A Grécia foi o berço do pensamento e da filosofia Ocidental. As noções éticas, políticas, estéticas entre outros, nasceram num contexto grego, levado ao ápice por essa grande civilização e hoje, compartilhado por todo o mundo. Devemos muito aos gregos.
Hoje a Grécia enfrenta uma das crises economicas mais violentas da sua história. É estranho pensar que todo o esplendor da antiguidade grega se torne transparente e quase invisivel frente ao poder do Mercado e da Economia.
Para reflexão e instrução, abaixo segue um resumo bastante coerente da história grega. O texto não foi criado por mim, encontrei-o salvo no meu computador sem a identificação do autor e da fonte, mas achei pertinente compartilhar com todos vocês. Perdoe-me qualquer erro e fiquem a vontade a comentar, criticar e mesmo xingar se for o caso.
Prof. Maicon Martta
HISTÓRIA DA GRÉCIA
História Antiga
O período inicial da história grega abrange três fases: (1) a Idade do
Bronze (c.3000-c1200 A.C.), durante a qual floresceram as civilizações minoana
e miceniana; (2) a Idade Média grega (c.1100-c.900 A.C.), quando se registraram
vários surtos migratórios no Mediterrâneo; e (3) o Renascimento (séc. IX-VIII-
séc. I A.C.), que assinala o triunfo da civilização helênica e a colonização,
pelos povos da Hélade, de quase todo o mundo mediterrâneo e das costas
ocidentais da Ásia Menor.
Civilizações Minoana e Miceniana.
Por volta do ano 3000 A.C, colonizadores procedentes da Mesopotâmia, ainda
no estágio neolítico, ocuparam Chipre, Creta, algumas das Cíclades e
áreas orientais da Grécia continental. Cerca de um século mais tarde foi
introduzido o uso do cobre. Essa civilização, que teve como centro político e
cultural Cnossos, em Creta, atingiu sua plenitude no séc. XV A.C. A
antiga denominação dêsse povo é desconhecida, mas a maioria dos historiadores
,baseados em Homero, refere-se a uma civilização minoana, descendente de Minos.
A escrita linear inventada pelos cretenses, com sinais para sílabas e números,
ainda não foi decifrada.
Os núcleos populacionais de
algumas das Cíclades e das regiões mais quentes da Grécia continental receberam
a partir de 2600 A.C. novas ondas de colonizadores asiáticos, que se
misturaram aos gregos ou helenos (jônios, dórios e sólidos) dando origem a uma
vigorosa civilização, que floresceu em Micenas (Peloponeso), Tirinta
e Pilos entre 1650 e 1125 A.C. Registros em escrita miceniana parcialmente
decifrada, revelam que o grego era a língua dos governantes e que pelo menos
alguns dos deuses olímpicos nomeados por Homero já eram então cultuados. O
declínio do comércio com a Sicília, Tróia, Síria e Egito e
o desastre iniciado com a guerra de Tróia levaram essa civilização ao colapsos.
Movimentos Migratórios
À derrocada da civilização miceniana seguiram-se as migrações que se desenvolveram no Mediterrâneo,
sobre-tudo de povos oriundos do vale do Danúbio, que destruíram os
estabelecimentos da Macedônia, do Epiro e de algumas áreas do mundo miceniano
(aqueus, dórios, eólios e jônios). Somente Arcádia e Àtica lograram manter sua
independência. A última dessas grandes migrações data de c.1000 A.C., quando os
atenienses desfecharam a chamada migração jônica, concluída um século depois
com a ocupação das Cíclades, dos setores central e ocidental da Àsia Menor e
das ilhas adjacentes. Outros bandos estenderam essa àrea de caos à Itália, à
Sicília e ao Norte da Àfrica.
O Renascimento Grego.
