quarta-feira, 28 de março de 2012




Filosofia – Texto 16 – Teoria do conhecimento



O que se entende afinal por conhecimento? Em que consiste a teoria do conhecimento? Iniciaremos esclarecendo a segunda pergunta. A teoria do conhecimento pode ser entendida como a investigação acerca das condições do conhecimento verdadeiro, em outras palavras, a Teoria do Conhecimento é uma reflexão filosófica com o objetivo de investigar as origens, as possibilidades, os fundamentos, a extensão e o valor do conhecimento.

Embora o problema do conhecimento tenha preocupado filósofos desde a antiguidade, somente a partir da idade moderna a teoria do conhecimento passou a ser tratada como uma das disciplinas centrais da filosofia.

Voltamos à primeira pergunta. O que se entende por conhecimento? De uma maneira geral “conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente” (Richard Rorty – A filosofia é o espelho da natureza).

A representação, por sua vez, é o processo pelo qual a mente torna presente diante de si a imagem, a ideia ou o conceito de algum objeto. Portanto, para que exista conhecimento, sempre será necessário a relação entre dois elementos básicos: Um sujeito que conhecedor (nossa consciência, nossa mente) e um objeto conhecido (a realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos). Só haverá conhecimento se o sujeito conseguir apreender o objeto, isto é, conseguir representá-lo mentalmente.

Dependendo da corrente filosófica, será dada, no processo do conhecimento, maior ou menor importância ao sujeito (é o caso do idealismo) ou ao objeto (é o caso do materialismo, ou realismo).



Para o realismo (materialismo ou empirismo), as percepções que temos dos objetos correspondem de fato às características presentes nesses objetos, na realidade. Os objetos é que determinam o conhecimento.

O realismo mais ingênuo acredita que o conhecimento ocorre por uma apreensão imediata das características do objeto, isto é, o objeto se mostra como realmente é ao sujeito que percebe, determinando o conhecimento que então se estabelece. Há outras formas de realismo, no entanto, que problematizam a relação sujeito-objeto, mas mesmo assim elas têm em comum a ideia de que o objeto é determinante no processo do conhecimento.



Já segundo o idealismo (racionalismo), o sujeito é que predomina em relação ao objeto, isto é, a percepção da realidade é construída pelas nossas ideias, pela nossa consciência. Assim, os objetos seriam “construídos” de acordo com a capacidade de percepção do sujeito. Conseqüentemente, o que existiria como realidade é a representação que o sujeito faz do objeto.

Também no idealismo há posições mais ou menos radicais em relação à afirmação do sujeito como elemento determinante na relação de conhecimento.

Filosofia – Texto 15 – Cinismo; Estoicismo e Epicurismo. (conceitos)



Autarquia: Corresponde à autossuficiência do individuo que percebe dispor de tudo aquilo de que necessita para viver, sem depender de bens materiais ou de reconhecimento social. Condição do sábio que entende a felicidade como conseqüência da virtude e não de riquezas, honras e prazeres.

Ataraxia ou apatia: Corresponde ao estado do homem constantemente imperturbável frente as emoções. Uma condição de tranqüilidade, na qual, independente dos fatos, o individuo permanece inabalável, sem se deixar arrastar por alegrias e prazeres, nem por dores e tristezas.



Cinismo: Corrente filosófica criada por Antístenes. Pregava uma vida simples e serena, em harmonia com a natureza e os instintos humanos, livres das convenções e das instituições sociais. A felicidade era correspondida pelo autodomínio e à liberdade.



Estoicismo: Corrente filosófica criada por Zenão de Cicio. Entendiam a filosofia como vida contemplativa, distante da influência das paixões, pautada pela autarquia e pela ataraxia. Acreditavam que uma pessoa era um microcosmo que refletia o macrocosmo (universo, ou Deus) e sua ordem necessária garantida por uma razão divina.

·        Eram panteístas e tudo passava por um processo natural (por essa razão pregavam a ataraxia).

·        Eram cosmopolitas (ou seja, não faziam distinção entre povos considerando-se habitantes não de uma região específica, mas do cosmos).

Epicurismo: Corrente filosófica fundada por Epicuro. Essa corrente de pensamento defendia que a felicidade se baseava na busca do prazer e na ausência da dor. Essa busca era pautada pela ataraxia e aponía (ausência de dores no corpo).

·        Eram cosmopolitas;

·        A filosofia, assim como era para Platão, representavam um “Remédio” para a alma.

·        Para garantir a felicidade seguiam quatro preceitos:

1)      Não há razão para temer os deuses e o além;

2)      Não há porque temer a morte;

3)      O prazer está ao alcance de todos;

4)      O mal é suportável ou dura pouco.

Filosofia – Texto 14 – Kant e o processo do conhecimento (síntese I)



Immanuel Kant (1724-1804) – A capacidade de conhecer

Prof. Maicon Martta



Kant é considerado o maior filósofo do iluminismo alemão e um dos mais importantes dentro da história do pensamento ocidental. Nascido em Königsberg, e sem nunca ter saído de sua cidade, Kant sintetiza em suas obras o otimismo iluminista em relação à possibilidade de o homem se guiar por sua própria razão, sem deixar enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias.

Ele apresenta o processo de Iluminação ou Esclarecimento (Aufklärung) como sendo a “saída do homem de sua menoridade” e a tomada de consciência por ele da autonomia da razão na fundamentação do agir humano.

O ser humano, como ser dotado de razão e liberdade, é o centro da filosofia kantiana. Kant afirma que a filosofia deve responder a quatro questões fundamentais: O que posso saber? Como devo agir? O que posso esperar? E o que é o homem?

Tentando responder essas questões, ele desenvolveu um exame crítico da razão, a fim de investigar as condições nas quais se dá o conhecimento humano.

Esse exame está contido em sua obra mais célebre, Critica da Razão Pura. Nesta obra ele distingue duas formas básicas para o ato de conhecer.

