Lógica Moderna e Contemporânea.
Prof. Maicon Martta
Introdução a Lógica Simbólica:
Na lógica antiga, os
princípios e as leis da lógica correspondiam à estrutura da própria realidade,
pois o pensamento exprime o real e dele participa. Para os medievais e para os
modernos, ou clássicos (Séc. XVII), a lógica era uma arte de pensar para bem
conduzir a razão nas ciências. Como arte de pensar, a lógica oferecia ao
conhecimento científico e filosófico as leis do pensamento verdadeiro e os
procedimentos para a avaliação dos conhecimentos adquiridos.
A lógica Moderna não era
plenamente formal, pois não era indiferente aos conteúdos das proposições nem
às operações intelectuais do sujeito ao conhecimento. A forma lógica recebia o
valor de verdade ou falsidade com base na verdade ou falsidade dos atos de
conhecimento do sujeito e na realidade ou irrealidade dos objetos conhecidos,
no entanto, com menos rigor do que na antiguidade.
Já a lógica
contemporânea, procura tornar-se puro simbolismo do tipo matemático e um cálculo
simbólico, preocupando-se cada vez menos com o conteúdo material das
proposições (a realidade dos objetos referidos pela proposição) e com as
operações intelectuais do sujeito do conhecimento (a estrutura do pensamento).
Em outras palavras, tornou-se plenamente formal.
Assim, como o matemático
lida com objetos que foram construídos pelas próprias operações matemáticas, de
acordo com princípios e regras prefixados e aceitos por todos, assim também o
lógico elabora símbolos e as operações que constituem o objeto lógico por
excelência, a proposição. O lógico indaga que forma deve possuir uma proposição para que:
·
Seja-lhe
atribuído o valor de verdade ou falsidade;
·
Represente
a forma do pensamento; e
·
Represente
a relação entre pensamento, linguagem e realidade.
A lógica descreve as
formas, as formas, as propriedades e as relações das proposições, graças à
construção de um simbolismo regulado e ordenado que permite diferenciar
linguagem cotidiana e linguagem lógica formalizada.
Boole definiu a lógica
como “o método que repousa sob o emprego de símbolos, dos quais se conhecem as
leis gerais de combinação e cujos resultados admitem interpretação coerente”. A
lógica tornou-se cada vez mais uma ciência formal da linguagem, uma linguagem
inteiramente construída por ela mesma, com base no modelo matemático,
inaugurado por Leibniz no século XVII, na filosofia moderna.
A lógica simbólica ou
matemática pode ser considerada, em síntese, como ciência do raciocínio e da
demonstração. A lógica simbólica trata do estudo das sentenças declarativas
também conhecidas como proposições, as quais devem satisfazer aos dois
princípios fundamentais do modelo aristotélico seguintes:
1) Princípio da não contradição: Uma proposição não pode ser ao mesmo
tempo verdadeira e falsa.
2) Princípio do terceiro excluído: Uma proposição só pode ser
verdadeira ou falsa, não existindo uma terceira alternativa.
Diz-se então que uma
proposição verdadeira possui valor lógico V (verdade) e uma proposição
falsa possui valor lógico F (falso). Os valores lógicos também costumam
ser representados por 0 (zero) para proposições falsas ( 0 ou F) e 1 (um) para
proposições verdadeiras ( 1 ou V ). As
proposições são representadas pelas letras latinas minúsculas p, q, r, s, t, u.
De acordo com as
considerações acima, expressões do tipo, "O dia está bonito", "3
+ 5", "x é um número real", "x + 2 = 7", etc., não são
proposições lógicas, uma vez que não poderemos associar a ela um valor lógico
definido (verdadeiro ou falso).
Exemplificaremos agora
algumas proposições com o seu valor lógico especificado ao lado.
p: A soma dos ângulos
internos de um triângulo é igual a 180º (V ou 1).
q: 5 + 3 = 2 (F ou 0).
r: O sol é um planeta (F
ou 0).
s: 3 + 4 = 7 (V ou 1).
Modificador Negação: dada a proposição p, daremos sua negação por ~p (lê-se não p)
Ex. p: Três pontos
determinam um único plano (V).
~p: Três pontos não determinam um único
plano (F).
Obs. Duas negações equivalem a uma afirmação, ou seja, em
termos simbólicos: ~(~p)= p
Operações lógicas: As proposições lógicas podem ser combinadas através dos
operadores lógicos Ù , Ú , ® e « , dando origem ao que conhecemos como proposições compostas.
Assim, sendo p e q duas proposições simples, poderemos então formar as
seguintes proposições compostas: p Ù q, p Ú q,
p ® q ou ainda, p « q.
Essas proposições
compostas recebem designações particulares, conforme veremos a seguir:
Conjunção: p Ù q
(lê-se p e q).
Disjunção: p Ú q
(lê-se p ou q).
Condicional: p ® q
(lê-se, se p então q).
Bi-condicional: p « q
(lê-se, p se e somente se q).
Tabela de Verdade: Sejam p e q duas proposições simples, cujos valores lógicos
representaremos por 0 quando falsa (F) e 1 quando verdadeira (V). Podemos
construir a seguinte tabela simplificada:
p
|
q
|
p Ù q
|
p Ú q
|
p® q
|
p « q
|
1
|
1
|
1
|
1
|
1
|
1
|
1
|
0
|
0
|
1
|
0
|
0
|
0
|
1
|
0
|
1
|
1
|
0
|
0
|
0
|
0
|
0
|
1
|
1
|
Da
tabela acima, infere-se (deduz-se) que:
·
a
conjunção é verdadeira somente quando ambas as proposições são verdadeiras.
·
a
disjunção é falsa somente quando ambas as proposições são falsas.
·
a
condicional é falsa somente quando a primeira proposição é verdadeira e a
segunda falsa.
·
a
bi-condicional é verdadeira somente quando as proposições possuem valores
lógicos iguais.
Exemplo: Dadas as proposições
simples: p: O sol não é um estrela ( F ou 0) e q: 3 + 5 = 8 (V ou 1). Temos:
pÙ q tem valor lógico F (ou 0).
pÚ q tem valor lógico V (ou 1).
p® q tem valor lógico V (ou 1).
p« q tem valor lógico F (ou 0).
pÚ q tem valor lógico V (ou 1).
p® q tem valor lógico V (ou 1).
p« q tem valor lógico F (ou 0).
Assim a proposição
composta “Se o sol não é uma estrela
então 3 + 5 é igual a 8”é
logicamente verdadeira, não obstante o conceito quase absurdo do contexto da
frase.
Dica de Leitura:
- O Tractatus Logico-Philosophicus - Ludwig Joseph Johann Wittgenstein
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