Um oásis de civilização, formado pela Fenícia (v.), Palestina, Síria e
Chipre, conseguiu sobreviver a êsse período caótico. Os fenícios fundaram
Cartago e outras colônias e, juntamente com Chipre, renovaram o contato com as
ilhas do Egeu, do Peloponeso Oriental e Atenas. Importante legado da Idade do
Bonze foi a poesia épica, transmitida oralmente, e que tinha na Jônia seu maior
reduto. O renascimento do espírito grego nos séc. IX a VIII A.C. foi um
processo gradual, no qual a religião desempenhou papel preeminente. As
tradições políticas do mundo miceniano mantiveram-se na Àtica, onde todos os
cidadãos pertenciam a quatro tribos jônicas. Mais tarde, refugiados
continentais organizaram seus pequenos Estados nas ilhas e na costa da Àsia
Menor. Os dórios desenvolveram outro tipo de Estado em Creta e na Lacônia.
Na planície do Rio Eurotas, cinco aldeias uniram-se polìticamente para formar Esparta
(v.), à qual ligou-se ìntimamente o nome do reformador Licurgo e que
rapidamente dominou seus vizinhos mais próximos. Dois outros Estados dóricos, Corinto
(v.) e Mégara, formaram-se da mesma forma, no decorrer do séc. VIII A.C.
A Expansão dos Estados Gregos
Os pioneiros do movimento de colonização foram os jônios da Àsia Menor
que, liberados por Mileto, fundaram colônias nas costas do Mar Negro na
primeira metade do séc. VIII A.C. Os jônios de Eubéia colonizaram a Ischia e a
Sicília, e os das ilhas foram precursores da colonização da Trácia e da Ilha de
Tassos. Os dórios do continente fundaram as colônias mais fortes . O
surto de colonização continuou até c.550 A.C., quando centenas de colônias
espalhavam-se na costa norte do Mediterrâneo, nas ilhas desde a Espanha ao
Helesponto, no Mar Negro e na costa africana entre o Egito e Cartago. Os
limites dessa área de colonização foram impostos pelos rivais marítimos dos
milesianos, a Etrúria, a Fenícia e o Egito. As colônias gregas eram postos
avançados da civilização helênica, radical e culturalmente fechados, de caráter
nìtidamente comercial. A prosperidade súbita provocou perturbações políticas,
sendo uma das primeiras a desagregação do velho sistema de aristocracia
hereditária. Em Corinto, que passara a dominar o comércio ocidental, Cípselo
implantou uma “tirania” que perdurou entre c.657 e c. 582 A.C., repetindo-se o exemplo em
outros Estados. As dificuldades sociais decorrentes da prosperidade foram em muitos casos
solucionadas por árbitros, dos quais o mais famoso foi Sólon de Atenas, nomeado
em 594 A.C. Procurou Sólon ampliar a base econômica de Atenas, essencialmente
agrícola e que permanecera à margem do movimento expansionista. Data dessa
fase, entre 750 e 550 A.C., a adoção da moeda pelos Estados gregos.
Conflito com a
Pérsia
A expansão dos Estados gregos fôra favorecida por circunstâncias
externas. Os Estados civilizados da Ásia Menor, da Síria, do Egíto, de Cartago
e da Etrúria eram menos ricos e capazes do que os gregos, o que impedia a
eclosão de qualquer conflito de maiores proporções entre êles. Tal situação,
entretanto, modificou-se quando Ciro, o Grande, incorporou a Líbia ao Império
Persa (546 A.C.). Pouco depois, em 514 – 513, Dario I (v.) obteve o contrôle das
costas setentrionais do Mar Egeu, conquistou algumas ilhas gregas da Àsia Menor
e do Helesponto e submeteu o rei da Macedônia. Com isso, a vida econômica de
todo o universo helênico foi colocada à mercê dos persas. Por êsse tempo
Esparta (v.) se tornara a maior potência grega, dominando (c.550) todos os
Estados do Peloponeso (à execução de Argos) através de uma coalizão militar – a
Liga do Peloponeso. Suas relações com Atenas, a outra grande potência helênica,
não eram boas, o mesmo ocorrendo com diversos outros centros gregos (Argos, Egina,
Tebas, Cálcis). Essa divisão do mundo helênico muito favoreceu a ação dos
persas. O primeiro esbôço de hegemonia
nacional, ainda que precário, somente se desenhou entre 506-500 A.C., quando Atenas ingressou na Liga do Peloponeso.