O Conhecimento empírico (a posteriori): Aquele que se refere aos dados fornecidos pelos sentidos, isto é, que é posterior à experiência. Exemplo: Este livro tem capa verde.

O Conhecimento puro (a priori): Aquele que não depende de quaisquer dados dos sentidos, ou seja, que é anterior a experiência. Nasce puramente de uma operação racional. Exemplo: duas linhas paralelas jamais se encontrarão no espaço. Essa afirmação (juízo) não se refere a esta ou àquela linha paralela, mas a todas. É uma afirmação universal. Além disso, é uma afirmação que, para ser válida, não depende de nenhuma condição específica. Trata-se de uma afirmação necessária.

O conhecimento puro, portanto conduz a juízos universais e necessários, enquanto o conhecimento empírico não possui essas características. Os juízos, por sua vez, são classificados por Kant em dois tipos: os analíticos e os sintéticos.

O juízo analítico é aquele que o predicado já está contido no sujeito. Ou seja, basta analisarmos o sujeito para deduzirmos o predicado. Exemplo: O quadrado tem quatro lados. Analisando o sujeito quadrado, concluímos, necessariamente o predicado: tem quatro lados.

O juízo sintético é aquele em que o predicado não está contido no sujeito. Nesses juízos, acrescenta-se ao sujeito algo novo, que é o predicado. Assim, os juízos sintéticos enriquecem nossas afirmações e ampliam o conhecimento. Exemplo: Os corpos se movimentam. Por mais que analisemos o conceito corpo (sujeito) não extrairemos a informação representada pelo predicado se movimentam.

Por fim, analisando o valor de cada juízo, Kant chega à seguinte classificação:

Juízo analítico: Serve apenas para tornar mais claro, para explicitar aquilo que já se conhece do sujeito. Não dependendo da experiência sensorial, o juízo analítico é universal e necessário. Mas, a rigor, é pouco útil, no sentido de que não conduz a conhecimentos novos.

Juízo sintético a posteriori: Está diretamente ligado a nossa experiência sensorial. Tem uma validade sempre condicionada ao tempo e ao espaço em que se deu a experiência. Não produz, portanto, conhecimentos universais e necessários.

Juízo sintético a priori: É o mais importante por dois motivos: a) não estando limitado pela experiência, é universal e necessário; b) seu predicado acrescenta novas informações ao sujeito, possibilitando uma ampliação do conhecimento. Segundo Kant, a matemática e a física são disciplinas científicas por trabalharem com juízos sintéticos a priori.

Como se formam os juízos sintéticos a priori?

De acordo com Kant, esses juízos se fundamentam nos dados captados pelos sentidos e na organização mental desses dados, seguindo certas categorias apriorísticas do nosso entendimento. O conhecimento, portanto, é uma síntese entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. Segundo Kant, é impossível conhecermos as coisas em si mesmas (o ser em si - nôumeno), só conhecemos as coisas tal como as percebemos (o ser para nós – fenômeno).

Essa posição epistemológica de Kant significa uma síntese entre idealismo e realismo, pois, para ele, o conhecimento não é dado nem pelo sujeito nem pelo objeto, mas pela relação que se estabelece entre esses dois pólos. O que podemos conhecer são apenas os fenômenos, ou seja, os objetos tais como eles se aparecem para nós, mas não como eles são em si mesmos.

Mas por que não podemos conhecer as coisas em si? Kant dirá que é porque nós percebemos a realidade a partir das formas a priori da sensibilidade: o tempo e o espaço. Com isso ele quer dizer que nossa capacidade de representar as coisas se dá sempre no tempo e no espaço. Essas noções são “intuições puras”, existem com representações básicas na nossa sensibilidade.

De forma semelhante, os dados que são captados por nossa sensibilidade são organizados pelo entendimento de acordo com categorias, que são “conceitos puros” existentes a priori no entendimento, tais como o conceito de causa, de necessidade e outros que servirão de base para a emissão de juízo sobre a realidade.

Destarte, Kant revoluciona a maneira de trabalhar a questão do conhecimento. Antes dele, afirmava-se que a função de nossa mente era assimilar a realidade do mundo. Nessa operação, alguns filósofos só consideravam importante a atividade mental do sujeito (racionalismo dogmático), enquanto outros ressaltavam o papel determinante do objeto real exterior (empirismo).

Através de seu racionalismo crítico (criticismo), Kant tentou formular a síntese entre o sujeito e o objeto, entre racionalismo dogmático e empirismo, mostrando que, ao conhecermos a realidade do mundo, participamos de sua construção mental, ou seja: “das coisas conhecemos a priori só o que nós mesmos colocamos nelas”.

Referência:



KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Nova cultural, 2005.



Dica de Leitura:



- Crítica da Razão Pura – Immanuel Kant

segunda-feira, 19 de março de 2012


Geografia – Texto 8 – Coordenadas Geográficas, fuso horários e Representação Terrestre





Os pontos de orientação são muito importantes para indicar as direções a partir de uma referência, mas somente eles não são suficientes para localizar com precisão qualquer lugar do espaço geográfico.

 Para localizarmos lugares ou objetos com precisão, utilizamos as coordenadas geográficas, que formam, sobre mapas e globos, um sistema de quadrículas (latitude e longitude), que permite obter rapidamente a localização geográfica de qualquer ponto na superfície terrestre. As linhas ou coordenadas formam um sistema de referências imaginárias, pois elas são representadas somente nas cartas ou nos mapas e não existem concretamente. Essas linhas imaginárias são denominadas paralelos (latitudes) e meridianos (longitudes).

Os paralelos são linhas horizontais que atravessam o planeta. A linha do equador é o principal paralelo e divide a Terra em duas partes iguais, chamadas hemisférios: o hemisfério Norte e o hemisfério Sul.

