf. ADORNO, Theodor W., HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento, 1985.
[3] ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento, 1985, p. 114. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013


FILOSOFIA: UMA ETERNA COMPANHEIRA

 

Maicon Martta

 

Quando pensamos em filosofia, muitas vezes não nos damos conta de que ela é uma antiga companheira do homem. Nos acompanha desde a antiguidade, onde os gregos elaboravam princípios universais baseados na natureza, até a contemporaneidade. A filosofia está presente, quer nas formas místicas das religiões ou nas indagações da reflexão crítica, sempre acompanhando o desenvolvimento do homem. Segundo o professor da Universidade de São Paulo, Luis Washington Vita, a filosofia é “germinada no silencioso universo da reflexão, projetando-se para o mundo exterior, transformando a História, reformulando contextos sociais e ofertando à ciência métodos indispensáveis ao domínio da natureza”.

Podemos dizer, então, num primeiro momento, que a filosofia é tão antiga quanto a própria humanidade, sendo ela um modo de designar a força interrogativa e intelectiva do homem e das suas relações num sentido de profunda compreensão de tudo quanto existe como um todo. Num Segundo momento, porém, podemos dizer que a filosofia é também uma reflexão crítica sobre todos esses problemas e paradigmas, uma reflexão sobre as soluções que foram dadas e sobre o pensamento que as exprimiu.

A palavra filosofia, etimologicamente, se compõe de dois vocábulos gregos: philein e Sophia significando “amor à sabedoria”. Mas o que significa “Amor à Sabedoria”? Podemos dizer que esse termo foi usado como sinônimo de curiosidade ou desejo de saber, o que diz respeito às coisas humanas, tendo, pois, desde as suas origens, uma significação preponderantemente humanística. Mas o que significa amor para os gregos e o que significa sabedoria? Podemos ter uma pequena ideia do que seria o “amor” voltando à obra platônica denominada O Banquete. Na voz de Sócrates, com bastante precisão, é fixado o que é o amor para os pensadores gregos: um intermediário entre o imperfeito e o perfeito, entre a carência e a plenitude, em outras palavras, podemos dizer que o amor é um desejo de perfeição, de contemplação à perfeição. Por isso Aristóteles nos diz que “o amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição”.

No que se refere à “Sabedoria”, sabe-se que se distinguiam, entre os gregos, duas espécies: uma era referida à vida, à existência vivida, e a outra referia ao conhecimento perfeito, a posse do inteligível. A primeira conhecida como helikía, e era atribuída aos anciões e a sabedoria de vida dos homens mais velhos. A segunda era a Sophia, e esta espécie de sabedoria, era considerada como um ideal a ser atingido: o conhecimento absoluto.

Dessa forma, podemos tranquilamente dizer que a filosofia é o desejo de perfeição do conhecimento absoluto, a busca da resposta da inteligência a todas as interrogações do homem. Como definiu Aristóteles, “ela é o saber que se busca”. Mas engana-se quem acredita que a filosofia se mantém apenas no nível acadêmico. Está no alcance de todos, uma vez que é companheira do homem, na medida em que ele possui um desejo natural pelo conhecer e, esse desejo natural pelo conhecer, esse “amor”, no sentido grego da palavra, pela sabedoria, pelo conhecimento, é a própria filosofia.

Se tivermos a tolerância, que nos falta, para ouvir as crianças, encontraremos muitas questões filosóficas. Quantos significados se escondem atrás de uma pergunta inocente que muitas vezes consideramos tola? Quem sou eu? Quem é o homem? Será que somos apenas aquilo que o espelho nos apresenta? Com certeza não. E mais uma vez seja abençoada a inocência das crianças, que pode vencer os preconceitos da ignorância e do medo e ainda perguntar. Não há prova maior que as indagações das crianças para afirmar que a filosofia nos acompanha desde sempre. Agora a questão é fazer uso dessa nossa companheira eterna e a partir dela refletir acerca do que nos é apresentado.
 