Em 498 ocorreu o primeiro choque de vulto entre persas e gregos, quando os
jônios, liderados por Mileto, rebelaram-se contra o jugo de Dario I. A revolta
somente foi sufocada em 494. Os persas restabeleceram sua autoridade, estendendo-a, inclusive, à
Macedônia. O esfôrço jônico, entretanto não fôra inútil, pois acordara a Grécia
para o problema da união nacional, mais necessária do que nunca, ante a
crescente ameaça do inimigo comum.
A guerra eclodiu em 490, quando
Dario I capturou a Erétria e deportou seus habitantes. Comandados por
Milcíades, os atenienses conseguiram rechaçar os agressores na Batalha de
Maratona (490 A.C.). Uma revolta egípcia e outra babilônia retardaram por dez anos a
nova tentativa persa, afinal iniciada (480 A.C.) sob o comando de Xerxes I (v.) que conquistou
a Grécia continental até a Beócia, saqueando Atenas. As fôrças aliadas
helênicas, sob a liderança de Esparta, retiraram-se para o Istmo de Corinto, e
a população ateniense foi evacuada para a Ilha de Salamina. Aí os gregos se
reorganizaram e partiram para a contra-ofensiva, infligindo severas derrotas
aos persas em Salamina (480), Micale, Pláteia e Hímera. Pouco depois Atenas
fazia uma aliança defensiva e ofensiva com vários Estados jônicos
As Guerras do
Peloponeso e o Século de Péricles.
Durante cêrca de meio século, após a derrota dos persas, o mundo
helênico experimentou notável florescimento, apenas prejudicado pela primeira
guerra do Peloponeso (460-445 A.C.), entre Atenas e a Confederação do Peloponeso,
sob a liderança de Esparta. O séc V, conhecido como o “século de Péricles”,
assinala a cristalização de tôda a cultura grega na História, no Teatro, na
Filosofia, na Arte (v. Arte Grega; Clássica, Arte), na Medicina, na
Arquitetura, etc. O período marca também o triunfo da democracia grega e do imperalismo do Mar Egeu. Com suas medidas,
Péricles (v.) deu a cada cidadão liberdade de língua, de educação, de
pensamento político e de direito ante a justiça; aumentou o mercado de
trabalho, melhorou as condições econômicas e humanizou o tratamento dispensado
aos asilados estrangeiros e escravos; e juntou a tais benefícios uma
Constituição segundo a qual o indivíduo estava diretamente envolvido em matéria
de política e de administração. Internamente, porém, cresciam as dissensões
entre Esparta, líder do bloco peloponesiano, e Atenas, esta última revigorada
por sua heróica atuação durante a guerra contra os persas. A segunda guerra do
Peloponeso (431-404) levaria ao colapso da civilização helênica e à sua
subsequente anexação ao Império Romano. A luta, que incluiu duas fases
distintas (431-421 A.C. e 413-404 A.C.), terminou com a derrota de Atenas na Batalha
de Egos-Potamos. O conflito devastara a Grécia, sobretudo do ponto de vista
político e econômico-financeiro.
Esparta e os Movimentos de Independência (404-371 A.C.).
Com a derrota de Atenas, a Constituição
democrática de Péricles foi virtualmente substituída pela oligarquia dos
“Trinta Tiranos”, instalada com o assentimento de Esparta. Pouco depois,
entretanto, 400-399 A.C., Esparta teve de enfrentar uma nova agressão
persa, comandada por Ciro, o Môço, que contava então com auxílio dos
lacedemônios, revoltados contra o domínio espartano. O conflito (ao qual
pertence o famoso episódio da retirada dos 10 mil, narrada por Xenofonte)
terminou com a ignominiosa paz de 387-386 A.C., pela qual Esparta cedia à Pérsia o controle
dos Estados helênicos no continente asiático e de algumas ilhas do Mar Egeu.