As latitudes, ou paralelos, são medidas em grau, minuto e segundo e determinadas a partir da linha do equador (0º), podendo atingir o valor máximo de 90º a norte ou a sul. Os paralelos mais importantes são o Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico, ao norte, e o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico, ao sul. No Brasil, o Trópico de Capricórnio passa pelos Estados do Paraná e de São Paulo. Todos os lugares que estão sobre o mesmo paralelo têm a mesma latitude.

Os meridianos são linhas verticais que ligam o pólo Norte ao pólo Sul e também são medidos em grau, minuto e segundo. Todos os meridianos são medidos a partir do meridiano de Greenwich, que corresponde a 0º. Greenwich divide a Terra em dois hemisférios: o hemisfério Leste, ou Oriental, e o hemisfério Oeste, ou Ocidental.

As longitudes, ou meridianos, são as linhas que partem do meridiano de Greenwich (0º) até 180º a oeste ou a leste e convergem para os pólos. A linha imaginária tem esse nome porque passa pelo antigo observatório de Greenwich, situado na periferia de Londres. Todos os lugares situados sobre o mesmo meridiano têm a mesma longitude.

O cruzamento ou encontro dos paralelos e meridianos determina uma coordenada geográfica que nos permite localizar com exatidão um lugar, uma cidade, um país, um continente, um avião ou um navio na superfície da Terra.



Fuso Horário:

Ao lado da localização das pessoas, objetos e lugares no espaço geográfico, cuidou-se também da localização do tempo.

Como vimos anteriormente, a Terra tem forma esférica, sendo ligeiramente achatada nos pólos. Portando, possui 360º de circunferência. Também aprendemos que, pelo movimento de rotação, nosso planeta leva 24 horas para girar em torno de seu eixo imaginário. Dessa maneira, a cada hora a Terra gira 15º (360º : 24 horas). Esses intervalos de 15º correspondentes a uma hora são chamados de Fusos horários.

Existem, portanto, 24 fusos no planeta Terra. Em cada uma das 24 faixas, a hora, por convenção, é a mesma. Porém por razões político-administrativas, a linha do fuso horário não é uma “reta”.

Em razão do desenvolvimento no setor de transportes, acarretando o aumento da velocidade e a diminuição do tempo que se levava para se deslocar de um ponto a outro tornou-se necessário estabelecer um sistema universal de determinação da hora legal (HLE). Uma convenção internacional realizada em 1884, nos Estados Unidos, determinou que a hora do fuso do meridiano de Greenwich – ou GMT, abreviação do inglês Greenwich Meridian Time ou Hora do Meridiano de Greenwich – seria referência mundial na determinação das horas.

Assim, todas as localidades que estão a leste de Greenwich têm a hora adiantada em relação a esse meridiano e as localidades que estão a oeste têm a hora atrasada. Conforme se passa de um fuso para o outro, deve-se aumentar (a leste ou oriente) ou diminuir (a oeste ou ocidente) uma hora no relógio.



Com base em sua localização e em suas particularidades, cada nação institui uma (ou mais) hora legal, que bem sempre corresponde exatamente ao fuso em que se situa. Se o país for muito vasto, no sentido leste-oeste, há mais de uma hora legal. A federação Russa, por exemplo, possui doze horas diferentes; o Canadá, oito; Os EUA, seis, e o Brasil, três.

Observando com atenção o mapa dos fusos horários, notamos que a cidade de Brasília está situada no fuso que indica um atraso de 3 horas em relação ao meridiano 0º. Assim, quando em Londres for 21 horas, por exemplo, em Brasília será 18 horas.



Representação da Terra:

Globo Terrestre



Considerando a forma esférica da Terra, a melhor maneira de representá-la é por meio do globo. O globo terrestre é uma representação em miniatura de nosso planeta, ou seja, é uma representação esférica da Terra em tamanho reduzido.

No globo, é possível visualizar o contorno dos continentes, oceanos, mares e ilhas, os traçados dos principais rios, lagos e montanhas e a divisão política dos continentes em países e capitais, além das cidades importantes. Nos globos encontramos também a representação das linhas imaginárias (meridianos e paralelos).

Essa maneira de representar a Terra, copiando sua forma em miniatura, apresenta algumas dificuldades: manuseio, impossibilidade de visualizar detalhes e toda a superfície terrestre de uma só vez, representação extremamente reduzida e simplificada.


Mapas

Utilizam-se outras formas de representar a Terra. Entre essas formas, desancam-se os mapas, que são representações de toda a superfície terrestre ou de partes dela – um país, um continente ou uma região qualquer - , numa superfície plana.

Os mapas são importantes em todas as atividades modernas do homem. Outrora seu emprego destinava-se aos navegadores e exploradores, com fins geralmente militares ou de conquistas. Atualmente, a confecção de mapas é básica para o desenvolvimento de programas de planejamento e administração na política, na economia, na agronomia e na segurança nacional. É fundamental para o conhecimento geográfico de um país ou região e contém posições políticas e ideológicas.

Conforme a destinação, os mapas poder ser físicos (relevo e altitude), geológicos (estrutura geológica), políticos (divisão dos continentes em países, por exemplo). Climáticos (fenômenos meteorológicos), demográficos (dados da população) ou temáticos (informações diversas: solos, vegetação, rodovias, cidades etc).



Projeções Cartográficas



Como o planeta Terra é esférico, utiliza-se, então uma projeção que permite representar em um plano o que está em uma superfície curva. Essa transferência provocam, como é natural, algumas deformações, e por isso existem numerosos tipos de projeções cartográficas que procuram corrigi-las.

As projeções cartográficas podem ser de três tipos: cilíndrica, cônica e plana ou azimutal.

Projeção Cilíndrica: possibilita a representação total da superfície da Terra, sendo muito utilizada para a produção de planisférios e na navegação. Nesse tipo de projeção, os paralelos e meridianos ficam retos e perpendiculares; as regiões equatoriais são representadas com suas dimensões reais e as altas latitudes, com dimensões exageradas.

