segunda-feira, 5 de novembro de 2012


A Desconstrução do Sujeito e da Realidade:
Freud e a Psicanálise

Prof. Maicon Martta

Nietzsche com suas análises profundas sobre a natureza humana mostrou que nem sempre a razão governa nossas ações. É a Vontade de poder, que para Nietzsche, rege essa condição. É a superação de si mesmo e de tudo o que nega à vida e a existência do eu. Todo esse pensamento lançou as bases para o surgimento da psicanálise, desenvolvida por Freud no início do século XX. Por psicanálise entende-se tanto a descrição da mente, da psique humana em geral, quanto um método de tratamento para distúrbios nervosos e psíquicos.
Freud concordava com Nietzsche em relação a uma desconstrução do sujeito racional. O homem não é apenas um ser racional como defendiam os filósofos iluministas do Séc. XVIII, o homem também é pulsão, impulso. Com frequência, impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, nossos sonhos e nossas ações. Tais impulsos irracionais são capazes de trazer à luz instintos e necessidades que estão profundamente enraizados dentro de nós. Foi desenvolvendo isso que Freud elabora a teoria do Inconsciente.
Assim, a vida psíquica é constituída por três instâncias, sendo que duas delas sendo inconsciente e uma apenas consciente. Essas instâncias são: O Id (isso), Ego (eu) e Superego (Super eu). O Id é a instância inteiramente inconsciente, o Ego a instância consciente, o Superego, por sua vez, possui aspectos conscientes e inconscientes.
O Id é formado por instintos,impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Esses desejos Freud chama de pulsões. Estas são regidas pelo princípio do prazer, que exige satisfação imediata. O Id é a energia dos instintos e dos desejos em busca de realização desse princípio de prazer. Freud descobriu que esses instintos são de natureza sexual e por isso empregou um termo para se referir a eles: Libido (que em latim significa lascívia, luxúria, desejo sexual). Dessa forma, o Id é o reservatório da energia psíquica ou o reservatório da libido.
Freud descobriu também que a sexualidade não se reduz ao ato sexual genital, mas envolve todos os desejos que pedem satisfação e que podem ser satisfeitos em qualquer parte de nosso corpo ou na totalidade dele.
A fundamental existência do Ego é a Angústia. O Ego é a consciência, pequena parte da vida psíquica, submetida aos desejos do Id e à observação, censura e repressão do Superego. Obedece, portanto, o Princípio da Realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objetos que possam satisfazer o Id sem transgredir as exigências do Superego.
Assim o Ego fica “espremido” entre três escravidões: Os desejos insaciáveis do Id, a severidade repressiva do Superego e os perigos do mundo exterior. Por esse motivo, a forma fundamental da existência para o Ego é a angústia. Dessa forma, ao Ego é dada uma função dupla: ao mesmo tempo recalcar o Id, satisfazendo o Superego, e satisfazer o Id, limitando o poderio do Superego.
A Psicanálise freudiana consiste, nesta perspectiva, na busca da fonte dos sintomas perturbadores que causam o desequilíbrio entre a função do ego, o que pode ser identificado como neurose ou psicose. “Segundo Freud, a História da civilização era marcada pelo embate entre as pulsões de vida, designadas como Eros, e as pulsões de morte, designadas como Tânatos. Essa luta interna seria a causa da angústia e mal-estar para o indivíduo, uma vez que a vida em sociedade exigia-lhe uma repressão constante e eficaz de certos impulsos naturais”. (SILVA, Michele Czaikoski. POSITIVO, 2009).  

Bibliografia

CHAUÍ. Marilena de Souza. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2003.
FREUD, Sigmund. Esboço de Psicanálise. São Paulo: Nova Cultural, 2005.
SILVA, Michele Czaikoski. Filosofia, 3ª Série. Curitiba: Positivo, 2009.

Dica de Leitura:

- Aurora - Nietzsche
- Para além do bem e do mal - Nietzsche