Essa paz determinou a perda da primazia de Esparta sobre o mundo grego, que se
viu envolvido então nas lutas de independência (379-371 A.C.), ao longo das quais três forças despontaram:
Tebas (v.), a segunda Confederação Ateniense e a Liga Beócia.
A Disputa entre os Poderes Dominantes e os Distúrbios
Político-Econômicos (371-346 A.C.).
Liderada por Pelópidas e Epaminondas, Tebas
derrotou o exército espartano em Leuctra, na Beócia, em 371 A.C. A hegemonia tebana, porém, não durou muito,
pois Epaminondas acabou vencido na Batalha de Mantinéia (362 A.C.), na qual os espartanos contaram com a ajuda
dos antigos adversários de Tebas, os atenienses. Exaustos e divididos, os
Estados helênicos do continente formaram então uma liga (362-361 A.C.), da qual, entretanto, ficou excluída Esparta.
A época marca a ascensão da Beócia no cenário grego e o início de acirrada disputa
entre os poderes dominantes, os quais, após a “guerra social” e a “guerra
sagrada”, entraram em colapso quase total, ocasionando graves distúrbios
políticos e econômicos no já conturbado mundo grego, agora sob a ameaça da
Fócida. Pouco depois, todavia, em 346 A.C., Filipe ll da Macedônia, agindo por delegação
da anfictionia délfica, esmagava por completo o poderio dos fócios. A
derrota da Fócida abriu caminho ao avanço macedônio nas terras da Grécia
Central e, em 338 A.C., nos campos de Queronéia, Filipe da Macedônia
derrotava a oposição armada de Atenas e Espartas, insuflada pela retórica de
Demóstenes.
O Período Macedônio (338-323 A.C.).
Logo após a vitória de Cheronéia,
Filipe organizou a Liga de Corinto, liderada pelos macedônios, que incluía
todos os Estados da Grécia continental européia, exceto Esparta. Seu principal
objetivo era a mobilização de todos os Estados helênicos para a luta contra o
inimigo tradicional, a Pérsia. Os desígnios do grande chefe macedônio foram,
entretanto, subitamente ceifados, quando um de seus generais o assassinou em 336 A.C. Sucedeu-o o seu filho Alexandre lll, de vinte
anos, discípulo de Aristóteles e depois cognominado Alexandre, o Grande.
Durante dois anos Alexandre cuidou dos problemas das fronteiras do império e
sufocou uma rebelião em Tebas. Finalmente, em 334 A.C, Alexandre, à frente de 40 mil homens, cruzou o
Helesponto e, de vitória em vitória, numa extraordinária campanha militar,
ocupou todo o vasto Império Persa, chegando até a Índia. Esse grande idealista,
que, mesmo vitorioso, soubera reconhecer e admirar as virtudes persas, não
conseguiu, entretanto, um mundo unificado sob o governo conjunto de persas e
helenos, como sonhara, em virtude de sua morte prematura, aos 32 anos de idade,
na Babilônia.
A Macedônia e os Estados Gregos(323-224 A.C.)
