segunda-feira, 7 de abril de 2014

Consciência Ambiental

Consciência Ambiental e Consciência Moral
Prof. Maicon Martta

Muitas vezes pensamos em coisas que nos deixam tristes, preocupados e até mesmo sem esperanças em relação ao próprio destino da humanidade. Não é ser dramático e muito menos trágico. Quisera eu que as pessoas trouxessem de volta a tragicidade grega, a profundidade estética e a relevância do próprio pensar... Mas, os tempos são outros. Vivemos uma época de consumismo, de descrédito na política, na educação e, de certa forma, em nós mesmos. Vivemos em uma época em que nossos heróis dominam bolas de futebol como ninguém, mas que não sabem falar corretamente. Vivemos em uma época em que fazer o certo é motivo de deboche, de riso, de descrédito e o errado é motivo de admiração e aceitação pela maioria.
Nossa política é vista de forma negativa por nós mesmos e pelos demais países do mundo, mas, ao invés de fazer com que o brasileiro se torne mais politizado e mais crítico, faz apenas com que ele se dê risada e aceite as coisas como elas são. Vivemos uma democracia em que esquecemos que quem tem o poder somos nós, e que por mais absurdo que seja, o voto é obrigatório, dando margem para a corrupção e o afastamento do brasileiro da própria política. Possuímos o poder nas mãos, mas parece que apenas poucos sabem que possuem e esses poucos não consegue força para lutar e mudar tudo o que acontece.
Mas ao pensar em tudo isso eu vejo um vilão. Não é uma pessoa, um governante ou um líder mundial. É um velho senhor, que desde muito tempo vem assombrando e moldando toda a nossa condição de vida: é o Sr. Mercado acompanhado da sua Senhora Economia. Eles dominaram tudo e determinaram toda a condição social e configuração social atual. Desde a Revolução Industrial ele chamou para si toda a autonomia e poder. E a partir dali as nações só fizeram seu jogo sujo. Guerras são justificadas pelo seu nome, exclusão social, violência e até mesmo os tão preocupantes problemas ambientais. A Economia se institucionalizou como norma moral. A partir disso ela determina a nossa ação. O que faz com que os problemas ambientais sejam agravados exponencialmente.
O Mercado, este vilão mascarado, que usa a ostentação a seu favor, fez com que o homem contemporâneo criasse novas necessidades, que se pararmos para pensar, não são tão necessárias assim. Com o auxílio da mídia e o marketing de crédito, o homem criou uma nova sociedade: a sociedade de consumo. Essa sociedade cria estereótipos e padrões de beleza e com isso cria uma política do Ter que sobressaí a política do Ser.
É por causa desse Mercado e dessa Economia que existe corrupção. É por causa da busca do lucro que nossas ações, por vezes e na maioria das vezes, se tornam escrupulosa. Atrás de lucro, procuramos o aumento produtivo o que só é possível através da transformação da natureza, na exploração de novas matérias primas e novas fontes energéticas. Tem sido assim desde a Primeira Revolução Industrial e, não obstante os discursos sobre a sustentabilidade, não há interesse algum das grandes corporações de deixar de ganhar (lucrar) em pró do meio ambiente.
Esse pensamento que tem me deixado triste. Este pensamento que tem me deixado preocupado. Consumimos sem perceber que nossa ação é prejudicial ao meio ambiente. E fazemos isso pelo simples fato de que sempre fizemos assim. Em outras palavras, para nós é natural consumir sem se perguntar sobre estas questões. Nossa consciência moral não nos acusa sobre esses atos, uma vez que a economia se tornou parte da nossa moral.