 
Dica de Leitura:
 
- Memórias Póstumas de Bras Cubas - Machado de Assis
 
 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


                              O QUE É ARTE E COM O ELA SE APRESENTA

 

A ARTE - denomina-se técnica, ou seja, a produção de alguma coisa.

Criação humana de valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia e revolta)

A ARTE SE APRESENTA a partir das Artes Plástica, da música, arquitetura, escultura, cinema, teatro, dança, fotografia e entre outros. Não se restringe apenas a arte plástica, sendo assim, temos contato com ela diariamente, desde quando acordamos pela manhã e nem nos damos conta disso. Ela pode ser vista e percebida, Ex:. Visualizada, Ouvidas e Mistas (audiovisuais).

O artista utiliza a arte como forma de comunicação, que exterioriza suas emoções, história, cultura e principalmente seus sentimentos.

A ARTE VARIA -Varia com o tempo e com as culturas humanas, até numa mesma época e numa mesma cultura pode haver múltiplas acepções do que é arte; Ex:. Certas culturas podem produzir objetos artísticos que nós não reconhecemos como tais.

 

                                        

                                                 A ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA

 

 

Um dos períodos mais fascinantes da história humana é a Pré-História. Esse período não foi registrado por nenhum documento escrito, pois é exatamente a época anterior à escrita. Tudo o que sabemos dos homens que viveram nesse tempo é resultado da pesquisa de antropólogos, historiadores e dos estudos da moderna ciência arqueológica, que reconstituíram a cultura do homem. Consideramos como arte pré-histórica todas as manifestações que se desenvolveram antes do surgimento das primeiras civilizações e, portanto, antes da escrita.  

      A Arte Rupestre- era um Conjunto de pinturas e inscrições ( primeira forma de comunicação) realizadas pelo homem pré-histórico. Com o tempo essas pinturas estabeleceram um paralelo entre a civilização ocidental e os humanos pré-históricos.  

No entanto, isso pressupõe uma grande variedade de produção, por povos diferentes, em locais  diferentes, mas com algumas características comuns. A primeira característica é o pragmatismo (ARTE UTILITARIA), ou seja, a arte produzida possuía uma utilidade material, cotidiana ou mágico-religiosa: Ex:. Ferramentas, armas ou figuras que envolvem situações específicas, como a caça. Cabe lembrar que as cenas de caça representadas em cavernas não descreviam uma situação vivida pelo grupo, mas possuía um caráter mágico, preparando o grupo para essa tarefa que lhes garantiria a sobrevivência.

A escultura foi responsável pela elaboração tanto de objetos religiosos quanto de utensílios domésticos, nos quais encontramos a temática predominante em toda a arte do período. Animais e figuras humanas, principalmente figuras femininas, conhecidas como Vênus, caracterizadas pelos grandes seios e ancas largas, são associadas ao culto da fertilidade;
Entre as mais famosas estão a Vênus de Lespugne, encontrada na França, e a Vênus de Willendorf, encontrada na Áustria. Elas foram criadas principalmente em pedras calcárias, utilizando-se ferramentas de pedra pontiaguda. 

Durante o período neolítico europeu (5000a. C. - 3000d. C.) os grupos humanos já dominavam o fogo e passaram a produzir peças de cerâmica, normalmente vasos, decorados com motivos geométricos em sua superfície. Somente na idade do bronze a produção da cerâmica alcançou grande desenvolvimento, em virtude da sua utilização na armazenagem de água e alimentos.
       As principais manifestações da pintura pré-histórica são encontradas no interior de cavernas, em paredes de pedra e a princípio retratavam cenas envolvendo principalmente animais, homens e mulheres e caçadas, existindo ainda a pintura de símbolos, com significado ainda desconhecido. Essa fase inicial é marcada pela utilização predominantemente do preto e do vermelho e é considerada naturalista.
 