As conquistas de Alexandre na Ásia trouxeram
grande prosperidade ao Mediterrâneo Ocidental. O acúmulo de capitais permitiu a
Atenas equipar uma poderosa frota e fortalecer as defesas da cidade; com isso,
os demais Estados da Grécia continental usufruíram muitos anos de paz. As
notícias da morte do grande chefe, entretanto, restabeleceram o clima de
insegurança, abalando assim as bases da aliança com a Macedônia. Mais uma vez o
mundo helênico dividiu-se em dois campos opostos: de um lado, Atenas; de outro,
sua tradicional inimiga – Esparta. Os sucessores de Alexandre não herdaram sua
visão política de integração dos impérios grego e persa, o que ocasionou graves
perturbações na própria política interna da Hélade. As cidades-Estados gregas,
já emancipadas, voltaram à luta fratricida. Diversas ligas ou federações foram
então criadas visando à unidade nacional, mas todas, a curto ou longo prazo,
terminaram por fracassar. Do lado macedônio constituíra-se a mornaquia
selêucida, que se viu envolvida, entre 275-224 A.C., na guerra contra o Rei Pirro, de Epiro, e
pelas intrigas de Ptolomeu ll do Egito, além de várias outras monarquias
helênicas. Quantos aos gregos europeus, pode-se dizer que seu mais sério ensaio
federalista foi a Liga Aquéia (280-146 A.C.), que reuniu quase todos os Estados do
Peloponeso e algumas cidades de outras áreas, logo seguida da Liga Etólica,
cujo período de fausto se estendeu de 245 a 213 A.C. Enquanto isto, com os macedônios disputando os
despojos do Império Persa e os gregos ainda lutando por sua já esfacelada
hegemonia interna, Roma congregava toda a Itália ao sul dos Apeninos,
constituindo uma nova comunidade que seria, em breve, o novo poder dentro do
mundo helênico.
Domínio de Roma
De 224 a 205 A.c., os macedônios prosseguiram em sua tentativa de
firmar-se no mundo grego, mas sem qualquer êxito significativo. O período de
205-146 A.C. marca o avanço dos romanos, que em 148, anexaram a Macedônia como
província, esmagando dois anos depois as forças da Liga Aquéia. Posteriormente,
todas as demais ligas foram abolidas e a democracia grega substituída por uma
oligarquia de Estados sob a égide de Roma. Com o colapso da Liga Aquéia e a
derrota de Corinto, principal foco de resistência, a Grécia passou à condição
de província do Império Romano. Alguns Estados porém, como Atenas e Esparta,
continuavam a manter seus direitos como civitates liberae. Os distúrbios
no Império Romano passaram, todavia, a repercutir intensamente dentro do mundo
grego, como aconteceu quando da primeira guerra contra Mitridates (88-85 A.C.) e do conflito entre Júlio César e Pompeu (48 AC.). Finalmente as requisições feitas à Grécia por
Marco Antônio, em 31 A.C., para sustentar a sua campanha contra Otávio
(futuro Augusto), constituíram o golpe de misericórdia para o país.
O Governo Imperial Romano (séc. l A.C. – séc. lll D.C.)
Ao reorganizar as províncias do Império Romano,
Augusto incorporou a Tessália à Macedônia e converteu o restante da Grécia na
Província de Aquéia, sob o controle de um procônsul senatorial romano residente
em Corinto. Diversos Estados helênicos, incluindo Atenas e Esparta, mantiveram
sua condição de cidade livre. Do ponto de vista econômico, entretanto, a nova província
pouco iria lucrar. Somente no campo da cultura é que o mundo grego faria ainda
valer o poderio de sua glória passada e Atenas possuía uma das principais
universidades do Império Romano. Aos poucos, Roma helenizava-se, e a Grécia
colhia os frutos dessa influência, sobretudo durante os reinados de Cláudio e
de Adriano. Até fins do séc. lll, quando Diocleciano reorganizou o império, os
gregos tiveram de enfrentar o perigo de agressões externas, a última das quais
se registrou em 269 D.C. A partir de então, a Província de Aquéia (ou da
Grécia) passou a ocupar uma posição de privilégio na diocese de Mésia, na época
em que o Cristianismo já começara a dominar e dividir o mundo romano.