Destaca-se a projeção cilíndrica de Mercator, nome pelo qual era mais conhecido o geógrafo holandês Gerhard Kremer, que a criou. Foi elaborada em 1569, época da expansão marítima européia. Essa projeção cilíndrica pertence ao tipo chamado conforme, porque não deforma os ângulos e mantém as formas dos continentes e países, mas distorce suas áreas.

Outra projeção de destaque é a de Peters, que propôs uma projeção cilíndrica, mas equivalente, ou seja, as áreas da Terra conservam a dimensão correta, porém encontram-se esticadas por causa da deformação dos ângulos.

Projeção Cônica: Um dos hemisférios é transformado em cone, que é, posteriormente, aberto. É uma projeção utilizada para representar principalmente regiões de latitudes médias que sofrem deformações. Esse tipo de projeção apresenta paralelos circulares e meridianos radiais.

Projeção Plana ou azimutal: É empregada na produção de mapas especiais, principalmente os aeronáuticos e os náuticos. É muito utilizada para representar regiões polares. Contém paralelos projetados em círculos concêntricos e meridianos projetados em linhas retas.

domingo, 18 de março de 2012


Filosofia – Texto 13 – Lógica, Argumentação e Falácia.



Você já deve ter dito ou escutado frases como estas: “É lógico!”, “Isso não tem lógica!”, ou “Que absurdo!”. Elas indicam uma oposição entre o que nos parece razoável e o seu contrário, ou seja, entre o que consideramos correto ou incorreto. Mas, será que existem regras a serem seguidas no ato de pensar? Será que existe um modo de evitar erros quando pensamos e expressamos nossos pensamentos? Podemos afastar completamente as ideias e as conclusões absurdas?

Foi justamente a busca dessa possibilidade que deu origem à lógica como um método para raciocinar corretamente e, portanto, um instrumento para a filosofia e as ciências. Aristóteles organizou esse método na forma de um conjunto de regras para guiarem o raciocínio.

Levando em consideração a filosofia pré-socrática, mais precisamente o embate entre Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia, Aristóteles buscou na ontologia (metafísica) as bases para os princípios fundamentais que orientariam as regras lógicas usadas para o raciocínio.



Princípios Fundamentais:



Ao organizar a lógica (que primeiramente se chamava analítica), Aristóteles estabeleceu três princípios da realidade que deveriam ser observados também nos raciocínios. Por esse duplo aspecto, eles são conhecidos como Princípios lógico-ontológicos, sendo fundamentais para a Metafísica e também para a lógica de origem aristotélica. São eles:

Princípio de Identidade: Cada coisa possui uma essência própria, um modo de ser que permanece idêntico e pelo qual ela pode ser percebida, pensada, definida.

Princípio de não contradição: Uma coisa não pode, ao mesmo tempo, existir ou ser pensada como o que é e como o contrário de si mesma.

Princípio do terceiro excluído: Uma coisa será isso ou o contrário disso, não havendo uma terceira possibilidade.

Argumentação:



Recebe o nome de argumentação todo o procedimento que se destina a defender a verdade de uma afirmação, utilizando-se de motivos, indícios, evidencias e raciocínios. Ao argumentar, uma pessoa pode ter dois objetivos distintos que, por sua vez, serão alcançados por diferentes caminhos. O primeiro é obter a persuasão, ou seja, levar o interlocutor a uma crença subjetiva, pessoal, em uma dada afirmação. Muitas vezes, isso se realiza por meio da manipulação de emoções e de outras crenças também pessoais. O segundo é obter a convicção, ou seja, despertar a crença objetiva, universal, na verdade de uma afirmação. Nesse caso, utiliza-se a demonstração, ou seja, a prova dessa verdade, pelo encadeamento da afirmação com outras, reconhecidamente verdadeiras.



Argumentos: são uma série concatenada de afirmações com o fim de estabelecer uma proposição definida.

Existem dois tipos de argumentos: Dedutivos e Indutivos.

Argumentos Dedutivos: Esses são geralmente vistos como os mais precisos e persuasivos, provando categoricamente suas conclusões. Possuem três estágios: premissas, inferência e Conclusão. O argumento dedutivo parte de uma verdade universal e chega a uma verdade singular. Ex. O silogismo.

Ex. Todo o homem é mortal Þ Primeira premissa – Universal

       Sócrates é homem. Þ Segunda premissa – Particular

       Logo, Sócrates é mortal Þ Conclusão.  



Outro exemplo:

Só há fogo se houver oxigênio.

Na lua não há oxigênio.

Logo, na lua não pode haver fogo.



Argumentos Indutivos: É uma forma de raciocínio que geralmente parte de enunciados singulares e infere-se um enunciado universal.  O contrário do dedutivo, portanto.

Exemplo: Miguel e Rafaela são bons em matemática e jogam xadrez;

                Rodrigo joga xadrez;

                Então, Rodrigo é bom em matemática.



Outro exemplo:
 

   Os alunos do primeiro ano Lucas, Carla, Lauro e Letícia, são péssimos alunos de português. Logo todo o primeiro ano é péssimo em português.


A indução infere-se de casos particulares uma generalização.



Falácia: É um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que se alega. Em outras palavras, é um discurso sem a fundamentação lógica.



Fonte Consultada: Editora Positivo. Filosofia.





Dicas de Leitura:

-  Sabedoria das Palavras – Humberto Rodhen

Filosofia – Texto 12 – Filosofia e Mito.





Sabemos que a filosofia nasceu no século VII a.C. num contexto social em que se fazia mister uma análise da realidade de forma mais coerente e crítica longe da proposta mitológica que imperava na época, em que a explicação da realidade era contada através de mitos.