ARTE NO PERÍODO PRÉ-RENASCIEMNTO.

 

Na pré-história - a arte não era separada das outras esferas da vida, como por exemplo: da religião, economia, política, e essas esferas também não eram separadas entre si, ou seja, formavam um todo em que tudo tinha que ser arte, ter uma estética, porque nada era puramente utilitário; Ex:.  A utilidade de um abridor de latas ou de uma urna eleitoral. Tudo era ao mesmo tempo mítico, político, econômico e estético.

 

SEPARAÇÃO DA ARTE

 

A arte  se separou  de todo o resto quando surgiram as: castas, classes e Estados. As Esferas da vida denominavam as especializações de determinadas pessoas, Ex:. O governante com a política, os camponeses com a economia, os sacerdotes com a religião e os artesãos com a arte. A partir daí surge à arte pura separada do resto da vida. Antes do renascimento os Artesãos estavam ligados a economia, os Mercadores ligados ao Artesanato.  No Renascimento cultural a arte passa a ser patrocinada por nobres (mecenato) a partir daí a arte se separa e torna a qual conhecemos hoje, puramente separada da utilidade e produzida apenas por puro prazer.

ARTE GREGA

 

Os gregos foram os primeiros artistas realistas da história, ou seja, os primeiros a se preocupar em representar a natureza tal qual ela é. Dos povos da antiguidade, os que apresentaram uma produção cultural mais livre foram os gregos, que valorizaram especialmente as ações humanas, na certeza de que o homem era a criatura mais importante do universo.

Assim, o conhecimento, através da razão, esteve sempre acima da fé em divindades. O escultor grego acreditava que uma estátua que representasse um homem não deveria ser apenas semelhante a um homem, mas também um objeto belo em si mesmo. Seus reis não eram deuses, mas seres inteligentes e justos, que dedicavam ao bem estar do povo e a democracia.

 

Período geométrico

 

No chamado período geométrico, a arte se restringiu à decoração de variados utensílios e ânforas. Esses objetos eram pintados com motivos circulares e semicirculares, dispostos simetricamente.  As primeiras esculturas gregas (século IX a.C.) não passavam de pequenas figuras humanas feitas de materiais muito brandos e fáceis de manipular, como a argila, o marfim ou a cera. Essa condição só se alterou no período arcaico (séculos VII e VI a.C.), quando os gregos começaram a trabalhar a pedra.

As figuras esculpidas apresentavam formas lisas e arredondadas e plasmavam na pedra uma beleza ideal. Essas figuras humanas guardavam uma grande semelhança com as esculturas egípcias, as quais, obviamente, lhes haviam servido de modelo. Com o advento do classicismo (séculos V e IV a.C.), a estatuária grega foi assumindo um caráter próprio e acabou abandonando definitivamente os padrões orientais.

Foi o consciencioso estudo das proporções que veio oferecer a possibilidade de se copiar fielmente à anatomia humana, e com isso os rostos obtiveram um ganho considerável em expressividade e realismo. Mais tarde introduziu-se o conceito de contraposta - posição na qual a escultura se apoiava totalmente numa perna, deixando a outra livre, e o princípio do dinamismo tomou forma nas representações de atletas em plena ação.

 

Período clássico

 

As principais características desta fase, tradicionalmente denominada "clássica", foram basicamente o crescente interesse dos artistas na representação naturalista da figura humana e a utilização de formas idealizadas de homens e mulheres em movimento.

Na escultura esses princípios podem ser observados com toda a nitidez: estátuas de homens e deuses em diferentes poses, atletas em pleno movimento e mulheres com vestes esvoaçantes, soltas ao vento, enfeitam templos e sepulturas.

 

Período Helenístico

 

O termo helenismo designa o período histórico que medeia entre o desaparecimento da cidade-estado grega e a formação do império romano. Império helenístico teve necessidade de novas tipologias (ginásios, teatros, grandes palácios e altares monumentais) que respondessem à vontade de monumentalidade e às novas funções exigidas pela vida cultural e política do Império.