O
Período Bizantino (séc. lll – séc. XV)
Sob Constantino, o Grande, a Macedônia tornou-se
uma diocese da Prefeitura da llíria e foi subdividida nas eparquias de
Tessália, Aquéia (incluindo as ilhas Jônicas e do Mar Egeu), Epiro (incluindo
as ilhas de Corfu e Ítaca) e Creta, enquanto as demais ilhas gregas formavam a
eparquia da Diocese da Ásia. Foi introduzida uma complexa hierarquia de
oficiais imperiais e elaborado um sistema de tributação para garantir a
receita. A elevação de Constantinopla à condição de capital, em 330, foi
prejudicial à Grécia, obrigada a competir com um novo centro cultural. O
comércio e a agricultura declinaram. Somente a cultura helênica ainda gozava de
algum prestígio, elevado ao máximo durante o reinado de Juliano, o Apóstata.
Durante os séc. lV e V ocorreram as invasões de visigodos e ostrogodos,
comandadas por Alarico e Teodorico, de vândalos, e no séc. IV a dos hunos, em
Corinto. No
séc. Vll sobrevieram invasões de ávaros e eslavos. Os imperadores da dinastia
isauriana (séc. Vlll – séc. Xll)
prosseguiram na tarefa de reorganização das províncias em temas (divisões
administrativas), iniciada, ao que parece, pelos imperadores heraclianos do
séc. Vll. Por volta do séc. X, a Grécia estava dividida nos temas de Helas,
Peloponeso, Nicópolis, Dirráquio, Cefalônia e Tessalonica, além dos temas
marítimos de Samos e do Mar Egeu. Com a conquista de Constantinopla pelos
cruzados (1204) e o subsequente estabelecimento de um império latino, a Grécia
viu-se dividida entre os conquistadores latinos e os aspirantes bizantinos ao
trono imperial, disputa essa que somente terminaria em 1453 com a tomada de
Constantinopla pelos turcos.
A história moderna da Grécia compreende, inicialmente, um longo domínio
turco, o qual, iniciado com a queda de Constantinopla, somente terminaria na
primeira metade do séc XlX, ao surgirem os primeiros sinais de indepedência.
Daí em diante, a Grécia caminha para a mornaquia, passa por uma breve fase
republicana e retorna em 1935 ao regime monárquico, que perdura até os dias
atuais.
Domínio Turco (1453-1821)
Em algumas regiões (Trebizonda, Epiro, Rodes,
Chipre,Creta e Tênedos), o império dos gregos ainda sobreviveu à dominação
turca durante alguns anos. Quase todas as ilhas jônicas lograram mesmo
escapar-lhe. Os turcos otomanos gozaram de relativa popularidade durante os
primeiros séculos de ocupação, o que se deveu, sobre-tudo, à capacidade
administrativa dos primeiros sultões e, também, ao caráter não-opressivo dessa
ocupação, pelo menos durante a fase áurea do império, identificado com o
reinado de Suleiman, no séc. XVl. Outro fator preponderante nas boas relações
greco-turcas foi o sistema político otomano, adaptado às condições locais e
que, ao menos em parte, conseguiu assimilar a concepção helênica de
nação-Estado. Com o correr do tempo, os gregos começaram a infiltrar-se nos
quadros da administração turca, e vários dos mais importantes cargos
administrativos eram destinados a gregos. Todos êsses fatôres contribuíram para
um clima de relativa segurança e tranquilidade, afinal rompido na segunda metade
do séc. XVIII, quando do início das manifestações do nacionalismo grego,
severamente reprimidas pelos turcos.
O levante do Peloponeso, em 1770, marca
virtualmente o início da moderna história da Grécia. A revolta, preparada e
incitada pela Rússia, apanhou os turcos de surprêsa e logrou obter um êxito
inicial. Em 1774, porém, os turcos conseguiram debelar o movimento, seguindo-se
então um período de bárbaras repressões
por parte das fôrças do sultão. Entre os levantes de 1770 e 1821 vários fatos
históricos mudaram a situação, tornando-a favorável aos gregos, que passaram a
despertar o interêsse de tôdas as grandes potências da época, sobretudo Rússia,
França, Àustria e Inglaterra. A oportunidade concreta para a revolução surgiu
em 1820, quando Ali Paxá (v.), governador provincial, rebelou-se contra Sultão
Mahmud II. Os gregos levantaram-se em março de 1821 e a guerra prolongou-se até
1829. Entretanto, desde a Batalha de Navarino, em 1827, estava garantido o
triunfo grego.