Um mito é uma narrativa, um conto, que hoje é relacionado com algo falso, não verdadeiro, mas já houve um tempo em que todo o conhecimento era transmitido através deles. O mito possuía duas características fundamentais: a primeira era a de explicar a realidade, os fenômenos naturais e a própria natureza humana; a segunda mantinha um caráter pedagógico, disciplinar e voltado para a educação social e moral.

Não obstante, o homem sempre foi um criador de mitos e de estórias e sempre usou essas narrativas para explicar o que não podia entender, ou aquilo de que se admirava.

Blaise Pascal, em sua sabedoria, talvez tenha sido o que melhor tenha definido o Ser Humano. Com grande clareza e propriedade afirma que “o pensamento faz a grandeza do homem”.[1]

O homem não passe de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para aniquilá-lo: um vapor, uma gota de água, bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o aniquilasse, o homem seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e conhece a vantagem que o universo tem sobre ele: o universo desconhece tudo isso[2].



Nossa dignidade consiste, portanto, no pensamento, na criação e na idealização de projetos. Essa característica fantástica fez todo o diferencial para o homem do paleolítico. A materialização de seus projetos, o planejamento e o trabalho transformaram o homem em Ser Humano, abrindo dessa forma, um leque de possibilidades para o seu desenvolvimento e compreensão de mundo.

E um dos mais belos frutos da construção sucessiva da natureza humana a partir de estágios subordinados da existência, é que se pode mostrar com que necessidade interna o homem, no mesmo instante que se tornou homem através da consciência do mundo e de si próprio e através da objetivação mesma de sua natureza psíquica, também precisou apreender a ideia formal de um ser supramundano infinito e absoluto[3]. E sendo assim, da mesma forma, se perceber como finito, limitado, susceptível ao tempo e a morte. Todas essas sensações juntamente com a tentativa de entender os processos da natureza à qual o homem sempre tentou dominar; ele torna-se também um criador: um criador de mitos, de alegorias, e conseqüentemente de religiões.

Karen Armstrong, em seu livro intitulado Breve história do mito, inicia da seguinte forma:

Os seres humanos sempre foram criadores de mitos. Arqueólogos escavaram túmulos do homem de Neandertal que continham armas, ferramentas e a ossada de um animal sacrificado; tudo isso sugere uma crença qualquer num mundo futuro similar àquele em que viviam. Os homens de Neandertal talvez tenham contado uns aos outros histórias a respeito da vida que o companheiro morto passou a levar. Sem dúvida refletiam a respeito da morte de um modo que outras criaturas não faziam[4].



O homem, ao contrário de outros animais, tem consciência da sua realidade, podendo refletir sobre a vida e a morte, temas centrais em toda e qualquer mitologia e circundante também em todas as religiões. Portanto, desde o Paleolítico o ser humano se distingue pela capacidade de ter pensamentos que transcendem sua experiência cotidiana.  Sendo assim, podemos ser categóricos em afirmar que o que separa o homem natural do homem cultural não é só a fabricação de instrumentos de trabalho, mas também a capacidade de imaginar, criar e contar estórias, de fabricar mitos na tentativa de explicar sua realidade.

Fator primordial para que essa realidade se concretizasse é o que chamamos de imaginação. A imaginação é essencialmente humana, sendo, portanto, exclusiva do homem. Essa faculdade de imaginar é considerada a base para todas as mitologias e religiões existentes[5]. Conhecendo a realidade estendida a sua volta, o homem pode se identificar com o meio, utilizando suas habilidades para transformá-lo. Mas nenhuma das habilidades tipicamente humana seriam possíveis sem a imaginação. Para que o homem pudesse construir o primeiro instrumento de trabalho foi preciso que primeiro ele imaginasse. Foi imaginando o resultado do corte que o homem lascou a primeira pedra para usá-la como faca, experimentando assim, algo totalmente novo. Outras tentativas levaram ao aperfeiçoamento, e de geração a geração esses ensinamentos foram transmitidos, originando o que conhecemos hoje como Cultura.

O homem como ser cultural pode dar sentido as coisas ao seu redor. Atribuir significados significa criar vínculos com as coisas. O homem primitivo criava esses vínculos com tudo o que era importante para o seu desenvolvimento e sobrevivência. Era dessa forma que o homem interagia com o meio, adaptando-se a ele e adaptando-o, respeitando e criando significados. A árvore que produzia o fruto, não era apenas uma árvore, mas algo superior, que podia gerar frutos que davam sustentação ao seu corpo. A caça não era simplesmente um animal a ser abatido, mas era algo mágico, que existia para fornecer carne, pele e osso ao grupo. As sementes que eram plantadas eram mais do que simples grãos; representava o movimento que gerava o alimento que os sustentavam. 

A cada atividade humana em que o homem se percebe como dependente da natureza a sua volta, evidencia-se sua pequenez fazendo-o perceber que existe algo muito maior que ele que emerge do universo. Essa sensação fez com que o homem, pela primeira vez, entrasse em contato com o que consideraria Sagrado.



O Período Cosmológico:



Levando tudo em consideração a evolução do pensamento humano até aquele momento, surgi o primeiro momento filosófico, o primeiro período da filosofia. Esse período tinha como preocupação as questões que envolviam a physis (physis), isto é, a natureza, não a pronta e acabada, mas a do grande Cosmos. Nesta perspectiva, os pensadores dessa época que eram conhecidos como Filósofos da Natureza ou ainda, Filósofos Pré-socráticos, buscavam a arché (arche), ou seja, um princípio único para todas as coisas existentes no mundo e no grande Cosmos.

As primeiras respostas para esse questionamento surgiram nas colônias gregas da Jônia, na Ásia menor, mais precisamente em Mileto, com a chamada Escola de Mileto. Essa escola tinha como representantes três pensadores: Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes.

Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo. Sua proeza foi a de ser o primeiro a dar uma resposta para o questionamento da época, ou seja, se existe um principio único (arché) para todas as coisas existentes. Sua resposta foi a água e suas diferentes variações físicas, como o estado sólido e o gasoso. No entanto, Tales foi incapaz de explicar o que gerava a mudança desses estados, a saber, o frio e o calor.

Levado pelas reflexões de Tales e pelo seu insucesso de responder acerca das mudanças do estado da água, através do frio e do calor (que não poderiam provir da água), Anaximandro trás para a si a responsabilidade de completar essa lacuna. Dessa forma, Anaximandro apresenta um novo e único elemento para explicar a realidade e todas as  coisas existentes: o Apeíron (apeiron)).

O Apeíron, que pode ser traduzido por Ilimitado, seria como uma grande força criadora de todas as coisas, inclusive dos contrários. Muitos associam esse Ilimitado a uma primeira ideia de Deus; uma comparação bastante plausível se considerarmos os termos propostos por Anaximandro.

De qualquer forma, o Apeíron, era um conceito sem sustentação e suscitava muitas dúvidas, dúvidas que levaram as contribuições de Anaxímenes.

Anaxímenes propôs algo que fosso conhecido, não sendo, portanto, abstrato demais, mas também não sendo tão palpável quanto a água. Por esse motivo ele surge como mediador entre Tales e Anaximandro e sua resposta a pergunta da Physis é o Ar. Segundo ele, tudo necessita do ar para viver e sendo assim ele é o princípio básico de todas as coisas existentes, dependendo de sua densidade o ar poderia ser qualquer coisa.

Percebe-se claramente com essas primeiras respostas, que são ingênuas, mas foram elas que abriram o leque de possibilidades para um questionamento racional da realidade e do cosmos.

 Outros pensadores pré-socráticos também deram sua contribuição:


Pitágoras de Samos: Números;

Empédocles: Água, terra, fogo e ar. Empédocles foi o primeiro a propor mais do que um elemento formador.

Anaxágoras: Homeomerias (opostos infinitamente pequenos), segundo esse pensador todas as coisas existentes eram formadas pelas homeomerias, que se juntavam para formar a coisas e depois se desprendiam para formar outras coisas. Assim, quando um ser vivo morria e deixava de existir, as homeomerias se separavam para se juntar a outros corpos. O interessante é que para exemplificar isso, Anaxágoras, observou um corpo em decomposição, a partir daí inferiu que se algo se decompõe, logo deve ser recompor novamente e assim todas as coisas passam a existir.

Demócrito de Abdera: Considerado o último dos filósofos Pré-socráticos. Demócrito foi o que mais se aproximou da verdade em relação ao surgimento de todas as coisas. Segundo ele, todas as coisas são formadas por partículas microscopias e indivisíveis que se juntam para formar as coisas e, a exemplo de Anaxágoras, se separam quando a coisa deixa de existir para formar outra coisa. A essas partículas Demócrito chamava de Átomos. Hoje sabemos que realmente a matéria é formada por átomos, no entanto, essas partículas minúsculas são divisíveis.

Demócrito é digno de crédito e admiração, uma vez que não dispunha, em sua época, de nenhum aparelho para comprovar suas teorias, usando para isso somente sua razão.



Dica de Leitura:

- Heráclito e o seu (dis)Curso – Donaldo Schüller
- Pré-socráticos – José Cavalcante Souza.



[1] PASCAL, Blaise. Pensamentos. 2005, p.121.
[2] Ib. p. 122.
[3] CF. SCHELER, Max. A posição do homem no cosmos, 2003.
[4] ARMSTRONG, Karen. Breve Historia do mito. 2005, p.7.
[5] Cf. ARMSTRONG, Karen. Breve Historia do mito. 2005.

sexta-feira, 16 de março de 2012


Sociologia – Texto 9 – Karl Marx.



Marx nasceu em Treves, província alemã do Reno, no dia 5 de maio de 1818 e faleceu em Londres no dia 14 de março de 1883.

Até Marx, era obscura a compreensão do funcionamento do sistema capitalista. Foi ele que, com a ajuda de Engels, mergulhou nos meandros do capital e conseguiu desvendá-los.



Você recebe um dinheirinho extra. Investe no fundo recomendado pelo gerente do banco e, a partir daí, esse dinheirinho começa a aumentar. Se você não mexer nele, os juros podem até transformá-lo num dinheirão. E o banco, de dinheirão em dinheirão, vai enriquecendo mais e mais. Como isso acontece?

Hoje em dia é mais simples responder a essa pergunta. Há muito os especialistas desvendaram o funcionamento da economia. No século XIX, porém, o quadro era outro. A lógica do sistema capitalista era um enigma que muitos procuravam, em vão, deslindar. Via de regra, miravam o alvo errado. Foi preciso que um filósofo mergulhasse fundo nas águas nada límpidas do capitalismo para trazer à tona o seu mecanismo.

Esse filósofo chamava-se Karl Marx. Ele e Friedrich Engels – cujo artigo “esboço de uma crítica da economia política”, em que denuncia os economistas como espoliadores das qualidades humanas dos homens, marcou profundamente a opção teórica de Marx – revelaram, em suas obras, os meandros do capital.

Entre os dois pensadores nasceu uma aliança profícua. As conversas e os estudos de ambos deram frutos importantes como uma nova visão da teoria do valor; as teses da apropriação coletiva dos meios de produção; da mais-valia; da divisão de classes como produto da realidade capitalista e da luta de classes como motor da história; do golpe de Estado como recurso utilizado pela burguesia em crise; das formas que os velhos esquemas do capital assumem para continuar imperando.

A contribuição fundamental de Marx (e de Engels) à compreensão da realidade concreta encontra-se numa série de textos, dos quais O capital é o mais famoso. Para realizar a tarefa a que se propôs, porém, Marx teve uma vida de privações, exílio e perseguições. Muitas vezes seus seis filhos ficaram sem ter o que comer. Quando terminou de escrever Para a crítica da economia política, ele demorou para enviar os originais ao editor por falta de dinheiro para os selos. Engels socorria o amigo, que dedicava dias e noites à pesquisa e à elaboração de suas teorias, mas não conseguiu livrá-lo da pobreza crônica.