Há inúmeras campanhas de conscientização, mas todas elas são inocentes e infantis se pensarmos no poder das grandes corporações e das grandes empresas que monopolizam os recursos energéticos de maior potencial, que são os fósseis. A utilização da energia eólica ainda é pequena se comparada a utilização de outras fontes energéticas e mesmo em grande quantidade o potencial energético é inferior e o custo mais caro.
Ouvimos falar de reutilização, reciclagem e redução de consumo, aprovamos essa ideia, mas nós mesmos não fazemos. Isso implica uma questão ética se levarmos em conta o conhecimento do problema que enfrentamos atualmente. Vivemos uma época em que o Planeta Terra pede socorro, mas esse grito de socorro é abafado pela propaganda e pela tagarelice dos interesses políticos que sobressaem a esse problema tão sério, porque representa também um interesse econômico. Atitudes simples como a economia no uso da energia elétrica, jogar o lixo no lixo, reciclagem, reutilização de certos produtos para que não se utilize novas matérias primas parecem ser tão fáceis de fazer, mas parece que a maioria das pessoas ainda encontra resistência ao praticar essas medidas. Seria um problema cultural? Um problema ético? Um problema moral? É tudo isso junto.
É um problema cultural porque existem ainda culturas e sociedades que tem a mentalidade presa apenas no local que não consegue perceber a realidade de um ponto de vista cosmopolita, fazendo de suas atitudes verdades incontestáveis, mesmo quando são abomináveis. É o exemplo das práticas tradicionais agrícolas, como a agricultura itinerante. Também é o caso das pessoas menos escolarizadas que não conseguem perceber que simples atitudes podem representar muito no final. É um problema ético, porque aqueles poucos esclarecidos que conhecem a situação e sabem o que devem fazer escolhem, deliberadamente, não fazer nada a respeito. Isso pode ser por causa de hábitos e costumes, mas, na maioria das vezes, é simplesmente por preguiça. As pessoas tem preguiça de fazer o certo, de jogar o lixo no lixo, de economizar água, luz, de separar seu lixo. Tem preguiça de sair da sua zona de conforto e mudar seus hábitos de consumo. Mas é natural, afinal quem tem mais quer sempre mais e quem tem menos quer pelo menos alguma coisa. E, finalmente é um problema moral, porque a economia se institucionalizou como valor moral. Ela acaba determinando as nossas ações em pró desse mecanismo de consumo. Ela cria hábitos novos, novas necessidades e, com isso, faz com que o homem considere tudo isso normal.
As novas gerações se deparam com essa sociedade já formada. Elas apenas interagem no mesmo ritmo. E tudo o que é adverso a esse modus vivendi é duvidoso, ruim e até mesmo perigoso. As pessoas trocam de celular a cada novo modelo que sai da mesma forma, trocam de carro e tudo isso é feito sem pensar. E o mundo continua pedindo socorro, mas nós só ouvimos a propaganda, não escutamos mais os gritos estrangulados do nosso planeta. A consciência ambiental existe, assim como a consciência moral, no entanto, a nossa ética não permite a efetivação de uma política para esse sentido. A economia não deixa, infelizmente.
Fica a reflexão que o poder está ainda em nossas mãos, tanto para os problemas políticos do Brasil, quanto para os problemas ambientais. Nossa democracia representativa permite que escolhamos pessoas através do voto para nos representar, o que nos torna patrões, se acompanharmos devidamente os eventos políticos. Junto com a reflexão, fica também o apelo. Vamos nos politizar, e vamos acabar com a vergonha da corrupção e vamos pensar no meio ambiente como seres que fazem parte da natureza e não que estão fora dela. Este é meu apelo.