A Primeira Fase da
Independência (1829-64)
Entre
1822, quando o Congresso de Epiro proclamou a independência nacional, e 1829,
ano em que o Tratado de Andrinopla constituiu a Grécia como Estado soberano, o
país atravessou uma fase conturbada, sendo o govêrno provisório exercido pelo
patriota J. Capodistria, assassinado em 1831. Seguiu-se um período de caos
durante o qual se registrou a ingerência de nações estrangeiras nos problemas
gregos. Pela Conferência de Londres (1832), a Grécia foi definida como reino
independente, sob a proteção da Grã-Bretanha, França e Rússia. Em 1833,a nova monarquia grega passava a ser regida
pelo Rei Oto, da Baviera, por imposição das potências protetoras,e no ano
seguinte a capital foi transferida de Náuplia para Atenas. Oto governou até
outubro de 1862, sempre assessorado por primeiros-ministros gregos, heróis da
guerra da independência. Seu sucessor, o Rei Jorge I, filho do herdeiro ao
trono da Dinamarca, foi escolhido conjuntamente em 1863 pelos representantes da
Grã-Bretanha, Àustria, França, Prússia e Rússia.
A Nova Monarquia
(1863-1924)
Jorge I reinou por meio século (1863-1913), e seu reinado marcou uma
nova era na história moderna grega. O período destaca-se pelos substanciais
acréscimos territoriais feitos à Grécia, que ganhou a Tessália, a maior parte
do Epiro grego e da Macedônia, Creta e a maioria das ilhas jônicas. Uma nova
Constituição, a de novembro de 1864, abolia o Senado, substituindo-o por um
Conselho de Estado nomeado pela coroa; estabelecia ainda eleições populares
para a escolha dos governos locais; e, finalmente, definia a posição do rei,
que seria apenas instrumento da vontade popular. Tal sistema passou à História
com o nome de democracia monárquica, tendo sido aplicado por Jorge I durante 47
anos ininterruptos, até a sua revisão, em 1911. Êsse clima de estabilidade,
contudo, foi por diversas vêzes abalado: em 1866, pela insurreição de Creta; em
1877-78, pela Guerra Russo-Turca; em 1896-1912, pelo levante conjunto de Creta
e da Macedônia; e, finalmente, em 1912-13, pela Guerra dos Balcans, no decurso
da qual o Rei Jorge I foi assassinado (1913), sucedendo-o então seu filho
Constantino I.Logo após, em 1914, era a I Guerra Mundial que abalaria a
estrutura do regime. Ao Rei Constantino, afastado em 1917, sucedeu Alexandre,
seu segundo filho, que contou com o apoio de um dos maiores nomes da vida
pública grega, o Primeiro-Ministro Eleutherios Venizelos. Alexandre morreu em
outubro de 1920 e, no mês seguinte, Venizelos perdeu o contrôle da situação. A
20 de dezembro daquele mesmo ano, Constantino foi reposto no trono sobe grande
emoção nacional. Em janeiro de 1921, a ocupação de Smirna, na Anatólia, por fôrças
gregas, deu origem a uma catastrófica disputa com a Turquia (1921-1922).
Constantino, responsabilizado pelo desastre, abdicou em favor do Príncipe
Jorge, depois Jorge II. Um ano depois, todavia, a junta revolucionária do Gen.
Plastiras convencia o nôvo monarca a deixar o país. Essa junta renunciou em
janeiro de 1924 e, em março, a República foi proclamada, sendo confirmada pelo
plebiscito nacional de abril. Seu primeiro presidente foi o Almirante Pavlos
Koundouriotis, herói das guerras balcânicas.