O resultado de tanto esforço nos beneficia até hoje. Pode-se não concordar com as soluções propostas por Marx, chamá-las de irreais ou considerar suas obras datadas. O que ninguém pode, em sã consciência, é negar a importância de seu trabalho para a compreensão do monstro mutante que ainda sufoca, explora e miserabiliza a esmagadora maioria dos habitantes deste planeta.



(Texto, retirado na íntegra do livro – Grandes filósofos – Biografia e Obras de Baby Abrão, da Editora Nova Cultural, 2005).



Teoria sociológica de Marx:



Marx foi um dos principais pensadores sociológicos existentes. Lançou bases e contribuições preciosas para a análise social e econômica. Suas reflexões surgiram após os eventos marcantes da Revolução Industrial que teve como conseqüência mais importante para os estudos vindouros, a consolidação do capitalismo.

Marx a partir dessas preliminares se empenhou para trabalhar as conseqüências desse sistema que estava se instaurando fortemente na Europa, e logo o identificou como contraditório. Essa contradição apontada por Marx é referente ao fato que no capitalismo, alguns poucos concentram muitas riquezas, enquanto muitos devem se satisfazer com pouco. Essa contradição que leva Marx a estruturar a sociedade e a analisar a estratificação social (a divisão da sociedade em classes sociais).

Sendo assim, Marx vê a sociedade através da sua historicidade, que segundo suas pesquisas sempre foi marcada pela luta de classes.

Levando isso em consideração, Karl Marx, vê a sociedade como duas estruturas bem definidas: Uma macroestrutura, que detém em suas posses o capital e os meios de produção, e uma infraestrutura, que depende do capital, precisando então, vender sua força de trabalho, trocando seus esforços por um salário.

Dessa forma, a Macroestrutura compra a força de trabalho, uma vez que possui o capital e os meios de produção e a Infraestrutura vende a força de trabalho, uma vez que precisa de um salário para sobreviver.

Essa relação é percebida em todas as sociedades, e essa estratificação social, na visão de Marx sempre será negativa, uma vez que é marcada por conflitos.

Esse conflito entre as duas classes existentes, a Macro e a Infra, é denominado por Marx de Luta de classes, e tem uma causa especifica, que é a taxa excedente não paga aos trabalhadores que fazem o produto a ser vendido. Essa taxa excedente é chamada de Mais-Valia, e representa o percentual não pago aos trabalhadores e tem como conseqüência o que Marx vai chamar de alienação. A alienação é um estranhamento por parte do trabalhador, em relação ao fruto do seu trabalho, ao produto final e ao lazer e a cultura.

O sistema capitalista, dessa forma, contraditório e injusto, e a divisão do trabalho e a estratificação social, irão se apresentar de forma negativa na visão marxista.


Foi relatada acima, de forma resumida, a idéia principal da teoria sociológica de Marx. Sua  análise, no entanto, é muito mais profunda e abrangente e deve ser olhada com cuidado e criticidade para não cometer erros dos quais muitos intérpretes já cometeram.



Dica de Leitura:

- O Capital – Karl Marx
- O manifesto do partido comunista – Marx e Engels.

Filosofia – Texto 11 – Sobre a Ética (Aristóteles).



A ética pode ser traduzida como a busca racional e emocional pela felicidade. O bem é a finalidade da ética, o respeito, é o seu maior representante. Não há como ser ético sem respeitar o outro, seu pensamento, sua história e suas posses.

Aristóteles vê em todas as Substâncias existentes uma causa final. Com a substância homem, não é diferente.

Segundo Aristóteles, o fim último do homem é a Felicidade, a eudaimonia e esta felicidade é alcançada com a realização das potencialidades da vida racional, a qual, por sua vez, corresponderia a máxima realização da essência humana.

Levando isso em consideração, o melhor meio p se atingir este fim, que é a felicidade, é o meio termo ou justa medida.

Esta justa medida (ou meio termo) é o equilíbrio das excelências morais. Segundo Aristóteles, o desequilíbrio, ou seja, o excesso ou a falta de alguma das excelências morais, faz com que o homem faça escolhas erradas prejudicando sua ação. A escolha certa vem da harmonia entre razão e emoção, entre a justa medida entre o excesso e a falta. A razão sem a emoção é fria; a emoção sem a razão é perigosa. A escolha correta vem da deliberação – o pensar que antecede o fazer.


Nesse sentido, Aristóteles alerta para que o homem reflita sobre suas escolhas e pratique a excelência moral, ou seja, a prática das virtudes, das ações virtuosas. O homem faz o bem quando prática o bem, saber o que é certo ou o que é bom não é o suficiente, deve-se praticar, treinar as excelências morais. Essa prática vai resultar bons resultados quando feita com deliberação, através da justa medida, do meio termo.

O hedonismo (a idéia que a felicidade vêm dos prazeres) não é vista com bons olhos por Aristóteles, nesse sentido, uma vez que representaria um excesso de prazer e, portanto, um desequilíbrio das excelências morais.


Outras formas de Felicidade:


Autarquia: Autosuficiência do indivíduo que consegue viver sem bens materiais e consegue ver a felicidade longe desses bens. A felicidade nesse caso seria a conseqüência da virtude e não das riquezas, honras e prazeres.
Ataraxia ou Apatia: Corresponde ao estado do homem constantemente imperturbável frente às emoções. Uma condição de tranqüilidade, no qual independentemente dos fatos, o indivíduo permanece inabalável, sem se deixar arrastar por alegrias e prazeres, nem por dores e tristezas. Nesse estado consistira a verdadeira felicidade.