Em anexo, tirado do site do Greenpeace Brasil, posto 30 motivos para preservar as florestas do Brasil, e com isso, mais um apelo, assine a petição e torna-se também parte da Liga das Florestas.
Abraço a todos !
30 Motivos para preservar as flores do Brasil:
  1. O Brasil abriga 20% de todas as espécies do planeta.
  2. O mundo perde 27.000 espécies por ano.
  3. A Amazônia ocupa metade do Brasil e abriga 2/3 de todo o remanescente florestal brasileiro atual.
  4. O Brasil detém 12% das reservas hídricas do planeta.
  5. Já perdemos cerca de 20% da Amazônia, o limite estabelecido pela lei.
  6. Na mata atlântica, bioma de mais longa ocupação no Brasil, 93% já foi perdido.
  7. Mesmo quase totalmente desmatado, ainda tem gente que ataca a mata atlântica: a taxa média de desmatamento de 2002 a 2008 foi equivalente a 45 mil campos de futebol por ano.
  8. Perdemos 48% do cerrado.
  9. Perdemos 45% da caatinga.
  10. Entre 2002 e 2008, a área destruída no cerrado foi equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol por ano. Na caatinga, a 300 mil campos.
  11. Perdemos 53% dos pampas.
  12. Entre 2002 a 2008 é equivalente a 4 mil campos de futebol por ano nos pampas.
  13. Perdemos 15% do Pantanal.
  14. Por ano, perde-se 713 km2 de Pantanal.
  15. Se mantivermos as taxas de desmatamento registradas até 2008 em todos os biomas, perderemos o equivalente a três Estados de São Paulo até 2030.
  16. O Brasil é o 4º maior emissor de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global, principalmente porque desmatamos muito.
  17. 61% das nossas emissões vêm do desmatamento e queima de florestas nativas.
  18. A expansão pecuária na Amazônia é, sozinha, responsável por 5% das emissões de gases-estufa em todo o mundo.
  19. Mudanças climáticas impactam diretamente as cidades brasileiras. Catástrofes como os que vimos no Rio no início do ano serão comuns. Preservar as florestas ajuda a regular o clima e proteger as populações.
  20. Mudanças climáticas impactam diretamente a agricultura. A Embrapa, por exemplo, prevê desertificação do sertão nordestino e impacto nas principais commodities brasileiras, como soja e café; os mais pobres sofrem mais.
  21. Saltamos de uma taxa de 27 mil km2 de desmatamento na Amazônia em 2004 para menos de 7 mil em 2010. É possível zerar essa conta!
  22. Empresas que comercializam soja no Brasil são comprometidas, desde 2006, a não comprar de quem desmata na Amazônia. A produção não foi afetada e o mercado pede por produtos desvinculados da destruição da floresta.
  23. Os maiores frigoríficos brasileiros anunciaram em 2009 que não compram de quem desmata na Amazônia. O mercado não quer mais desmatamento.
  24. O Brasil pode dobrar sua área agrícola sem desmatar, ocupando áreas de pasto ou abandonadas.
  25. 60% da vegetação nativa do Brasil está contida nas reservas legais – instrumento de preservação do Código Florestal que os ruralistas tentam acabar.
  26. A pecuária ocupa cerca de 200 milhões de hectares, quase ¼ de todo o Brasil. Boi ocupa mais espaço que gente. E isso porque a produtividade da pecuária no Brasil é muito baixa: 1 boi por hectare. Dá para triplicar o rebanho sem desmatar.
  27. Um terço de todo o rebanho bovino brasileiro está na Amazônia, onde 80% da área desmatada é ocupada com bois. Ali há 22,4 milhões de hectares de pastagens abandonadas e degradadas, ou uma Grã-Bretanha, que poderiam ser reaproveitadas. Só não são porque derrubar é mais barato.
  28. Mais de 70% das espécies agrícolas cultivadas dependem de polinizadores, que por sua vez dependem da natureza em equilíbrio. A FAO calcula que esse serviço prestado pelos insetos é equivalente a € 150 bilhões (R$ 345 bilhões), ou 10% produto agrícola mundial.
  29. O Código Florestal surgiu em 1934 e foi renovado em 1965, por técnicos e engenheiros ligados ao Ministério da Agricultura. É uma lei nacional, feita para proteger os recursos naturais em benefício de todos. Ele precisa ser fortalecido em sua missão.
  30. Num cenário de desmatamento zero, a agricultura familiar teria tratamento diferenciado. Isso porque, a despeito de ocupar apenas 25% da área agrícola brasileira, é o real responsável por produzir a comida (70% do feijão, 58% do leite e metade do milho brasileiro vem da agricultura familiar) e por gerar emprego no campo (74% da mão de obra).

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