Durante a época helenística, tal como se verificara na Grécia clássica, foi à escultura em pedra ou em bronze o gênero artístico que atingiu um maior nível de desenvolvimento.

domingo, 17 de fevereiro de 2013


 

A Rússia Revolucionária e o Triunfo do Comunismo.

Prof. Maicon Martta

 

A Rússia, hoje um dos países emergentes em destaque, já representou e ainda representa, um importante expoente histórico. Pode-se dizer que, na prática, as idéias socialistas marxistas nasceram na Rússia. Se Marx é considerado o pai do socialismo, certamente a Rússia é sua pátria-mãe. Os envolvimentos desse país nos eventos anteriores a Primeira grande Guerra e posteriores a ela poderiam, se não fossem os detalhes políticos, ter feito da Rússia, talvez a maior potência mundial, ou pelo menos, o mais igualitários das potências mundiais.

A sua economia planificada fez com que se tornasse potência mundial. Isolada pelos países da Europa Ocidental foi, aos poucos, ampliando a sua área e influência no Leste europeus e constituiu-se na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, fato que contribuiu para aumentar o clima de instabilidade, pois a possibilidade de expansão do socialismo passou a ser analisada como uma ameaça ao mundo capitalista ocidental.

Mas esse fortalecimento se deu por muito custo e pequenas revoluções. Para compreender todo esse processo, faremos uma retrospectiva, em linhas gerais, da história da Rússia e como ela ascendeu ao socialismo, inspirando outros países a fazer o mesmo. Nessa primeira parte, analisaremos os eventos até a morte de Stalin em 1953. Para tal objetivo, utilizaremos como guia o Manual Compacto de História do ensino fundamental da Editroa Rideel, um ótimo material de apoio para estudantes, professores e mesmo pesquisadores.

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O Império Russo era governado, desde 1894, por Nicolau II. Seu governo, como os de seus antecessores, era uma autocracia (um governo com poderes ilimitados e absolutista), cuja principal preocupação era reprimir o descontentamento popular. País mais extenso no mundo e mais populoso na Europa, tinha uma economia predominantemente rural e semifeudal. Os camponeses, que constituíam a maioria da população (80% do total), viviam na miséria, explorado pela nobreza e pela Igreja Ortodoxa Russa, proprietários das melhores e maiores extensões de terra.

Foi nas últimas décadas do Séc. XIX, que a Rússia conheceu um processo de industrialização, em decorrência de investimentos externos, abundancia de matéria prima e fontes energéticas. No entanto, essa industrialização se concentrava em poucas cidades (São Petersburgo e Moscou). Nessas cidades, a saber, as maiores, o proletariado era unido e consciente de sua exploração. Muitas idéias socialistas de Karl Marx, já eram debatidas e influenciaram os operários de lá.

O Partido Operário Social Democrata, que se declarava defensor dos direitos dos operários, teve uma cisão interna em 1903: de um lado, os Bolcheviques (a maioria), partidários de uma revolução liderada pelos trabalhadores; do outro, os Mencheviques (a minoria), favoráveis a reformas moderadas.

Em Janeiro de 1905, como consequência das derrotas da Rússia na guerra contra o Japão, houve uma manifestação pacífica em São Petersburgo, a capital. Os manifestantes, compostos por toda sorte de gente (crianças, idosos e mulheres), solicitaram “paz e pão”, mas foram duramente reprimidos pelos cossacos (soldados de elite do Czar), no que depois foi chamado de “domingo sangrento”. Mais de duas mil pessoas foram massacradas, o que originou um sentimento de revolta e uma onda de protestos, greves e revoltas.