Essas formas de felicidade, esses conceitos influenciaram várias correntes filosóficas que se estenderam durante o período do Helenismo, como o cinismo, o estoicismo e o epicurismo.



Dica de Leitura:


- O fim último do homem – Idalgo José Sangalli.

segunda-feira, 12 de março de 2012


Geografia – Texto 7 – Produção Agropecuária Brasileira:



Produção Agropecuária Brasileira:



A pecuária é uma atividade tradicional, relacionada à criação e produção de animais, tais como: bovinos, suíno, ovinos,caprinos, aves, peixes, etc. São diversas as finalidades da criação de animais, sendo as mais comuns o fornecimento de carne, leite, couro, lã, mas também serve como força de trabalho e meio de transporte. É uma atividade complementar à agricultura e, atualmente, devido às pressões do mercado internacional, tem se modernizado com a utilização de técnicas, como inseminação artificial, controle de doenças e de parasitas, monitoramento do crescimento e engorda, alimentação balanceada, etc. A ciência que se dedica ao estudo dos rebanhos é a Zootecnia.

A pecuária pode ser de dois tipos, a saber:

Criação extensiva – é aquela que apresenta baixa produtividade, densidade ou concentração de criação e cultivos associados por hectares, independentemente do tamanho da área de criação. O gado geralmente é solto nas pastagens.

Criação intensiva – apresenta elevada produtividade, concentração de criação e cultivos associados por hectare, independentemente do tamanho da área de criação. O gado geralmente é confinado, isto é, preso, e alimentado por ração.

Apesar do crescente aumento da produção, a agricultura brasileira apresenta baixa produtividade por hectare, em função do predomínio de tecnologias inadequadas, da concentração de terras e dos baixos preços obtidos pelos produtos agrícolas, tanto no país quanto no Exterior. As pequenas propriedades ocupam cerca de 14,7% da área total e empregam aproximadamente 78% da mão de obra rural. Já as grandes propriedades (área maior de 1000 ha) ocupam 57,4% da área total e empregam em torno de 4% da mão de obra, em função da mecanização. Os pequenos estabelecimentos foram os principais responsáveis pela produção de alimentos (suínos, aves, ovos, feijão, arroz), enquanto os grandes e médios se dedicaram aos gêneros de exportação (café, soja), à cana-de-açúcar para a produção de álcool ou à pecuária.

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de café, banana, mandioca, cana-de-açúcar, laranja, cacau, milho e soja. Também produz amendoim, fumo, algodão e arroz. O café, introduzido no país no século XVIII, adaptou-se aos solos da Região Centro-Sul (RJ e SP) graças a fertilidade da terra roxa, expandindo-se para o norte do Paraná e sul de Minas Gerais. A cana-de-açúcar teve sua cultura bastante aumentada na década de 1970, em função do Proálcool, programa governamental para a produção de álcool combustível. Áreas antes policultoras foram ocupadas pela monocultura de cana-de-açúcar, principalmente no interior paulista.

A produção de cacau está quase totalmente concentrada na região superúmida da Bahia, em Ilhéus e Itabuna. Nessa área, ele é cultivado em grandes propriedades. Os produtos de consumo interno são milho, arroz e feijão, que fazem parte da alimentação básica do brasileiro. Em caso de queda na produção desses alimentos, é necessário importá-los. O cultivo do milho ocupa quase 25% da área total cultivada do Brasil e é realizado em todas as unidades federativas do país.

A produção brasileira de arroz está entre as quinze maiores do mundo. No Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, é cultivado em áreas alagadas (arroz de várzea), destacando-se a Depressão Transversal (Vale do Jacuí), na Campanha e no litoral lagunar. Na região agrícola, formada pelo sudoeste de Goiás (segundo produtor nacional), Oeste Paulista e Triângulo Mineiro, cultiva-se o arroz de sequeiro (em terra seca), por meio de um sistema rotativo em que seu plantio é alternado com o cultivo de forrageiras para o gado.

O trigo é um cereal cujo plantio é próprio de climas temperados e sua produção concentra-se na Região Sul, principalmente no Paraná e no Rio Grande do Sul. Geralmente, o cultivo é feito em rotação com o cultivo de soja, em médias e grandes propriedades. Apesar disso, o Brasil importa mais da metade do trigo consumido no mercado interno. A soja, utilizada principalmente na produção de óleo comestível e na alimentação do gado, é cultivada em Mato Grosso, Paraná (principais produtores), Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Tocantins.

Os Estados Unidos é o maior produtor de carne bovina, ficando na segunda colocação a produção de carne brasileira. De acordo com os dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a alimentação e agricultura), em termos de quantidade de cabeças, o Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo (atrás somente da Índia) e o Terceiro maior de suínos e frangos (depois da China e dos EUA). A pecuária tem utilizado novas tecnologias, que permitem baratear o custo de produção. Tais tecnologias envolvem melhoramento genético, inseminação artificial, vacinas e controle de zoonoses.

Atualmente, as zonas pastoris mais importantes estão no Centro-Sul, onde predominam o gado leiteiro e os métodos científicos de criação. Na região do Pantanal, predomina a criação do gado zebu para corte. Os suínos são criados em todo o país, mas destaca-se a produção nos estados do Sul e dos Estados de Minas Gerais, Bahia e São Paulo, Maranhão e Goiás. Os ovinos são criados em quase todo o oeste do Rio Grande do Sul, na região de Alegrete, Dom Pedrito e Uruguaiana. Os caprinos predominam no Nordeste que detém 91,2% desse rebanho do país. Os maiores criadores de galináceos e ovos são os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento tem planos de tornar o Brasil o maior exportador de carne bovina do mundo. No entanto, terá de vencer o maior obstáculo a esse plano, que é a febre aftosa, doença altamente contagiosa, causada por vírus. Para erradicá-la, está investindo cerca de 30 milhões de reais em programas de controle dessa enfermidade.