A
República (1924-35)
Koundouriotis
foi logo deposto (1926) pelo Gen. Theodoros Pangalos, que, por sua vez, viu-se
derrubado, naquele mesmo ano, pelo golpe de Estado do Gen. Georgios Kondylis.
Êste convocou novas eleições e recolocou Koundouriotis no poder. Em face da
gravidade da situação política, Venizelos foi novamente chamado para o cargo de
primeiro-ministro em 1928 e, um ano depois, Alexandre Zaimis foi eleito o nôvo
presidente. A República parecia ganhar estabilidade e apoio popular, mas, em
verdade , era profunda a dissensão entre as correntes políticas antagônicas. A
posição de Venizelos foi muito abalada pela crise financeira de 1932, e uma
transformação no sistema eleitoral deu ensejo à formação de diversos grupos que
passaram a disputar o poder. Duas facções sobrepujaram as demais: a dos
populistas, sob liderança de Panayiotis Tsaldaris e que não disfarçava sua
intenção de restaurar a monarquia; e a dos liberais, chefiada por Venizelos e
que se batia pela reeleição de Zaimis no pleito de 1934.
A Restauração da
Monarquia
Em março
de 1935 malogrou um golpe de Estado cujo objetivo era colocar Venizelos no
poder e frustrar as pretensões realistas. Isto significou o fim da carreira
política de Venizelos, tornando certo o retôrno de Jorge II, o que de fato
ocorreu em fins de 1935. A monarquia foi restaurada, e a Constituição de
1927, substituída pela de 1911. A Grécia muito sofreu com a ocupação nazista durante
a II Guerra Mundial quando o Rei Jorge II viu-se obrigado a partir para o
exílio. Terminado o conflito, era flagrante a ascensão da influência dos
comunistas, que, entre 1946 e 1949, chegaram mesmo a instalar um governo
provisório nas montanhas setentrionais. Por algum tempo, os destinos da nação
estiveram entregues ao arcebispo de Atenas, Dimitrios Papandreou, mas, em 1946,
um plebiscito decidiu pela volta de Jorge II. Este pouco sobreviveu, sendo sucedido,
em 1947, por seu irmão Paulo. A Grécia passou então a receber ajuda maciça dos
E.U.A. para conseguir alcançar seus objetivos quanto a um equilíbrio
econômico-financeiro. Apesar disto, ao longo dos últimos 20 anos, o país vem
tendo de enfrentar sucessivas crises políticas e internacionais. A questão de
Chipre, por exemplo, tem contribuído muito para a debilitação do regime, já de
si conturbado por graves distúrbios internos. As eleições de 1964 deram
significativa maioria parlamentar a Georgios Papandreou; nesse mesmo ano,
entretanto, morreu o Rei Paulo, que foi sucedido no trono por seu filho
Constantino. O nôvo monarca demitiu Georgios Papandreou, substituindo-o
por seu filho Andreas, e, em dezembro de 1966, autorizou Ioannis
Paraskevopolos, presidente do Banco Nacional, a formar nôvo gabinete. Em março
de 1967 o govêrno renunciou, assumindo como primeiro-ministro Panayotis
Kanellopoulos, líder da União Radical Nacional. O Parlamento foi dissolvido a
14 de abril, a 21 um grupo de militares derrubou o govêrno, aparentemente à
revelia do rei, ocupando Atenas. Sob pressão, Constantino II concordou em
apoiar o nôvo regime, chefiado por Konstantinos Kollias. A 13 de dezembro, após
uma tentativa frustrada de retornar o contrôle da situação, o Rei Constantino
abandonou o país. Tornou-se primeiro-ministro o Cel. Georgios Papadopoulos,
sendo o Gen. Georgios Zoitakis nomeado para a regência do trono. Em 1968, após
o plebiscito de setembro foi promulgada a nova Constituição.