Os protestos se alastraram até o ano de 1917, ano em que se intensificaram. Em março desse ano ocorreu uma sublevação geral que causou a abdicação do Czar Nicolau II. Assim, caía a monarquia secular Czarista, enquanto um governo provisório republicano assumia o poder, formado por liberais e Mencheviques.

Com a queda do Czarismo, os líderes socialistas, que estavam exilados, voltaram à Rússia, ente eles Lênin e Trotski. Lênin era o mais importante líder dos bolcheviques e pretendia impor o comunismo na Rússia. Segundo a teoria marxista, o socialismo é uma etapa de transição do capitalismo para o comunismo.

Em julho de 1917, com o país no caos, o chefe menchevique, Kernsky, impôs a ditadura. Esses eventos fizeram com que a Rússia se retirasse da Primeira Grande guerra, o que foi decisivo para a vitória da Tríplice Entende, pois nesse ano os Estados Unidos entraram ativamente na guerra.

Em outubro Trotski organiza a milícia revolucionária bolchevique, conhecida como “guarda vermelha”. No dia 26 desse mês, Lênin era aclamado chefe do governo, com tendência socialista.

Triunfo do Comunismo:  

Nos primeiros dias de governo, Lênin baixou diversos decretos importantes com o objetivo de impor o comunismo como:

a)                           O confisco das terras da nobreza e da igreja russa e sua distribuição entre os camponeses;

b)                           A estatificação dos bancos, das estradas de ferro, dos meios de comunicação e das indústrias, que passaram a ser administradas pelos próprios funcionários e operários, mas fiscalizados pelos comissários do povo.

Em 1918, o governo bolchevique assinou um acordo de paz em separado com a Alemanha. A Rússia perdia parte do seu território, dando origem a países independentes (Estônia, Letônia, Lituânia, Ucrânia, Finlândia e Polônia).

Nesse mesmo ano, foi promulgada a primeira constituição da Rússia. Surgia um Estado, a República Soviética Socialista Russa, governada por um só partido, o comunista. Moscou se torna a capital.

Em 1922, a Rússia unida a Ucrânia, Bielo Rússia, Geórgia, Alzerbajão e Armênia, passaram a se denominar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

 

Joseph Stalin:

Com a morte de Lênin em 1924, ocorreu uma violenta luta pelo poder entre Trotski e Stalin, Secretário geral do Partido Comunista. Venceu esse último, três anos depois, com o apio da maioria do partido. Trotski expulso do partido, foi banido para a Sibéria. Posteriormente exilou-se no exterior. Foi assassinado por um agente secreto a mando de Stálin, em 1940, no México.

Para consolidar o comunismo na URSS, e depois levá-lo a outros países, Stalin Aboliu o NEP (Nova política econômica) desenvolvida por Lênin, coletivou as terras – com o sacrifício de milhões de camponeses. Deu ênfase às indústrias pesadas (mecânica, química e energética). Foram criadas fazendas do Estado (Sovkhoze, sendo o camponês assalariado do governo) e cooperativas agrícolas (Kolkhoze, nas quais as famílias recebiam terra para cultivar e vender a produção para a cooperativa).

Sob ameaça, todas as metas foram alcançadas. A constituição de 1924 estabeleceu dois órgão fundamentais: O Soviete Supremo, com função legislativa, e o Presidium, dirigido por um presidente – em teoria, o chefe do estado. Mas o verdadeiro poder se concentrava nas mãos do secretário geral do PC, cargo de Stálin até sua morte em 1953.

Na prática, não existia um Estado Federal, nem liberdade de pensamento, nem oposição ao sistema. Uma intensa propaganda dirigida pelo governo valorizava o coletivismo criticando o individualismo, estimulava-se a produtividade. No meio desse turbilhão todo, havia muitos expurgos, prisões arbitrárias, campos de concentração na Sibéria e fuzilamentos.

 

Bibliografia consultada.

 

Sistema Positivo

Manuel compacto de história – Editora Riddel.

A Era dos Extremos – Eric Hobsbawm.